Pró-reitor ressalta que prêmio é conquista coletiva

Publicada em 28/11/2022

Entrevista com o professor André de Oliveira Baldoni

Em entrevista à véspera do recebimento do Prêmio Capes Elsevier na categoria Contribuição Científica de Maior Impacto, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPE), André de Oliveira Baldoni, falou sobre o trabalho desenvolvido pela Pró-Reitoria na atual gestão e das perspectivas para os próximos meses.

Nesses dois anos e meio de gestão, o que a PROPE conseguiu implementar para incentivar a pesquisa na UFSJ?
Baldoni – Nesse período, temos trabalhado intensamente junto com a comunidade acadêmica, no sentido de identificar as fragilidades e implementar ações efetivas no sentido de dirimir as lacunas existentes. Podemos listar:

#oferta de cursos e capacitações que fomentam a produção científica de pesquisadores, mestrandos, doutorandos e estudantes de Iniciação Científica, o que inclui a escrita de artigos científicos e de projetos com foco na captação de recursos externos, ao lado da escolha do periódico, de métricas relevantes da produção científica (disponíveis também em nosso canal no YouTube) e de orientações para concorrer a bolsas de Produtividade em Pesquisa;
#aumento expressivo dos valores destinados ao Fundo de Pesquisa, para publicações de artigos, capítulos de livros e livros qualificados. Nos últimos cinco anos, houve um aumento superior a 350% nos recursos disponibilizados para fomento à publicação;
#aumento na captação de bolsas de Iniciação Científica junto às agências de fomento (incremento de 48%, de 2020 a 2022): consequentemente, se expande o atendimento às demandas qualificadas dos pesquisadores da UFSJ;
#crescimento na captação de bolsas de Iniciação Científica Júnior (aumento de 145 bolsas);
#busca, por meio de projetos institucionais desenvolvidos com os programas de pós-graduação, de mais bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado;
#aprovação da Política de Incentivo aos Cursos de Pós-Graduação, discutida e elaborada de forma coletiva e participativa, com posterior aprovação pelo Conep (Resolução nº 013, de 25 de maio de 2022);
#elaboração, numa parceria entre comunidade acadêmica e Colegiado Geral de Pós-Graduação, da Política de Ações Afirmativas para pessoas negras (pretas e pardas), indígenas, quilombolas, com deficiência e em situação de vulnerabilidade social, apreciada e aprovada pelo Conselho Universitário (Resolução nº 025, de 19 de setembro de 2022);
#revisão e otimização dos fluxos e atos normativos, além da elaboração de manuais orientativos, pelo Setor de Pós-Graduação, como o do PROAP/CAPES;
#apoio aos pesquisadores na captação de recursos externos, por meio de projetos colaborativos. Em 2022, os pesquisadores da UFSJ, com apoio da PROPE, aprovaram quatro projetos junto à Finep que, somados, chegaram a mais R$ 7,5 milhões;
#implementação do SIGAA Pesquisa e elaboração de manual para o usuário. Essa ação permitirá que todo pesquisador que captar recursos externos à UFSJ cadastre seu projeto no sistema, viabilizando que a PROPE tenha tais registros para executar políticas institucionais de fomento à pesquisa;
#implantação e customização do SIGAA Stricto Sensu;
#elaboração, em parceria com os professores Rafael Sachetto Oliveira e Carolina Ribeiro Xavier (DCOMP), de um software de geração de métricas de produção acadêmica (nosso ScritLattes), para acompanhamento da produção científica de discentes, egressos e docentes credenciados nos programas de pós;
#realização do I Simpósio de Pós-Graduação da UFSJ, um ambiente democrático e favorável para discutirmos nossas lacunas e traçarmos novas estratégias e ações de avanços da pós-graduação;
#elaboração de materiais, ferramentas e instrumentos formalizadores que incentivem a cooperação entre os programas da UFSJ e os programas de excelência no Brasil;
#revisão do Regimento Geral da Pós-Graduação e da Iniciação Científica;
#disponibilização para consulta dos equipamentos disponíveis na UFSJ, no sentido de otimizar o uso e incrementar redes de colaboração;
#elaboração do Manual do Parecerista para os avaliadores dos projetos de Iniciação Científica, no sentido de otimizar a avaliação, de forma a torná-la mais robusta, imparcial e fundamentada.

Além dessa longa relação, eu acredito que uma das ações que mais merece destaque é o apoio técnico e humanizado que a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação oferece à comunidade acadêmica. Mesmo diante de um cenário adverso e nebuloso, os servidores da PROPE apoiam a comunidade com entusiasmo, empatia e ações que os valorizam e motivam. E isso faz toda a diferença, sobretudo quando o pesquisador está inserido em um contexto nacional em que a Ciência, a Educação e o próprio ofício do pesquisador não são prioridades nas políticas públicas.

Como o incentivo à pós-graduação impacta no crescimento e no reconhecimento da UFSJ?
Baldoni – Quando se analisa o incremento de novos programas de pós-graduação em nossa instituição e o aumento da qualidade desses cursos, observamos que a quantidade e a qualidade das publicações e citações científicas seguem a mesma tendência de crescimento ao longo dos anos. Isso indica que o fomento à pós-graduação, sob o ponto de vista qualitativo e quantitativo, é um grande catalisador do crescimento institucional, pois a produção científica contribui com o reconhecimento institucional, com os indicadores de qualidade na graduação e pós-graduação, com a formação de recursos humanos e com a captação de recursos externos.

O trabalho desenvolvido pela PROPE tem reverberado junto à comunidade acadêmica, ou seja: as iniciativas e ações têm tido resultados efetivos junto aos professores?
Baldoni – Sim, com certeza! Mas nesse contexto é importante registrar que os frutos das ações e políticas executadas, sobretudo no âmbito da pesquisa, são perceptíveis e mensuráveis a médio e longo prazos. Os frutos que estamos colhendo hoje são reflexo de ações implementadas e do engajamento da comunidade acadêmica ao longo dos últimos anos, por isso o trabalho precisa ser contínuo, permanente e de caráter institucional. A título de exemplo, podemos citar algumas evidências desses frutos: aumento na captação de bolsas de Iniciação Científica e de pós-graduação; aumento da qualidade dos programas de pós-graduação; Prêmio Capes Elsevier – Categoria Produção Científica de Maior Impacto; recordes de publicações e citações em diferentes bases de dados, nos últimos dois anos; aumento em 19% no quantitativo de pesquisadores com Bolsa de Produtividade, entre os anos de 2021 e 2022. Esses resultados são frutos da soma do trabalho individual de cada membro da comunidade acadêmica e das ações e políticas institucionais.

O que a PROPE tem feito no sentido da internacionalização dos programas?
Baldoni – A PROPE, em parceria com a Assessoria de Relações Internacionais (ASSIN) e as coordenadorias dos cursos de pós, vem realizando uma série de ações neste ano: elaboração de um edital em inglês para seleção de cinco doutorandos do exterior; disponibilização de um edital em inglês para todos os programas de pós-graduação, no sentido de fomentar a captação de estudantes estrangeiros; oferta de aulas de Português para estudantes estrangeiros; ações de apoio à cultura de internacionalização da pós-graduação; criação de comissão específica para propor ações no sentido de subsidiá-la; mais recursos destinados à tradução dos textos científicos por meio do edital do Fundo de Pesquisa; tradução inicial das páginas dos programas, trabalho ainda em andamento; e busca, incentivo e divulgação das oportunidades de parcerias internacionais.

O que há planejado para o próximo ano?
Baldoni – Para o próximo ano, há muito trabalho a ser realizado. Podemos citar algumas frentes: elaborar e divulgar um cronograma anual de capacitação que fomente a produção científica de toda a comunidade acadêmica em diferentes áreas do conhecimento; desenvolver instrumento e estratégia para acompanhamento sistemático dos egressos da pós-graduação; implementar, com a ASSIN e coordenadorias de curso, ações para fortalecimento da pós, bem como ações de incentivo às redes de colaboração intrainstitucional; apoio a potenciais novos programas e cursos de pós-graduação (submetidos à Capes em 2021); buscar e captar recursos que subsidiem o fortalecimento da pesquisa institucional; empreender, acompanhar e fortalecer a Política de Ações Afirmativas da Pós; continuar com a execução das ações previstas na Política de Incentivo aos Cursos de Pós-Graduação.

É a primeira vez que a UFSJ recebe esse Prêmio, que vem num momento de grandes desafios, com cortes constantes nos orçamentos, campanhas de descrédito e até ataques às universidades públicas. Tem significado especial?
Baldoni – Frente ao cenário atual das universidades públicas e ao reconhecimento que a UFSJ vem conquistando, fica uma grande lição, que pode e deve ser nossa bandeira institucional: a união, de toda a comunidade acadêmica! Um prêmio dessa natureza não se conquista de maneira individual, ele representa a soma dos esforços individuais de cada membro e egresso da UFSJ. Esse prêmio chega em um momento de adversidade, e isso reforça ainda mais que o trabalho em equipe é capaz de superar obstáculos que por vezes parecem intransponíveis. Então sigamos de mãos dadas para as colheitas vindouras!


Luciene Tófoli
Assessora de Relações Institucionais e Corporativas