Do campo à mesa

Publicada em 06/06/2018 - Fonte: ASCOM

Na semana dedicada a celebrar (e refletir sobre) o meio ambiente, destacamos a importância do consumo de alimentos da agricultura familiar e o Dia de Feira, iniciativa promovida pela Universidade Federal de São João del-Rei

Teve início em março deste ano, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o projeto de extensão “Dia de Feira”. Desde então, todas as quintas-feiras, das 9h às 13h, o pátio central do Campus Santo Antônio se transforma num espaço para comercialização de alimentos cultivados sem agrotóxicos. São vendidos legumes, verduras e frutas, conforme a sazonalidade, entre outros produtos. A Feira de Agroecologia e Economia Solidária tem como objetivo estimular uma alimentação mais saudável, valorizando a produção agroecológica no Campo das Vertentes.

É a partir de iniciativas como essas que os produtos orgânicos entram cada vez mais na vida das pessoas, incentivando um viver mais saudável e longe dos produtos industrializados vendidos em supermercados. Vale ressaltar que o Campus Sete Lagoas da UFSJ também tem sua feira agroecológica, a Feira Semente Boa, todas as terças feiras, das 11h às 14h.

“Dia de Feira” é uma iniciativa do Núcleo de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, em parceria com a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), com o Fórum de Economia Popular Solidária de São João del-Rei e o Fórum Regional de Economia Popular Solidária.

A feira

As feiras agroecológicas, como as que acontecem em São João del-Rei, se opõem ao modo de produção rural habitual, propondo uma nova forma de pensar em agricultura. Porém, competir com o mercado não é uma tarefa fácil. É nesse cenário, portanto, que surge, na cidade, o Dia de Feira, como um incentivo dos produtores à população para mudanças de hábitos e consumo consciente.

Uma das propostas da Feira é levar benefícios à saúde dos indivíduos. Para isso, os alimentos devem se adequar às normas de uso sustentável do meio ambiente, priorizando a diminuição de contaminantes físicos, químicos e biológicos. Os produtores participantes do Dia de Feira estão em processo de certificação dos produtos de origem vegetal sob o selo Sem Agrotóxico (SAT). A certificação é oferecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para sistemas isentos de agrotóxicos em qualquer fase.

Segundo a nutricionista da UFSJ e coordenadora do projeto, Camila Negreiros Gobira, o Dia de Feira ganha importância por envolver questões sociais, ambientais e de saúde, ao fortalecer a agricultura familiar, capaz de enriquecer a cultura de alimentos orgânicos. “O projeto vai assegurar que a distribuição e a aquisição dos produtos ocorram diretamente dos agricultores da região. Com isso, queremos incentivar a prática da agricultura familiar e suas vertentes sustentáveis, além de agregar valor à renda dos envolvidos, de modo a fortalecer a economia local e a qualidade de vida dos produtores e frequentadores da feira”, afirmou.

Felipe Braga é designer gráfico e trabalha com agricultura sintrópica em São João del-Rei há mais de três anos. A agricultura sintrópica ou agrofloresta é pautada no “reuso” da natureza, na recuperação de seus recursos como contraponto à exploração promovida por outros métodos de produção. Felipe vende seus produtos na Feira do Campus Santo Antônio e na Feira Orgânica do Coreto, que acontece todo sábado pela manhã. Cansado do caos urbano, Felipe decidiu começar uma produção sustentável, com consciência ambiental, um sistema sem resíduos. “Quando comecei a pesquisar, descobri o conceito da agrofloresta e me interessei sobre o assunto. Fui até Brasília, a uma fazenda que é referência do trabalho orgânico florestal, e lá fiz um curso de treinamento. Voltei há alguns anos e estou aos poucos fazendo esse trabalho”, comentou.

A feira agroecológica possui importância para públicos de todas as idades. Dona Dalva Correa, aposentada, costuma frequentá-la mesmo tendo acesso a uma roça em São João del-Rei, já que encontra a variedade de produtos que procura. “Acho ótimo ter orgânico disponível. Apesar de eu ter disponibilidade para ir à roça. aqui na feira tem mais variedade”. Ela também comenta que os produtos ajudam a “fugir dos supermercados e dos agrotóxicos”, e finaliza: “a feira cumpre o papel dela e está crescendo bastante!”

Agricultura familiar

A agricultura familiar é um dos meios de cultivo de alimentos mais diretamente relacionado à sustentabilidade. A policultura, uma das características dessa forma de produção, permite que esses alimentos saudáveis por não usarem agrotóxico tenham, ainda, variedade.

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a agricultura familiar está em quase 85% das propriedades rurais do Brasil e mais da metade desse número está presente na região nordeste do país.

Para Felipe Braga, a agricultura familiar é importante na saúde, tanto dos produtores quanto dos consumidores. Ao contrário do agronegócio, que utiliza produtos químicos, a agricultura familiar ou orgânica passa por um processo mais lento de produção, mas sem o uso de agrotóxicos. “Quem consome produtos realmente naturais tem uma qualidade de vida muito melhor, além da importância socioambiental. É uma forma de mudar a realidade do mundo de dentro pra fora.”, afirma o agricultor. 

Todas as sextas-feiras, o site de notícias da UFSJ traz o Comunica Extensão, com novidades sobre as ações extensionistas da nossa Universidade. Esta semana, excepcionalmente, estamos publicando o Comunica Extensão também na quarta-feira, em virtude das celebrações da Semana do Meio Ambiente. Acompanhe!