Brasil elimina a transmissão da filariose humana

Publicada em 09/05/2019 - Fonte: ASCOM

Segundo o professor da UFSJ Gilberto Fontes, que há 30 anos pesquisa a doença, o País deve receber o certificado da OMS já em 2020. Dados serão apresentados no I Simpósio de Medicina Tropical e Doenças Negligenciadas do Centro-Oeste Mineiro

Após décadas de combate à filariose humana, o Brasil conseguiu eliminar a transmissão da doença. É o que aponta o professor do Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO/UFSJ), Gilberto Fontes, que há 30 anos desenvolve pesquisas sobre a doença, sendo inclusive consultor do Ministério da Saúde e da Organização Pan Americana da Saúde (Opas).

A filariose, em casos avançados e sem tratamento, pode levar a um quadro de elefantíase (https://g.co/kgs/oG529j), com aumento do volume das pernas e do saco escrotal (em homens).

Segundo o docente, as últimas áreas endêmicas do País - localizadas em municípios pernambucanos como Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes - não registram, nos últimos cinco anos, casos de transmissão de filariose. Por isso, ele e outros pesquisadores já preparam um dossiê que será encaminhado, pelo Governo Federal, à Organização Mundial de Saúde (OMS), solicitando que o Brasil receba o certificado do fim da transmissão da doença.

Os dados serão apresentados durante o I Simpósio de Medicina Tropical e Doenças Negligenciadas do Centro-Oeste Mineiro (ver programação completa), que ocorre nos dias 13 e 14 de maio e também discutirá temas como a esquistossomose e perspectivas de controle, com a participação de pesquisadores da Fiocruz.

?Essa doença (filariose) foi muito severa no Brasil na década de 1950. De Porto Alegre a Manaus, a gente encontrava muitas áreas endêmicas?, explica Gilberto Fontes. Ele ressalta que, desde 1997, a OMS tem uma proposta de eliminar a doença do globo terrestre.

A filariose tem tratamento e cura, com medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde. Entretanto, nos casos que avançam para elefantíase, não há reversão dos danos provocados. A transmissão ocorre por meio da picada de pernilongos (culex) somente entre seres humanos.

Eliminar a transmissão ou erradicar a doença?

Os pesquisadores falam em eliminar a transmissão, pois, com o tratamento, os pacientes até então infectados deixam de ser hospedeiros da filariose. Entretanto, como há casos de pessoas que não reverteram os danos da doença (como na elefantíase), só será possível falar na erradicação da doença quando ocorrer a morte do último paciente que teve filariose.

Saiba mais

Três países da América Latina já possuem o certificado da OMS por eliminar a transmissão da doença: Costa Rica, Suriname e Trinidad e Tobago. 

Atualmente, há 100 milhões de pessoas infectadas com filariose, sendo que 45 milhões estão na Índia. Ainda há casos de países endêmicos na África e Ásia.