Produção de compostos bioativos in vitro: pesquisa da UFSJ utiliza espécies medicinais do Cerrado

Publicada em 27/06/2019 - Fonte: ASCOM

Os avanços na área de Biotecnologia Vegetal possibilitam que estudos sejam realizados com o cultivo de plantas in vitro, podendo trazer melhorias, por exemplo, para a agricultura e para o meio ambiente. Esse é o campo em que a professora Ana Hortência Fonseca Castro, do curso de Farmácia e orientadora dos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e Ciências Farmacêuticas da UFSJ, desenvolve suas pesquisas, mais especificamente com a produção de compostos bioativos in vitro.

Em sua pesquisa, são utilizadas “espécies medicinais do Cerrado brasileiro e, atualmente, em nosso laboratório trabalhamos com algumas espécies de pata-de-vaca, cipó-de-são-joão, ipezinho-de-jardim, barbatimão e leucena”, esclarece a pesquisadora. O método de plantio in vitro consiste em cultivar isoladamente órgãos, tecidos, células ou até mesmo plantas em ambiente asséptico com temperatura e luz controlada. Esse processo teve início na década de 1920, com o estudo sobre o metabolismo celular vegetal; entretanto, resultados mais significativos foram conquistados a partir de 1940 com a descoberta da doença “galha da coroa” (formação de galhas no tronco de plantas).

Atualmente, a professora Ana Hortência está realizando, em parceria com a professora Débora de Oliveira Lopes, um estudo sobre a expressão heteróloga de lectinas em Bauhinia holophylla. A pesquisadora explica que as lectinas “estão entre as substâncias que despertam grande interesse, visto seu amplo potencial biológico contra microrganismos, insetos, vírus e células tumorais. Quimicamente, as lectinas são caracterizadas como proteínas ou glicoproteínas de origem não imune.”

Com o objetivo de estudar formas alternativas de se produzirem lectinas de interesse medicinal e comercial de maneira sustentável, as pesquisadoras realizaram uma extensa investigação sobre o tema. “O processo de delineamento desse estudo se baseou em ampla revisão de literatura a respeito de lectinas de espécies da família Fabaceae. Bauhinia holophylla é uma espécie medicinal do Cerrado, pertencente a essa família; entretanto é muito pouco estudada”, explica a professora Ana.

A primeira etapa do trabalho, relacionada à produção de lectinas em calos, foi realizada pelo ex-aluno de mestrado Harley da Silva Tavares, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas/UFSJ. “A etapa molecular está em andamento e, até o momento, já foi possível clonar e expressar diferentes isoformas dessa lectina”, com a contribuição do mestrando Cássio Siqueira Souza Cassiano, da pós-doutoranda Marlúcia Souza Pádua Vilela e do professor Alexsandro Sobreira Galdino.

A pesquisa ainda está em andamento, mas os primeiros resultados já foram publicados, em 2018, na revista Plant Cell, Tissue and Organ Culture (PCTOC). Este trabalho rendeu à professora Ana, uma bolsa de produtividade em pesquisa, nível 2/ CNPq, em 2018.

Bolsista de produtividade

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) financia, pela modalidade bolsista de produtividade, pesquisadores em atividade no Brasil. O benefício tem por objetivo valorizar o pesquisador e a produção científica no país.

Esta reportagem faz parte de uma iniciativa de divulgação científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Prope).