Avaliação quadrienal: é tempo de tornar o processo mais simples e transparente

Publicada em 11/08/2022 - Fonte: ASCOM

O I Simpósio de Pós-Graduação da UFSJ recebeu, na manhã de ontem, o ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Abílio Afonso Baeta Neves. O professor ministrou a palestra A avaliação quadrienal e o futuro da pós-graduação brasileira para mais de 160 pessoas que assistiram ao vivo à apresentação transmitida pelo canal da Prope no YouTube.

O professor Abílio Neves apresentou um histórico sobre como foi iniciado o processo de avaliação da pós-graduação pela Capes, que, na década de 1990, se consolidou como órgão responsável por realizar as avaliações inicial e periódica dos cursos no Brasil. O conteúdo também detalhou o contexto de 2017, quando um relatório Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC), submetido a diferentes entidades, trouxe à tona a ideia de se adotar um novo modelo multidimensional de avaliação.

O palestrante pontuou que, apesar da necessidade já identificada, a avaliação quadrienal, promovida em 2021, não absorveu as mudanças sugeridas. “O formulário atual traz mais de 300 indicadores, número grande num processo sistemático de avaliação. Traz ainda dimensões de difícil avaliação objetiva, além de indicadores semelhantes com pesos distintos em diferentes quesitos. Esse é um cenário que já mostra a necessidade de revisão, com o intuito de tornar o processo mais simples e transparente.”

Durante sua exposição, o professor abordou também o processo de judicialização da avaliação com a intervenção do Ministério Público, iniciada pela UFMG. A Universidade registrou a existência de uma alteração de critérios no decorrer do processo de avaliação que impactava os cursos de um modo imprevisível, passando a cobrar maior regularidade e transparência e segurança jurídica dos indicadores utilizados.

Abílio Neves mostrou sua expectativa de resolução desse impasse e destacou as implicações positivas dessas ações. “Esse contexto devolve a urgência da discussão sobre o modelo de avaliação. É preciso que deixe de ser feita no âmbito da Justiça e volte a ser realizada junto à comunidade de pós-graduação. E, assim, possamos encontrar de fato um encaminhamento que passe a avançar e que nos ajude a reconstruir o processo.”

Por fim, o professor apresentou o Modelo Multidimensional, composto por cinco enfoques: Formação; Pesquisa Básica; Internacionalização; Inovação e transferência de conhecimento; Relevância Social. De acordo com Abílio Neves, o atendimento a essas diferentes dimensões pode sinalizar um novo horizonte de crescimento e expansão da pós-graduação. “As mudanças propostas buscam promover uma avaliação menos regulatória, devolvendo a autonomia para as universidades e cobrando mais resultados. Nesse sentido, é importante oferecer, ao mesmo tempo, as condições para que as universidades possam desenvolver as suas políticas institucionais, afinadas às suas importantes missões no contexto da sociedade e da economia nacional ou regional.”