Pesquisa aponta impactos na saúde de jovens que estudam e trabalham

Publicada em 12/12/2018 - Fonte: ASCOM

Ter de conciliar trabalho e estudo faz parte da rotina de muitos jovens no País. E essa sobrecarga de atividades podem levar ao desenvolvimento de problemas de saúde, além de manter um ciclo de pobreza. É o que aponta estudo feito pela professora de Enfermagem da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Elen Menezes, desenvolvido em tese de doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e agora presente no livro “Fortalecimento e desgaste na saúde de jovens que trabalham e estudam”.

O estudo foi feito com 83 jovens de escola pública de Divinópolis (MG) que trabalham durante o dia e cursam o Ensino Médio à noite. Das 73 respostas válidas em relação aos vínculos empregatícios, 50 deles (60,2%) têm carteira de trabalho assinada, 10 (12%) participam do Programa “Jovem Aprendiz”, um (1,2%) faz estágio remunerado, oito (9,65%) informaram “outro” vínculo empregatício e quatro (4,8%) não trabalham.

Sobre a jornada semanal de trabalho, foi identificado que 28 estudantes (33,7%) trabalham 44 horas semanais (33,7%), 17 (20,5%) têm jornada de 40 horas, dois (2,4%) de 30 horas (dois 2,4%), sete (8,4%) de 20 horas: (sete, 8,4%), sete (8,4%) possuem horário flexível e 11 (13,3%) informaram outras cargas horárias semanais entre cinco e 50  horas.

Conexão
“A análise mostrou muitas questões que poderão levar a comprometimentos da saúde em uma fase mais avançada da idade e nem sempre se faz uma conexão entre tais problemas que surgem tardiamente com sua origem na juventude”, comenta a professora.

Um dos principais problemas apontados foi a ausência de descanso. “As repercussões da insuficiência de horas de sono são variadas, como redução da atenção e do desempenho cognitivo, aumento da sonolência diurna excessiva, excesso de peso corporal, dificuldades de aprendizagem”, afirma o estudo.

Além disso, há uma dualidade observada na pesquisa: o fato de possuírem uma renda possibilita a esses jovens usufruírem de atividades de lazer; entretanto, a falta de tempo livre acaba limitando isso.

Apesar de a sobrecarga de atividades não se refletir em alto índice de evasão escolar - apenas seis alunos (7,2%) tinham abandonado a escola pelo menos uma vez -, mais da metade deles (45 alunos/54,2%) já repetiram de ano. Elen Menezes defende, assim, o desenvolvimento de “políticas, programas e ações, inclusive de saúde, que estejam de acordo as especificidades desse grupo”.

Ciclo de pobreza
A pesquisadora observou ainda que a maior parte dos jovens avaliados moram na periferia da cidade e são oriundos de famílias pobres, com baixa escolarização e em profissões de baixa qualificação. Quanto ao salário mensal, 41 estudantes (49,4%) declararam receber um salário mínimo, 32 (38,6%) de um a 1,5 salário mínimo e quatro de 1,5 a três salários mínimos (4,8%).  

 

Veja outros dados da pesquisa

-  Atividades desenvolvidas pelos alunos
17 estudantes: setor de serviços;
17 estudantes: atividades administrativas;
Cinco estudantes: produção de bens e serviços industriais;
Três estudantes: empresários;
Dois estudantes: técnicos de nível médio;
14 estudantes: outras atividades.

- O ingresso na Universidade é uma meta para 75 alunos (90,4%); oito (9,6%) não se decidiram quanto à continuidade dos estudos.