3. Transformação em Universidade: UFSJ em novo patamar

Publicada em 23/12/2022

Em 2002, a UFSJ deu um passo importante em sua trajetória. A transformação em Universidade Federal foi um sonho acalentado desde o nascimento da Funrei, em 1987. Foram necessários 15 anos para que a instituição subisse de patamar, alcançando a condição de Universidade.

O projeto aprovado tramitou durante 16 meses, desde sua entrega ao MEC pelo professor Mário Neto Borges, até sua aprovação final, em 9 de abril de 2002. Para submeter o projeto da UFSJ, relembra o dirigente, foi necessário cumprir os requisitos estabelecidos na LDB, como o número de professores em regime de dedicação exclusiva, o número mínimo de docentes com titulação de mestrado e doutorado e a oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu. “Os dois primeiros requisitos nós já atendíamos. Fomos à luta para conseguir os cursos de mestrado e professores. Motivamos a comunidade a propor a criação de mestrado. Na época, as melhores possibilidades estavam no DCNAT e no DELAC. Preparamos os dois projetos e submetemos à Capes. O do DCNAT foi aprovado primeiro e em seguida o do DELAC, nossos dois primeiros cursos de mestrado. Dessa forma, estavam cumpridos os requisitos técnicos para a transformação.”

Nos anos anteriores, a FUNREI obteve ótimos indicadores e caminhava firme rumo à nova condição. Na época, a instituição tinha criado três novos cursos de graduação, que, somados aos outros nove existentes, conseguiam ótimos resultados nas avaliações. Os cursos, a maioria noturnos, atendiam a estudantes de baixa renda, 70% deles de outras cidades. Na pesquisa e na pós-graduação, houve um forte incremento da capacitação docente. Num curto espaço de tempo, a qualificação dos professores chegou a 83% do quadro com mestrado e doutorado concluídos. Essa massa qualificada possibilitou que a UFSJ ampliasse sua pós-graduação e a realização de pesquisas financiadas por órgãos como CNPq, Capes, Finep e Fapemig, o que ampliou a divulgação da instituição em nível nacional e internacional. Em números, quando foi transformada em Universidade, a UFSJ tinha 182 professores e 240 técnico-administrativos. Entre os docentes, 65 eram doutores e 86 possuíam título de mestre. “Somos Universidade porque soubemos buscar os momentos, aproveitar as oportunidades”, afirmou o reitor Mário Neto Borges em seu discurso durante a cerimônia que marcou a transformação em Universidade.

Ciente de seus novos desafios, a primeira providência da UFSJ foi lançar um edital para novos cursos de mestrado e doutorado. Outra ação urgente foi a elaboração do novo Estatuto da nova Universidade, o conjunto de normas que regeria a instituição.

Segundo o professor Mário Neto, a Estatuinte foi um momento muito rico e uma “oportunidade de ouro” para a UFSJ, uma vez que houve discussões riquíssimas na comunidade e no Conselho Universitário. “Foi o instante de criarmos uma Universidade moderna, avançada e focada no futuro, o qual a Academia deveria construir baseado numa sólida educação e foco na ciência, tecnologia e inovação.” Ainda de acordo com o reitor, várias teses e estruturas institucionais foram propostas, umas mais avançadas outras mais tradicionais e – dentro do prazo estabelecido – a UFSJ concluiu seu Estatuto. “Ele foi o resultado do que a comunidade acadêmica foi capaz de construir”, define.

Novo patamar
Na condição de Universidade, iniciou-se o processo de consolidação, ampliação e maturidade institucional da UFSJ. Foram criados novos cursos de graduação, para atender a demandas locais e da região das Vertentes, e novos cursos de mestrado e doutorado, além de incorporado o Campus Tancredo Neves (CTAN).

A transformação em Universidade ensinou muitas lições à UFSJ. Para o reitor Mário Neto, que esteve à frente de todo processo, “a grande lição que ficou e ficará é que a transformação nos deu oportunidades de ouro, ao demonstrar que uma Universidade Federal numa cidade do interior é uma preciosidade.” O professor enfatiza o “nos”, pois a palavra inclui a cidade e a região, que ganhou não só uma instituição federal gratuita e de qualidade para sua população, mas também ganhou uma força econômica que injeta recursos na economia local como uma grande indústria não poluente. “Ganhamos também os servidores da UFSJ, docentes e técnicos, com a possibilidade de trabalharmos como servidores federais, usufruindo seus benefícios, que incluem as oportunidades de capacitação profissional – especializações, mestrados e doutorados (até mesmo no exterior) apoiados pela UFSJ. Principalmente, ganharam os alunos, que passaram a ter acesso à uma instituição federal gratuita com todas as oportunidades acadêmicas e científicas: professores titulados, cursos extras, competições acadêmicas e possibilidade seguir da graduação para a pós”, enumera.

Definindo esse período como um dos mais ricos e gratificantes em sua trajetória profissional, Mário Neto destaca a colaboração da equipe que ele e a vice-reitora Maria do Carmo Narciso puderam montar na gestão, e o reconhecimento dos alunos e da sociedade local e regional. “Eles ajudaram muito a vencermos o importante desafio de transformar a FUNREI na UFSJ. Muitos momentos difíceis aconteceram nos bastidores, mas nada nos tirou dos trilhos, da direção de conseguir uma importante conquista para São João del-Rei, para a região e até para o estado de Minas Gerais”, conclui.