Inclusão social como meta de formação

Publicada em 03/11/2020

O professor Antônio Luiz Ribeiro Sabariz, do Departamento de Engenharia Mecânica e Produção (Demep), nos deixou preocupados com essa entrevista pois, a despeito da costumeira prontidão para com nossos contatos, demorou quatro dias a nos dar retorno, tendo uma justificativa que explica o fato de ser personagem de recente composição de seus alunos, entre seguidas homenagens que recebe. “Peço-lhes desculpas, mas me desconectei temporariamente do telefone, com o propósito de focar no atendimento aos estudantes no Portal Didático devido ao período emergencial, e foi semana de provas e correção.” Na UFSJ desde 1989, se orgulha de seus anos de docência, do trabalho junto aos dinâmicos Grupos PET das Engenharias, do título de Cidadão Honorário de São João del-Rei (“Eu o trago no coração”), dizendo-se “feliz e honrado” com o convite para dividir sua trajetória com nossos leitores, na semana de homenagem a nós, servidores públicos da Educação.

Qual a sua formação, professor?
A minha formação acadêmica é em Engenharia dos Materiais. Fiz minha graduação na UFRJ, mestrado na Iowa State University, nos Estados Unidos, e doutorado em Oxford, na Inglaterra. Por fim, conciliando a coordenação de um projeto Brafitec da Capes entre a UFSJ e a Université de Toulouse (França), fiz meu pós-doutorado, trabalho extremamente gratificante, pois resultou num programa de dupla diplomação da Engenharia Mecânica entre as duas instituições.

Como foi sua história profissional antes da UFSJ?
Assim que me graduei, fui trabalhar nos Estados Unidos. Fiquei dois anos na Swedish Match, e três anos no Departamento de Energia dos Estados Unidos, em Iowa, combinando trabalho e mestrado.

Quando você ingressou na UFSJ?
Quando retornei dos Estados Unidos, em julho de 1989.

Qual é o departamento em que você trabalha hoje na UFSJ?
Trabalho no Demep há 31 anos. Interagi muito com todos os departamentos quando fui Diretor Científico, à época da Funrei.

Qual é sua rotina de trabalho?
Fui coordenador do curso de Engenharia Mecânica por oito anos. Atualmente, além de lecionar na graduação, sou tutor do Grupo PET (Programa de Educação Tutorial do MEC), no qual desenvolvemos vários projetos de pesquisa, ensino e extensão com a comunidade interna e externa da UFSJ.

Como você avalia a importância de seu trabalho na UFSJ?
É gratificante participar das conquistas de nossos estudantes, do sonho de alcançar a formação no Ensino Superior, sonho que muitas vezes também é o da família. Não raro, é o primeiro diploma universitário, motivo de muito de orgulho e fruto de muita dedicação. Presenciamos momentos assim na colação de grau, e nos sentimos parte daquelas famílias.

Tem algum caso interessante, curioso ou pitoresco que poderia nos contar?
Quando a Funrei se tornou UFSJ, passamos por um período em que, ao falarmos o novo nome, havia quem nos confundisse com a UFRJ. Com o belo trabalho de toda a comunidade, quando hoje falamos UFSJ, todos a reconhecem como uma instituição de excelência, no país e no exterior.

Como a pandemia afetou a realidade da docência?
Tivemos que fazer uma transformação digital, não só no trabalho, mas também na vida social. A UFSJ fez todo o esforço para não excluir ninguém, criou um fundo financeiro para a compra de computadores e acesso à internet para o corpo discente em situação de vulnerabilidade social. A UFSJ sempre primou pela inclusão social.

Que avaliação faz da dinâmica do trabalho remoto?
Estamos trabalhando em regime emergencial, mas estamos fazendo em conjunto, aprendendo juntos, com todo o suporte da parte de Informática e Pedagogia da UFSJ. Quando retornar ao ensino presencial, a UFSJ vai voltar com mais qualidade ainda, pois o ensino-aprendizagem é um processo evolutivo e dinâmico.

Do que sente mais saudades do trabalho presencial?
Sinto saudades das pessoas, do contato humano, nada supera a socialização presencial. O computador e a internet permitem a interação mediada por uma tela, mas não permite trocarmos um abraço forte.

Que mensagem gostaria de deixar registrada para nossos colegas?
Servir o Estado brasileiro, servir à cidadã e ao cidadão, transcende qualquer ideologia política. Temos uma missão nobre, que deve ser exercida com comprometimento e ética. Cito um pequeno trecho de um dos meus livros prediletos, Os Miseráveis, obra-prima de Victor Hugo: “A primeira igualdade é a justiça.” Temos, então, que servir com justiça.