Precisamos falar sobre a AIDS

Publicada em 01/12/2017

Dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Combate à AIDS

No primeiro dia de dezembro, o mundo se volta para a conscientização e a importância da prevenção à AIDS. Em 2016, cerca de 36,7 milhões de pessoas viviam com AIDS. E todos os dias, mais cinco mil casos eram diagnosticados. Por essas e outras, precisamos falar dos tabus acerca da doença.

O Grupo HI-Vita de Prevenção à AIDS, do Centro de Testagem e Aconselhamento da Secretaria Municipal de Saúde (CTA), e o PSF (Programa Saúde da Família), em parceria com a UFSJ, promoveram nesta sexta palestra com o infectologista Américo Calzavara, no Salão São Caetano, bairro Tejuco, para distribuição de material informativo, que norteou o debate sobre o HIV. Ao longo de todo dia 1º, voluntários do HI-Vita distribuíram folders nos três campi da UFSJ e no Uniptan (Centro Universitário Presidente Tancredo Neves), em São João del-Rei.
No Brasil, estima-se que existam 630 mil pessoas vivendo com o HIV. Estudo publicado em 2014 indica que a maior parte dos novos casos de infecção pelo vírus, no país, concentram-se em pessoas que se consideram heterossexuais (67,5%), principalmente mulheres.

O diagnóstico da doença pode ser feito por meio de testes rápidos, distribuídos gratuitamente pelos serviços de saúde da rede pública em todo o território nacional, que permitem a detecção de anticorpos contra o HIV, presentes no sangue do paciente. O teste demora menos que 30 minutos, o que facilita todo o processo de pré e pós-testagem, aconselhamento e início do tratamento.

Informe-se, atualize-se e saia do ciclo de preconceito
A AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome - em português, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foi observada pela primeira vez há mais de 35 anos, nos Estados Unidos. Os casos iniciais ocorreram em grupos de usuários de drogas injetáveis e de homens homossexuais que estavam com imunidade comprometida. A história de como a AIDS foi descoberta, e a forma com que a sociedade passou a tratar àqueles que são soropositivos estabeleceu uma série de preconceitos e silêncios sobre a doença.

O lugar social a que o vírus HIV foi relegado contribuiu para estigmatizar a doença como “câncer gay”; a AIDS passou a ser tratada como sinônimo de conduta imoral, símbolo de comportamentos vulgares e libertinos. Se a doença se manifestasse inicialmente em crianças ou idosos, a relação social provavelmente seria diferente. A conscientização se mostra cada vez mais importante para a desconstrução das falsas premissas em torno da doença.

Não se desenvolve AIDS apenas ao conviver socialmente. Não se desenvolve AIDS ao apertar a mão, ao abraçar ou ao compartilhar copos, garfos, colheres. Não se “pega” AIDS pela saliva e nem pelas lágrimas. As principais formas de transmissão do vírus são: relações sexuais sem o uso de preservativo, transfusões de sangue contaminado, agulhas compartilhadas e de mãe para filho - durante a gravidez, o parto ou a amamentação. O estigma e os signos associados à doença fazem com que muitas pessoas evitem fazer o teste clínico, o que deixa 30% dos soropositivos no escuro, desconhecedores de sua condição sorológica. Assim também se perpetua a doença.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2012, 86,3% das mulheres soropositivas foram infectadas por meio de relações heterossexuais, o que leva o debate para o campo das discussões de opressão de gênero. Por toda a persistente configuração da sociedade patriarcal, as mulheres têm menos poder e direito de reivindicar o uso de preservativos, sendo, consequentemente, mais uma vez violentadas quanto aos direitos sobre o próprio corpo.
Ainda não foi encontrada a cura para a AIDS; porém, os avanços da Medicina conseguem confortar quem convive com o vírus, garantindo uma vida completamente normal aos soropositivos. Entender e se conscientizar é a melhor forma de prevenção. Desconstruir tabus ajuda a diminuir o preconceito e a melhorar a vida em comum.