Feira Semente Boa promove a agricultura familiar e agroecologia no Campus Sete Lagoas

Publicada em 29/05/2019

Toda terça feira, de 11h a 13h30, o Campus Sete Lagoas da Universidade Federal de São João del-Rei se transforma numa grande feira agroecológica. Trata-se da Feira Semente Boa, iniciativa do Grupo de Estudos Guayi de Agroecologia, com apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) e que faz parte do Programa de Bolsa de Extensão (Pibex) da Universidade. Semanalmente cerca de dez agricultores participam e ajudam a promover interação entre o meio acadêmico e a sociedade.

A história da Semente Boa começou em 2017. A doação de um kit Feira à Associação dos Produtores da Horta Comunitária do Vapabuçu, intermediado pelo Guayi, possibilitou o início das atividades, que leva alimentos frescos direto da horta do trabalhador rural até a população da cidade. Segundo a aluna bolsista participante do projeto, Jéssica Stephanie de Paula, com a doação, a ideia de promover uma feira dentro da Universidade começou a tomar forma. “Decidimos inaugurar uma Feira Agroecológica experimental na semana do meio ambiente com a ajuda e parceria dos agricultores. A feira teve tanto sucesso que continuamos com o projeto experimental” lembra a aluna, destacando que os agricultores participantes eram os parceiros da Horta Comunitária Vapabuçu e aqueles que se mostraram interessados.

O professor Daniel Calbino Pinheiro, orientador do projeto, cita o fato de que atualmente, 350 famílias que produzem hortaliças e leguminosas por meio de um projeto de incentivo da prefeitura à agricultura familiar e que há dificuldade de escoamento dessa produção. Para o professor, a Feira auxilia na comercialização dos produtos das seis hortas comunitárias existentes na cidade de Sete Lagoas. Atender a essa demanda foi, segundo ele, “o primeiro motivo da existência da feira, que serve como canal de escoamento de parte dos produtos desta política da prefeitura para a Universidade, de modo que toda semana tem um produtor diferente participando das feiras.”

A formulação de um edital para a participação de feirantes no projeto foi o que possibilitou encontrar os produtores interessados e identificar as demandas. “Os agricultores familiares tiveram autonomia para se organizar entre si desde o começo do projeto e estabeleceram um rodízio para participação na feira”, detalha Jéssica.

Economia solidária e sem agrotóxicos

O projeto Feira Semente Boa aproxima o produtor da comunidade, quebrando a cadeia rotineira de produção em que assume somente a posição de fornecedor, distante do seu cliente. No evento, agricultores e agricultoras expõem e comercializam diversos produtos cultivados agroecologicamente, ou seja, sem agrotóxicos, como verduras, legumes, frutas e plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e quitandas. Os produtos, provenientes de agricultura familiar, tanto rural quanto urbana, também são comercializados com o intuito de promover a economia solidária.

A economia solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver sem que haja exploração do trabalho e de forma a preservar o meio ambiente. Esse método de autogestão vem se tornando uma alternativa de geração de trabalho e renda e um passo importante para a inclusão social de diversos segmentos da comunidade.

Outras atividades da Feira que fortalecem as relações sociais são o clube de trocas entre os alunos e as apresentações musicais que ocorrem uma vez ao mês. O professor Daniel reforça o caráter extensionista do projeto e a importância da feira no contexto local: “a feira estabelece esse elo direto que a gente chama de circuito curto de comercialização, e, mais do que isso, tem um papel antropológico no sentido de estabelecer uma relação de integração social para além do consumo”.

UFSJ e agricultores

A parceria entre a UFSJ e produtores reforça o importante papel da universidade pública na promoção de ensino, pesquisa e extensão, uma vez que a instituição se torna o canal de interação entre as partes e estimula a troca de conhecimento. O projeto beneficia dezenas de pessoas direta e indiretamente, desde os agricultores e suas famílias até os alunos bolsistas que trabalham e realizam pesquisas, aliando os conhecimentos acadêmicos aos adquiridos com os produtores.

O agricultor Justino Moreira da Costa, que participa da feira, salienta a importância da interação entre os produtores, os alunos e a Universidade: “a vinda deles aqui na horta dá mais experiência e permite um diálogo direto quando acontecem as apresentações de trabalho que são feitas dentro da horta, com soluções e resultados para nós. A Universidade veio para agregar valores e conhecimentos”, comenta Justino.