4. Expansão: estratégia e busca da qualidade

Publicada em 22/12/2022 - Fonte: ASCOM

Em 2005, a UFSJ iniciou seu mais arrojado projeto de expansão do acesso ao ensino superior. A ampliação realizada nos anos seguintes trouxe vários benefícios, como o aumento dos cursos de pós-graduação, de pesquisas, projetos de extensão e o consequente fortalecimento da Universidade. O crescimento experimentado até 2012 não significou apenas três novos campi em cidades diferentes e o aumento substancial do número de professores, alunos e técnicos circulando pelos seus corredores, mas a passagem da instituição para um novo patamar no sistema federal de educação superior, usando de estratégias para atuar e se beneficiar dos programas de expansão lançados pelo Governo.

Há 17 anos, com a instituição recentemente alçada ao patamar de Universidade, a expansão da UFSJ foi tratada como prioridade estratégica. Uma das menores entre as federais do país, precisava se consolidar como uma universidade pública de excelência, o que passava necessariamente pelo seu crescimento.

O objetivo do Plano de Expansão UFSJ 2010, elaborado pela Reitoria no mandato do reitor Helvécio Luiz Reis, em seu planejamento estratégico, previa dobrar o número de alunos até essa data. Para viabilizá-lo, a Universidade se articularia junto ao Governo Federal para a criação de novos cursos de graduação, os quais, pelo Plano, teriam foco na valorização da cultura regional e das artes, tendo em vista o ambiente e a vocação artístico-cultural de São João del-Rei.

De acordo com o ex-reitor Helvécio, que coordenou todo o processo de expansão da UFSJ até 2012, o Plano previa também o fortalecimento da UFSJ em níveis de pesquisa e extensão – uma vez que o conceito de qualidade de uma instituição universitária passava pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão – e o incremento do ensino noturno. “Naquela época, com dois recentes cursos de pós em nível de mestrado, a UFSJ deveria continuar valorizando seus quadros de doutores, priorizar a contratação de outros, continuar o estímulo à qualificação de seus professores e incentivar os docentes a formarem grupos de pesquisa, visando à criação de cursos de pós-graduação”, acrescenta.

No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003-2006, o Governo Federal lançou o programa Expandir, com o objetivo maior de abrir campi de universidades federais no interior de regiões mais carentes de instituições universitárias. De acordo com o reitor Helvécio, a UFSJ tentou entrar no Expandir, sem sucesso junto ao MEC, o qual alegava que Minas Gerais já tinha muitas universidades e cursos. Porém, ao entregar o Plano de Expansão da UFSJ, o reitor conseguiu sensibilizar o então Secretário Executivo do Ministério, Fernando Haddad, sobre a demanda premente por um curso de Música na cidade e região, e a implantação desse curso tão esperado foi autorizada.

No mesmo ano de 2006, a UFSJ discutia com a Prefeitura de Conselheiro Lafaiete (MG) as possibilidades de federalização de uma instituição municipal de ensino superior, iniciativa que não teve apoio do MEC. Mesmo com a negativa, a Prefeitura continuou a se mobilizar, incluindo outras prefeituras, como Congonhas e Ouro Branco, por meio do Consórcio Público para o Desenvolvimento do Alto Paraopeba (CODAP), e de importantes executivos da Gerdau-Açominas, instalada em Ouro Branco, que abraçaram a causa. A mobilização deu resultado e, nas comemorações dos 20 anos da Gerdau, o presidente Lula, presente ao evento, anunciou a criação de um campus tecnológico da UFSJ dentro do parque da siderúrgica, nos antigos escritórios da Gerdau. “A partir daí, passamos a ver como real o primeiro campus fora de sede da UFSJ, o Campus Alto Paraopeba (CAP). Assim, nossa instituição foi incluída no Programa Expandir”, conta Helvécio.

A exemplo do Campus Alto Paraopeba, o Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO), em Divinópolis (MG), também nasceu da demanda de uma região mineira. A partir de gestões de políticos locais, o Governo Federal havia autorizado a criação de um campus de universidade federal naquela cidade mineira. A oportunidade de implantar o novo campus foi concedida à UFSJ pela Prefeitura local, quando, interessado pela expansão, o reitor Helvécio procurou o prefeito de Divinópolis para tratar do assunto. Vale ressaltar que a criação do Campus Centro-Oeste foi precedida de uma minuciosa análise do perfil social da região de Divinópolis.

Aparentemente, o Programa Expandir estava definido, mas o deputado federal Márcio Reinaldo (PMDB-MG) queria um campus federal em sua cidade, Sete Lagoas (MG), e o conseguiu. Após a aprovação, o MEC desejava vinculá-lo à UFVJM ou à UFMG. A vontade do parlamentar prevaleceu e ele entregou a oportunidade à UFSJ, cujo reitor tinha apoiado o início do pleito junto ao MEC. Em Sete Lagoas, a implantação do campus buscou fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico dos municípios da mesorregião que tem como principais atividades econômicas a agropecuária e indústrias do setor de metalurgia e alimentos.

Na visão do professor Helvécio, o Programa Expandir “abriu para Minas Gerais, que era apontada como um Estado com uma capilaridade de instituições federais de ensino superior já suficiente, a possibilidade de aumentar essa rede, e entendo que a UFSJ fez um papel bonito ao defender seus projetos de campi fora de sede, ampliando estrategicamente sua presença em Minas Gerais e permitindo maior acesso à universidade pública de qualidade.”

Reuni, números e “marretadas”
Em 2007, o Governo Federal criou o Programa Reuni, com o objetivo de instituir novas universidades públicas e expandir outras já em funcionamento. O Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais impôs condições para o financiamento oferecido pelo MEC, entre elas, a necessidade de apresentar um plano de remodelação e metas a serem cumpridas num prazo de cinco anos. Inicialmente, o Reuni previa 20% dos recursos do orçamento da UFSJ em 2006 para adesão ao Programa. “Coube a mim, na Andifes, abrir defesa para tratamento diferenciado às instituições menores, o que foi bem recebido no MEC. Ao final, ficou estabelecido que instituições menores que a Federal de Viçosa receberiam progressivamente mais recursos para sua expansão até o limite de 50% para a menor de todas. Nesse novo cenário, a UFSJ receberia uns 45% dos recursos do orçamento de 2006, ainda insuficientes para seu crescimento. Foi aí que o MEC adicionou ao nosso orçamento de 2006 os recursos da implantação dos três campi fora de sede, o que tornou nosso projeto Reuni bem mais vigoroso”, revela Helvécio.

Com o Reuni, a UFSJ implantou 13 cursos em São João del-Rei, o que representou a consolidação da Universidade na sede e levou em conta o término da implantação do Plano de Expansão 2010, escrito em 2005. “Todos os cursos previstos naquele Plano, exceto Música, foram implantados. E ainda chamamos a comunidade acadêmica da UFSJ a apresentar novos projetos, que resultaram em mais três cursos”, explica o professor Helvécio.

Foi preciso muita energia para sincronizar ações de expansão do espaço físico com a fundação de novos cursos com qualidade. O trabalho coletivo com a participação de toda comunidade universitária foi a saída. “O planejamento estratégico se desdobrou em planos de implantação dos cursos, com previsões de recursos orçamentários para os seis anos seguintes. Integrado ao orçamento institucional, nosso planejamento foi reconhecido pela Secretaria de Orçamento e Planejamento do MEC, que nos requereu subsídios e técnicos para desenvolver um programa de replicação do método para outras instituições federais.”

Os números da expansão da UFSJ são impressionantes. Por exemplo, entre 2005 e 2010, o número de docentes saltou de 193 para 588. De dois cursos de mestrado em 2006, a UFSJ saltou para uma dezena no ano de 2010. A UFSJ se fortaleceu também na pós-graduação. Até 2006, havia apenas dois cursos de mestrado. Em 2010, também já eram 10.

Em termos de recursos, segundo o professor Helvécio, para o Reuni foram previstos R$ 41 milhões e repassados R$ 74 milhões para a implantação dos cursos em São João del-Rei e a contratação de 139 docentes e 46 técnico-administrativos. Já para o Programa Expandir, o MEC se comprometeu com a contratação de 319 docentes e 157 técnicos, além de investimentos da ordem de R$ 22 milhões. O orçamento de custeio e capital da UFSJ em 2005 era de R$ 30,2 milhões. Em 2012, chegou a R$ 159,8 milhões.

Crescendo em todos os sentidos, a UFSJ não se afastou do objetivo de expandir com qualidade, mantendo o foco na qualificação docente. A contratação de professores doutores e mestres continuou a ser prioridade. Mais doutores e mestres, mais pesquisadores, mais trabalhos publicados e mais grupos de pesquisa, o que resultou no estímulo continuado ao ensino, à pesquisa, à extensão e à criação de mais cursos de mestrado e doutorado.

Ao rever o processo de expansão da UFSJ, o professor Helvécio entende que as passagens dessa história precisam ser registradas, pois muitas vezes não se tem noção dos sacrifícios e do processo interno vivenciado por quem está na coordenação de um projeto de tal envergadura. “Quem vê os resultados não faz ideia das marretadas que foram necessárias para alcançá-los”, comenta com bom humor. Helvécio se diz convicto de que a cidade de São João del-Rei, que empresta seu nome à Universidade, se sente orgulhosa das conquistas da expansão, e escreve hoje com a UFSJ uma outra história. “A história atual não é melhor que o passado de glórias dessa terra, mas é uma história que transforma São João del-Rei, a ponto de se poder dizer que a UFSJ estabeleceu um marco que separa o que era essa cidade e o que é agora, com a expansão da UFSJ. Quis o destino que eu fizesse parte desse ciclo virtuoso.”