As mulheres na extensão da UFSJ: Virgínia Junqueira Oliveira

Publicada em 26/03/2019

A Assessoria de Comunicação e o Setor de Apoio ao Servidor (Seaps/Progp) da UFSJ prepararam uma campanha para celebrar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Foram selecionados projetos de extensão coordenados por mulheres e destinados ao público feminino. Durante o mês de março, o site de notícias e as redes sociais da UFSJ publicam informações sobre cada um desses projetos e de suas coordenadoras.

As mulheres na extensão da UFSJ: Virgínia Junqueira Oliveira
Mulher, ativista do parto normal há 19 anos, enfermeira obstetra, professora e pesquisadora.

Experiência de parto

“Inquieta-me a forma como são construídas as relações entre a mulher e o profissional de saúde na sala de parto. Na maternidade, sempre me deparei com questões que me causavam indignação e constrangimento, e vinham em desencontro à minha prática profissional. Condutas, procedimentos e ações realizadas na assistência ao parto, por serem tão comuns e rotineiras na prática profissional de saúde, tornaram-se essenciais ou indispensáveis ao processo de parto, não sendo consideradas agressivas, desrespeitosas e, muito menos, violentas, nem pelas mulheres, nem por seus familiares.”

Do trabalho de campo ao projeto de extensão

“Durante o trabalho de campo na minha pesquisa de doutorado, ao realizar a observação da assistência à mulher no pré-parto, parto e puerpério, em diferentes maternidades da região, pude perceber a necessidade de paciência por parte da equipe, para deixar que o processo se desencadeasse por si. Sabe-se que no parto, em alguns momentos, não há o que ser feito, tudo tem um tempo de acontecer. O corpo tem seu próprio ritmo, até chegar às condições necessárias para o nascimento.”

Considerando a problemática da realização de um parto seguro nos cenários de assistência à saúde da mulher, com a utilização de práticas baseadas em evidências científicas, o projeto de extensão Parto Seguro tem como objetivo "avaliar a implementação de boas práticas na condução do trabalho de parto e parto, no pré-natal, nas maternidades de municípios de pequeno porte da região Centro-Oeste de Minas Gerais.”

Projeto em ação

“Uma média de 100 a 200 mulheres são atendidas mensalmente pelo projeto. Nossas ações são pontuais, apresentando como contribuição principal o confronto do discurso vigente nas propostas de humanização com a prática que o profissional institui no exercício de sua profissão. Espera-se que essa estratégia possibilite a reflexão do processo de humanização do parto e nascimento norteado pelas Políticas Públicas de Saúde, e pela incorporação de valores e princípios essenciais ao cuidado humano, sem nos limitarmos apenas ao discurso teórico.

A equipe de trabalho do Programa Parto Seguro deseja que, em seu segundo ano de trabalho, possamos dar continuidade às atividades de extensão, abrangendo um número maior de alunos e mulheres, de forma a contribuir para uma assistência mais humanizada e respeitosa no momento do parto e nascimento.”

Caminhos futuros

“A análise, tecida a partir do primeiro ano de trabalho em nosso Programa, permite inferir que não existe um único caminho para promover a qualificação e as mudanças necessárias para efetivar a humanização do processo de parto e nascimento. Pois estamos lidando com questões complexas, tanto do ponto de vista da estrutura dos serviços, como tomadas de decisões políticas, bem como da incorporação de valores subjetivos, formativos e de capacitação pelos profissionais de saúde.”


O sensível e o insensível na sala de parto

por Virgínia Junqueira Oliveira

Gente gera afetividade, sexualidade e sensibilidade.
Barriga à mostra, alma exposta, explode humanidade.
Nasce do parto, pare da alma e na calma.
Cuidado com essa gente que pare.
Cuidado com cada palavra dita, antes de dizer, reflita...
A insensatez que você faz
Dói, apaga, marca, belisca, espreme de uma só vez.
Se você não consegue ver, sentir a delicadeza
Ter cuidado com a prenhez
Gere a sensatez.
Ela nasce de dentro, se ancora ali
Na sensibilidade da pele, do olhar pela primeira vez.
A insensibilidade nasce da intolerância, gera violência e dói.
Dói muito, dói em mim, dói em você, dói em quem vê!
Se você não vê, ou não quer ver, ou não tem nada a dizer
Adentre o silêncio dentro de você.
Olhe pra ver, pra sentir, pra encontrar
A sensibilidade
Que tá na pele, na dor, na barriga, além da perneira.
Corre no sangue, corre no corpo, aparece na alma.
Corre a alma e tá na calma.
Alma que se escancara na sua cara
Na cara de quem tá de cara com o que vê
Que fica sem voz, que guarda na alma, que sente na pele.
Que não tem calma porque sente dor na alma.
Gente que não pode ver nascer,
Mas pode padecer pra parir
E nascer na estupidez
Da insensatez do outro, que não quer ver nascer o amor