Patente é concedida à pesquisa da UFSJ e UFMG para novo tratamento de epilepsia

Publicada em 18/09/2019

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) concedeu patente de uma tecnologia para tratamento da epilepsia a partir de estudos desenvolvidos pelo professores das universidades mineiras Vinícius Rosa Cota (UFSJ) e Márcio Flávio Dutra Moraes (UFMG). 
 
Por meio da estimulação elétrica não periódica, os pesquisadores descobriram uma forma mais segura de controlar as crises convulsivas de pacientes que não respondem ao medicamento e não podem realizar cirurgia.
 
Classificada como Privilégio de Inovação (PI), a patente concedida faz referência a uma nova abordagem para a estimulação elétrica, tratamento já existente voltado para pessoas com epilepsia que não conseguem controlar as crises convulsivas com remédios e não podem ser encaminhados para cirurgia.
 
?Nós observamos a questão da estimulação elétrica pelo ponto de vista do sincronismo. Em vez de aplicarmos 100, 130, 200 ou até 300 pulsos no sistema nervoso do paciente para poder tratar eficientemente a epilepsia, nós conseguimos reduzir para quatro pulsos?, explica o professor do Departamento de Engenharia Elétrica (Depel-UFSJ) Vinícius Cota.
 
Cota diz que, além da pequena quantidade, os pulsos são não periódicos. ?A gente bagunçou esses pulsos dentro do segundo. Em vez de ser uma estimulação ritmada nos disparos, ela segue muito a desordem que existe na natureza. É como se a gente estivesse restituindo no cérebro sua atividade naturalmente desorganizada?, comenta. A aplicação desse microchoque elétrico ocorre por meio de um dispositivo implantável e age no sistema nervoso central, especificamente nas amígdalas cerebelosas (grupo de neurônios reguladores de emoções básicas).
 
Essa nova técnica é mais segura, uma vez que a carga de energia elétrica liberada é menor e a durabilidade do dispositivo é, portanto, maior, ressalta Vinícius. ?Uma série de efeitos decorrentes da passagem de corrente elétrica no tecido neural passam a ser minimizados, porque você está gastando apenas 1/25 da quantidade de pulsos que geralmente precisaria nas outras metodologias de estimulação elétrica?, completa.
 
Outra grande vantagem para o País é que é uma tecnologia brasileira, que começou a ser desenvolvida em 2006 na UFMG por Márcio Moraes, com parceria de Vinícius Cota, e é continuada atualmente no Laboratório Interdisciplinar de Neuroengenharia e Neurociências da UFSJ, coordenado por Cota. Com a carta patente, os dois pesquisadores e a UFMG têm a direito a exploração comercial desta invenção.
 
Quanto ao futuro da tecnologia, as possibilidades são variadas. De acordo com Vinícius, eles podem fazer parcerias com empresas para colocar esse modelo no mercado, ou incubar e aprimorar a estimulação elétrica não periódica, facilitando a vida das 40 mil pessoas com epilepsia em Minas Gerais que se sentem insatisfeitas com os atuais tratamentos.