"A principal dificuldade foi chegar ao nosso público"

Publicada em 17/05/2021

Entrevista com o pró-reitor Chico Brinati

Depois de um ano considerado “desafiador”, o pró-reitor de Extensão, Chico Brinati, avalia a reinvenção necessária ao trabalho da Proex, por causa da pandemia. O pró-reitor fala sobre o desafio atual da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários: levar para o formato on-line um dos principais festivais de arte e cultura do país, o Inverno Cultural.

Como você analisa esse primeiro ano de gestão?
Chico Brinati: Acredito que, além de um ano triste por todas as despedidas, isolamentos e vulnerabilidades que a pandemia nos impôs, do ponto de vista do trabalho, na Proex, foi um ano desafiador. Até porque lidamos com dois dos setores que mais dependem da presencialidade, do contato entre pessoas: a Extensão Universitária e a Cultura. Foi preciso se reinventar, se adaptar, descobrir caminhos e soluções para que nossas ações continuassem sendo desenvolvidas junto à sociedade. Conhecer as possibilidades novas de interação, ampliando o olhar sobre as redes sociais e as plataformas digitais. Particularmente, para mim, foi um ano de muito aprendizado, em que tenho buscado ouvir os anseios e demandas da nossa comunidade acadêmica, para construir e apresentar caminhos dentro do que é possível, nas condições que nos são colocadas hoje, tanto em questão de segurança sanitária, quanto de cortes no orçamento. Tudo isso somado ao fato de estarmos em teletrabalho, o que exigiu da equipe da Proex um esforço em atender às demandas em home office. Deixo aqui meu agradecimento a todos os servidores da Proex, pela dedicação e empenho neste ano.

Quais foram as principais dificuldades e as principais conquistas?
Chico Brinati: Na Extensão, a principal dificuldade foi chegar até o nosso público. Mudar a maneira de se relacionar com a sociedade além muros. Muitas ações não conseguiram se adaptar... Parte considerável se reinventou, migrou para o espaço das redes e se adaptou à tecnologia. Algumas dessas ações de adaptação da Extensão diante do cenário de pandemia Covid-19 - como a aprovação de resolução sobre Extensão Remota, mapeamento das ações, prorrogação de bolsas e ações Pibex - foram alternativas apresentadas pela equipe da Proex para amenizar o impacto da pandemia em nossas nossas atividades. Assim como a prorrogação e, posteriormente, abertura de nova chamada para ações de combate à Covid, via editais PIE-Covid-19, convidando pesquisadores, servidores e discentes, a atuarem no enfrentamento ao coronavírus. Fora a pandemia, o Conep aprovou a resolução da Formação em Extensão, que regulamenta a inserção da Extensão na matriz curricular dos cursos de graduação e, de maneira facultativa, na pós-graduação. Esse processo será uma revolução na relação entre Universidade e Sociedade, já que todos os discentes, em algum momento, terão que dedicar 10% da carga horária de seu curso a atividades de Extensão, mobilizando a criação de novas ações e trazendo novos atores - tanto da instituição, como da comunidade externa - para essa troca de “mão dupla” entre os saberes acadêmico e popular. Na Cultura, buscamos levar nossas ações para as redes sociais. Já tivemos uma edição on-line do tradicional Concurso de Presépios, que nos surpreendeu positivamente quanto ao número de inscritos e à votação recorde. E estamos trabalhando no desafio de levar toda a tradição do Inverno Cultural UFSJ para as plataformas digitais.

Quais os principais desafios que a Proex tem pela frente?
Chico Brinati
: Talvez, a curto prazo, o principal desafio seja realizar o Inverno Cultural on-line. Estamos trabalhando para organizar um evento da grandeza do Inverno, mantendo sua essência em um formato diferente. A médio prazo, temos o processo de inserção da Extensão nos currículos. A Proex, em parceria com a Proen, vai promover algumas ações para auxiliar os cursos na alteração de seus projetos pedagógicos, a começar com um guia para orientar questões mais práticas. Teremos, no final deste mês, um seminário em quatro mesas sobre a Extensão e a história da relação da Funrei/UFSJ junto à comunidade externa, uma maneira de homenagear nossos antecessores neste momento histórico para a Extensão no país. A longo prazo, vamos auxiliar a Comissão de Restauração e Manutenção do Centro de Referência de Cultura Popular Max Justo Guedes, o Fortim dos Emboabas, na elaboração de um projeto de restauração do espaço e buscar recursos para viabilizar as obras. Mas o grande desafio que se coloca diante não só da Proex, mas a todas as instituições de ensino superior públicas brasileiras, é o orçamento muito aquém do necessário para viabilizar alguns serviços e atividades essenciais. Sem um orçamento que respeite a importância dessas instituições, que permita que elas continuem com suas ações, muitas das atividades previstas poderão ser prejudicadas. E, claro, vamos trabalhar para que isso não aconteça, e que as pessoas que fazem Extensão e Artes na UFSJ tenham tranquilidade para desenvolver seus projetos.