<i>O que há de humano em nós</i>: livro e conferência no Festival Artes Vertentes

Publicada em 06/09/2016

Com tantos acontecimentos chocantes provocados pelo homem, volta e meia nos perguntamos: o que há de humano em nós? É essa a questão que o professor do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas da UFSJ (Dauap), Ricardo Coelho, levanta para reflexão com seu livro O que há de humano em nós. O lançamento acontece no Festival Artes Vertentes, em Tiradentes, juntamente com palestra homônima que será ministrada no dia 9, às 19h, no Centro Cultural Yves Alves.

Segundo o autor, a ideia para escrever a obra surgiu em seu período de doutorado. “Na verdade, eu não tinha proposta alguma de escrever um livro, mas durante o doutorado me questionei a respeito das coisas que me importavam.” Após ter visto, durante uma visita à exposição World Press Photo 2007, em São Paulo, uma imagem de Oded Balilty (fotógrafo de Israel) na qual uma judia do assentamento de Amona enfrentava sozinha as tropas de Israel, e sobrepondo, em sua mente, à gravura de Francisco de Goya (pintor da Espanha) intitulada "Y Son Fieras", Ricardo decidiu que um dia escreveria sobre elas. “Não havia explicação, mas elas pareciam pertencer a uma mesma família,  que cresceu em muitas analogias nas mais de 100 representações presentes no livro”, afirma.

O lançamento faz parte das atividades do Ciclo de Ideias, que trazem uma série de debates, palestras e valem como curso de extensão para alunos da UFSJ. Cada exemplar custará R$ 20 e pode ser adquirido durante os 11 dias de festival. A renda arrecadada custeará as ações culturais e educativas do evento. “Essas atividades, como por exemplo de música e artes visuais, são realizadas ao longo do ano com crianças e adolescentes de Tiradentes. É importante quando um evento pontual estende suas ações de forma continuada ao longo do ano”, explica Ricardo.

Questionado sobre o que há de humano em nós, Ricardo pondera: “Essa não é uma resposta fácil, mas arrisco a dizer que não apenas o conteúdo do livro, mas o que será exibido e discutido durante o Festival Artes Vertentes, apontam numa direção surpreendente: os parâmetros sociais, políticos, científicos e culturais indicam a fragilidade de nossa própria espécie, principalmente quando as ações humanas são revestidas pela ilusória noção de verdade, ou, se preferirmos, quando essas noções de verdade servem como justificação para uma espécie de 'loucura lúcida', pondo em xeque a nossa própria existência na Terra.”

Artes Vertentes

Entre 8 e 18 de setembro, Tiradentes e São João del-Rei recebem o Festival Artes Vertentes. O tema desta edição é o “Elogio à Loucura” e a homenageada será Nise da Silveira, psiquiatra brasileira que batalhou pelo fim dos tratamentos agressivos impostos aos pacientes diagnosticados com transtornos mentais. São mais de 50 atividades nos campos das Artes Visuais e Cênicas, Cinema, Música e Literatura. Este ano, a Universidade Federal de São João del-Rei entra no circuito, abrigando atividades no Centro Cultural UFSJ e promovendo ações em parceria com o festival, como o Ciclo de Ideias. A programação completa está disponível em artesvertentes.com.br