"Um bom pesquisador não pode desistir"

Publicada em 25/08/2021

Podcast traz visão de professor e aluno sobre Ciência

O Unidiversidade é o podcast produzido pelo Programa de Educação Tutorial Biotecnologias para a Sustentabilidade da UFSJ (PET BioSus). O objetivo do projeto é fazer com que os ouvintes possam aprender, refletindo sobre curiosidades do mundo universitário. O material foi desenvolvido pela Comissão de Ensino e Extensão, composta por alunos dos cursos de Engenharia Química, Civil e Bioprocessos, sob a tutoria do professor Ênio Nazaré de Oliveira Júnior, do Departamento de Química, Biotecnologia e Engenharia de Bioprocessos (DQBIO), Campus Alto Paraopeba.

Daniela Leite Fabrino, professora do Departamento, foi a convidada do episódio A Ciência e seus dois lados: a visão do professor e do aluno. Ela conversou com seu orientando, Gabriel Alexandre, do 7° período de Bioprocessos, e com Daniela Mayrink, que está no 3° período, e representou a Comissão de Marketing do PET BioSus.

Segundo Gabriel, a iniciação científica é uma ótima maneira de se começar a fazer Ciência na Universidade. “Aprendemos a desenvolver o senso crítico, a saber discutir, a saber escrever de forma científica, o que é fundamental para quem quer ser um bom engenheiro no futuro.” Desse lado, o conselho de Gabriel é correr atrás daquilo que você quer ser, porque nada vem fácil. “Para ser um bom pesquisador, tenha coragem, e não desista.”

Do seu, a professora incentiva que os alunos tenham coragem e audácia para ingressarem na pesquisa. “Eu me joguei de vários precipícios para conquistar meus objetivos. Um bom pesquisador não pode desistir. Ser mulher exige coragem maior, não só para ser pesquisadora, mas para tudo!”

Daniela fez observações sobre a falta de dedicação da nova geração de estudantes. “Os alunos pesquisadores têm que entender que o experimento não espera, muitas vezes você precisa trabalhar de madrugada, fim de semana, limpar xixi e cocô de rato. Às vezes, o que dá errado em Ciência, também é aprendizado”, afirma. Daniela destaca ainda a importância de se estudar inglês, já que os artigos científicos chegam primeiro nesse idioma. “Precisamos de pró-atividade, de ter visão crítica, disciplina, audácia e persistência. O que nos move é a curiosidade”, reflete.

A pesquisadora falou de sua experiência científica fora do Brasil: “No exterior, pesquisar é sinônimo de trabalhar. Você tem uma função delimitada, estratégias a serem desenvolvidas, um cronograma a ser cumprido. E um grande respeito pela autonomia do jovem pesquisador. De maneira geral, toda a responsabilidade é dada ao pesquisador, incluindo a infraestrutura logística de se ter tudo à mão para a realização dos experimentos.” Em contraste com o Brasil, onde a burocracia, a falta de infraestrutura e a diminuição dos subsídios necessários para o apoio necessário à pesquisa nas universidades brasileiras compõem a regra.

O podcast se constitui, na opinião de Daniela, numa oportunidade de divulgação científica, não só para a comunidade, mas para os próprios alunos: a maioria das pessoas teme aquilo que é lhe distante – “e assim parecem os pesquisadores aos olhos dos alunos e da sociedade, há um certo temor em abordar um professor/pesquisador.” De fato, porém, o aluno pesquisador é o melhor elo de ligação com a sociedade, pois, sem intermediários, ele leva a Ciência feita nos laboratórios direto para famílias e amigos.

Daniela incentiva que alunos e sociedade se aproximem, para que todos entendam quais são as dificuldades da vida do cientista júnior e a responsabilidade embutida nessa missão. “Que descubram a imensidão de conhecimento que se absorve nessa experiência e, como em um formigueiro, vamos construindo um elo forte entre institutos, universidades e sociedade. A partir do momento em que nos conhecem, o descrédito diminui, é quase um efeito cinderela!”

O Unidiversidade
A coordenadora da Comissão de Ensino e Extensão, Cecília de Brito Martins, aluna do 6° período de Engenharia de Bioprocessos, conta que a proposta do podcast surgiu a partir da ideia de mostrar a realidade da Universidade para seu público-alvo, formado por universitários e estudantes do Ensino Médio. Os episódios são postados a cada 15 dias. Na segunda temporada, serão abordados temas voltados para a saúde. Estão previstos mais oito episódios, abordando diferentes temas: já foram ao ar os debates sobre A vida nada real das redes sociais e Finanças.

Todos os episódios estão disponíveis no Spotify, Google PodCasts, Radio Public, Pocket Casts, Breaker.

Outras informações no Instagram: @petbiosus.