UFSJ, Nasa e dez universidades estudam comportamento do fogo no cerrado

Publicada em 05/09/2019 - Fonte: ASCOM

Um grupo de professores da UFSJ participa de projeto científico internacional de mapeamento de ecossistemas florestais. Coordenado pela professora Carine Klauberg, do curso de Engenharia Florestal (Campus Sete Lagoas), o grupo realiza simulações de comportamento e propagação do fogo no bioma cerrado brasileiro, por meio de imagens e nuvem de pontos fornecidas por satélite lançado pela Nasa, a agência espacial americana. A pesquisa reúne equipes de mais seis universidades brasileiras, quatro espanholas e norte-americanas, além da própria Nasa e do Serviço Florestal dos Estados Unidos.

Ocupando uma área de 2.036.448 km², cerca de 22% do território brasileiro, o cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, incidindo sobre 13 estados, entre eles Minas Gerais. A riqueza de sua biodiversidade se expressa pela variedade de espécies catalogadas na região, seja de plantas (11.627), peixes (1.200) e mamíferos (199), de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. As queimadas são naturais do cerrado, explica Carine; o fogo faz parte do processo natural do bioma. A pesquisa em questão, todavia, não tem como foco avaliar a evolução das queimadas na região ao longo dos anos. “Vale lembrar, porém, que, de acordo com o Inpe, a média de focos e áreas queimadas, até o presente momento, são as mais elevadas dos últimos anos, e uma das principais causas é o incendiário”, salienta a professora.

Um dos objetivos do projeto é fornecer subsídios para o manejo integrado do fogo a partir de dados fornecidos pelo Gedi (Global Ecosystem Dynamics Investigation Lidar), desenvolvida pela Nasa e pela Universidade de Maryland, Estados Unidos, e também de dados do sistema GatorEye, que possui um sistema LiDAR e hiperspectral acoplado a um drone. Trata-se de um laser que faz o escaneamento destinado a monitorar ecossistemas florestais. O Gedi foi enviado à Estação Espacial Internacional no final do ano passado. Ele processa informações sobre a estrutura florestal, como altura das árvores e biomassa aérea.

Além disso, pretende-se avaliar se a tecnologia Gedi pode ser aplicada de forma eficiente no mapeamento de cargas de combustíveis superficiais e de copa das árvores, bem como testar tecnologias de simulação do comportamento e disseminação do fogo no cerrado. O projeto está na primeira fase, em que são executadas a calibragem e a validação de modelos matemáticos com dados do Gedi, simulados por meio de dados LiDAR e hiperespectral coletados por drone e inventário da carga de combustível. Em sequência, haverá o mapeamento das cargas de combustível superficial a cada 90 dias para toda a extensão do bioma, concluindo com a geração de simulações da propagação e comportamento do fogo e de um mapa de probabilidade de queima. Também será desenvolvido um sistema para compartilhamento de modelos matemáticos, mapas e das simulações geradas.

Carine Klauberg ressalta que ainda não é possível vislumbrar conclusões da pesquisa, mas que “uma vez compilados, esses dados serão a base para o manejo em áreas de cerrado, especialmente em unidades de conservação.” Além dela, participam do projeto, representando a UFSJ, os professores colaboradores Gustavo E. Marcatti e André Hirsh, ao lado do professor Renato Castro.