Precisamos falar sobre a Web (e plataformas computacionais)

Publicada em 11/07/2017

“É esperado para as próximas décadas, talvez por volta de 2040 ou 2050, o momento em que o poder da inteligência artificial em plataformas computacionais irá superar ao de todos os seres humanos”. É o que diz o professor do departamento de Ciências da Computação da UFSJ, Dárlinton Carvalho. Por isso, ele considera “fundamental para a sobrevivência humana entender os mecanismos de funcionamento das plataformas computacionais, especialmente as centradas na web”.

A revelação do professor pode até ser preocupante para quem assistiu aos filmes da franquia Exterminador do Futuro, mas Dárlinton revela que o uso de plataformas digitais será (e já é!) enriquecedor para o ser humano, se soubermos nos relacionar com elas. “A tecnologia disponível atualmente é capaz de reduzir a distância de comunicação entre pessoas em qualquer lugar do mundo instantaneamente a um clique, ou mesmo viabilizar uma comunicação constante entre familiares, mesmo em número considerável e residindo em cidades diferentes, por meio de grupos no Whatsapp”.

A boa relação dos usuários com o uso de plataformas computacionais é colocada por Dárlinton como essencial para a evolução de uma tecnologia em constante transformação e inovação. Desde os anos 80, quando foi criada, a web passa por frequentes revoluções, como a bolha econômica nos anos 90 (causada pela euforia desmedida pelo e-commerce), a Web 2.0 (também conhecida como web social) e a recente Web 3.0 (conhecida como web semântica).

Segundo ele, é necessário ensinar a ciência da computação para as crianças na escola, assim como o presidente Barack Obama fez durante seu mandato nos Estados Unidos. “Considere por exemplo dois extremos, um usuário passivo que apenas aceita aquilo que os sistemas computacionais lhe oferecem, e o hacker, capaz de abusar das plataformas computacionais para realizar desejos como um gênio da lâmpada. Vinton Cerf, um dos criadores da internet, diz que, mesmo se o aluno não for seguir carreira na área de ciência da computação, o desenvolvimento do pensamento computacional irá lhe proporcionar diversas habilidades para ser um profissional melhor em qualquer área no futuro”, conta ele.

A proposta, explica, não é a formação de hackers, “mas a capacitação para que as pessoas possam ir além de ser meros usuários”. Ou seja, além de assistirem a vídeos no YouTube, jogarem jogos eletrônicos, fazerem compras on-line e outras atividades de consumidores, devemos pensar em capacitação e formação “para que as pessoas sejam capazes de produzir sistemas e plataformas computacionais e sejam protagonistas na criação de soluções para a melhoria da sociedade e do seu bem-estar”.

Seminário na UFSJ

Avaliações como as do professor Dárlinton causam diversos debates no ambiente da ciência da computação. Um dos espaços de debate é a própria UFSJ, que, entre 30 de agosto e 1º de setembro, promove o Seminário de Pesquisa e Desenvolvimento de Plataformas Computacionais Centradas na Web.

A programação já está no site do evento, seminario.websys.online. O evento recebe convidados do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)