Extensão da UFSJ promove oficinas em escola de Tiradentes

Publicada em 22/09/2017

O projeto “Psicologia Escolar e Comunidade de Aprendizagem” promove ações de extensão na Escola Municipal João Pio, em Tiradentes. Aprovado neste ano, o projeto surgiu a partir do programa interdisciplinar do curso de Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o Psicoeducar, que realiza trabalhos em escolas de São João, propondo oficinas que abrangem diversas áreas, como matemática, inglês e informática.

Na Escola João Pio, as atividades partem do princípio do “ensino coletivo”. É o que explica, a bolsista Joyce Ribeiro: “É muito legal, é um projeto que me encantou. Tanto na teoria quanto na prática é muito bonito”, elogia. Joyce ressalta que, na vida acadêmica, nem sempre é assim, “tem esse distanciamento entre prática e teoria, e aqui não, aqui a teoria é realmente aplicada na prática, pelas professoras. Elas foram preparadas a agir dessa maneira diferenciada com os alunos”.

As crianças, explica a bolsista, têm interesse, curiosidade de aprender, fazer parte da comunidade. “Estou gostando muito de estar aqui e espero ajudar alunos e professores, colocar um tijolinho aqui, sabe?” Joyce se mostra preocupada com o momento da escola e tem esperança de que ela “volte a ser a escola que era antes, cheia de alunos, professores motivados e que tenha cada vez mais visibilidade e mais reconhecimento da prefeitura, dos órgãos públicos”.

Vamos entender um pouco mais, então, do modelo que era seguido pela João Pio e que, embora desarticulado hoje, ainda recebem apoio das atividades extensionistas da UFSJ?

Um modelo dinâmico...

Maria do Carmo é educadora há 21 anos na João Pio. Para ela, “o método de ensino da escola é mais aberto. Pegávamos um pouco de cada uma de nós para atender aos nossos alunos”. Ela destaca que, em 2013, foi proposta a implementação da filosofia da Escola da Ponte, de Portugal e que, junto com a então secretária de Educação, foi para aquele país, onde participou por uma semana de vivência. Ao voltar, adequaram a metodologia para a realidade local.

Na escola, explica, não há separação entre turmas de um, dois e três anos, por exemplo. A divisão é conforme o desenvolvimento de cada aluno. As crianças de seis e sete participam do Núcleo de Iniciação; as de oito e nove, do Núcleo de Desenvolvimento; e as menores de seis se adequam à Educação Infantil.

A educadora destaca, ainda, que, apesar de tais níveis serem definidos, era possível a movimentação de alunos de um nível para o outro, de acordo com o desenvolvimento. E isso, para Maria, “era muito bom”.

As crianças desenvolviam também um planejamento semanal individual, que pautava os trabalhos conforme os interesses de cada aluno. Eram desenvolvidos projetos que a própria criança escolhia para estudar, como uma produção, arte, entre outros.

… e os momentos de incerteza

Maria do Carmo destaca que, por três anos, trabalhou-se dessa forma na João Pio. Questões políticas, entretanto, levaram a escola a perder parte de seus alunos e mudar o sistema escolar. “Nós começamos com 24 crianças, depois a gente foi para 50 e, em 2016, a gente tinha quase 70. A cada ano foi aumentando, e com isso a demanda de funcionários também aumentava”, explica.

Com os gastos crescentes e a mudança de administração municipal de Tiradentes após as últimas eleições, o futuro da escola ficou incerto. O resultado foi a redução de alunos e consequente redução de professores. “No momento, estamos com 17 alunos. Isso desanimou, foi uma mudança negativa para todos com o encerramento do projeto. As crianças ficavam 9 horas na escola, tínhamos cinco refeições por dia. A vida da gente mudou, imagina a vida das crianças.”

Extensão na escola: “não perdemos as oficinas”

Para Maria do Carmo, a atuação da UFSJ na escola é essencial, pois, assim, “não perdemos as oficinas”. São atividades de diversas áreas, que vão de matemática ao inglês, passando pela informática. Ao mesmo tempo que a equipe promove as oficinas, também observa os interesses das crianças e planeja as atividades futuras.

Maria do Carmo explica que o trabalho com os alunos é feito “de forma diferenciada, com atendimento individual”. A professora lamenta que não tenham mais o mesmo tempo disponível de outrora para trabalhar com as crianças, mas, com o apoio da UFSJ, as oficinas continuam sendo oferecidas todos os dias. “A gente não perdeu essa parceria com a Universidade, que é muito positiva”.

Todas as sextas-feiras, o site de notícias da UFSJ traz o Comunica Extensão, com novidades sobre as ações extensionistas da nossa Universidade. Acompanhe!