Livro "O ovo do minerim" traz o universo dos poetas de rua

Publicada em 10/06/2011 - Fonte: ASCOM

O universo dos poetas de rua está presente no livro O Ovo do Minerim: Poesias Iguais a Poesias Diferentes, de Jairo Faria Mendes, que será lançado no dia 14, às 18h30, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, no Projeto Terças Poéticas. No evento, haverá uma performance poética do autor e uma apresentação do Grupo de Dança Afro Bataka, que fez adaptações de poemas do livro. O poeta também fará uma homenagem a Macunaíma, de Mário de Andrade. O autor é escritor, jornalista e professor universitário do curso de Jornalismo da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Desde 2010 coordena a área de literatura do Inverno Cultural da UFSJ.

Em O Ovo do Minerim, o autor utiliza dois heterônimos: Xexéu Beleléu, um andarilho, violeiro e “poeteiro” do Vale Jequitinhonha; e Maluco Man, um profeta de rua que defende ideias como a revolução dos malucos. O livro também traz fotografias de Jairo Faria e ilustrações de Pedro de Lacerda e Camilo.

O nome O Ovo do Minerim foi escolhido por muitos textos brincarem com o conceito de mineridade. Como o poema Sexo de Minerim, que simula o ritmo do trem, e Meia Homenagem a Drummond, que começa dizendo “no meio do cameio tem meia pedra” e vai ser apresentado em uma meia. O “ovo do minerim” é algo indefinido, mas um texto do livro sugere que seria algo como um grande pão de queijo.

Jairo Faria busca fugir da poesia acadêmica. “Em vez de verniz social para burguês cara de pau, Xexéu Beleléu apresenta poesias iguais a poesias diferentes”, brinca. O dançarino e diretor do Grupo de Dança Afro Bataka, Evandro Passos, afirma que o livro permite adaptações para o teatro ou música por seu caráter lúdico.

A obra mostra de forma irreverente o mundo delirante de um artista que utiliza a estrada e a liberdade como fundamento para o seu trabalho. Como diz o escritor, doutor em literatura brasileira pela USP e crítico literário, Anelito de Oliveira, o “O Ovo do Minerim” traz uma “poesia risonha”. “Este é um desconcertante livro de poesia que sabe rir”, diz no prefácio.

Anelito de Oliveira também alerta que a obra traz reflexões fortes e ousa na busca de novas estéticas. “Intuo algo de conspiratório neste livro cautelosamente elaborado. Sei não. Três figuras iguais a três figuras diferentes. Tramam alguma coisa pela noite”, comenta.

O músico e poeta Babilak Bah também ressalta a riqueza literária da obra. “Deparo com sua escrita viva, pretensamente despreocupada. Um poeta andarilho, em que sua trilha e a linguagem, o poeta andante justifica sua peregrinação, afirma a sua liberdade, rascunha a vida, constrói versos pelos cotovelos, sem a censura da língua”, afirma.

O heterônimo Xexéu Beleléu ganha vida na obra, com seus distúrbios poetofrênicos e um idealismo libertário. O poeta Wilmar Silva, que escreve a orelha do livro, brinca com esse personagem. “Xexéu Beleléu é um bastardo da geração marginal. Uma Macunaíma sem caráter atrás de Maria Bonita. Lili, mulher de Xexéu Beleléu, virou Luzia Homem ao saber que ele dançava quadrilha com Macabéa, enquanto pensava em Diadorim”, conta.