Neurociências para alunos do ensino médio

Publicada em 06/02/2017

Época de Sisu, matrículas, e logo vem à tona a seguinte questão: será que os alunos do ensino médio estão mesmo preparados para enfrentar esse intenso período preparatório para a escolha de uma profissão e para os processos seletivos de entrada em uma Instituição de ensino superior? A professora de Anatomia Humana da Universidade Federal de São João del-Rei, Maira de Castro Lima, acredita que os conhecimentos atuais das neurociências podem ajudar o indivíduo a potencializar as funções cognitivas superiores e obter melhores resultados a partir de uma rotina de estudos correta e adequada para o cérebro. É aí que entra o projeto de extensão coordenado pela docente, “Pílulas de neurociência para um cérebro melhor: ensino de Neuroanatomia e aprendizado/memória para alunos do ensino médio de escolas de Divinópolis”.

O principal objetivo é orientar os estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares da cidade sobre as potencialidades do cérebro no mecanismo de aprendizado/memória e sobre a anatomia do sistema nervoso. Em 2016, o projeto atendeu as Escolas Estaduais Joaquim Nabuco e Dona Antônia Valadares, atingindo cerca de 440 alunos do ensino médio do município.

“Alunos do ensino médio precisam reter um grande número de informações em um tempo relativamente curto e os resultados dos estudos podem ser potencializados pelos atuais conhecimentos da neurociência. Entender o mecanismo de aprendizado e memória, o funcionamento e as estruturas do cérebro é fundamental para estudar de maneira correta e obter os resultados desejados”, afirma a professora.

O projeto tem a colaboração da professora de Neurofisiologia Cristiane Queixa Tilelli e de seis alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Bioquímica do Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO/UFSJ) que prepararam um material baseado nos mais atuais artigos científicos de renomadas revistas sobre o tema. Em uma primeira etapa, os discentes da UFSJ ministram uma palestra sobre o aprendizado/memória e Neuroanatomia para os alunos do ensino médio. Com uma linguagem popular, conseguem trabalhar informações científicas importantes sobre como melhorar o rendimento dos estudos. Em seguida, esses alunos são levados a conhecer o Laboratório de Anatomia Humana do CCO para uma aula de anatomia de aproximadamente 50 minutos.

Sono, atividade física e ansiedade

O discente da UFSJ Felipe Alexandre Moraes explica que, para construir o material utilizado nas palestras, foram escolhidos eixos temáticos como alimentação, sono, atividade física, ansiedade, e cada um dos alunos envolvidos no projeto pesquisou o que a ciência traz de comprovação da influência desses aspectos no aprendizado/memória.

Muitos estudantes perdem noites de sono sobre os livros escolares. Entendem que dormir é perder tempo diante do grande número de disciplinas. No entanto, o sono está envolvido com mecanismos fisiológicos de aprendizado e memória. Durante o sono, aquilo que foi estudado ao longo do dia passa de uma área de armazenamento transitório da memória para um local permanente. Dormir é necessário para o processamento de aquisição de novas informações. Outros alunos abandonam a prática esportiva para ter mais tempo para se dedicarem aos estudos. Essa atitude não é correta, explicam os integrantes do projeto. O exercício físico promove alterações estruturais e funcionais no cérebro capazes de potencializar e facilitar a memória em humanos. Essas e inúmeras outras informações científicas sobre o sistema nervoso podem ser traduzidas na forma de dicas práticas e úteis para um cérebro melhor.

Aproximação

Felipe Moraes ressalta que outro aspecto importante do projeto é a aproximação dos alunos do ensino médio com a UFSJ e com o ensino superior. “Muitos alunos vêm o ensino médio como o fim dos estudos e aproveitamos esse projeto para motivá-los a continuar estudando. Percebemos que conhecer a estrutura da UFSJ e assistir aulas ministradas por alunos pouco mais velhos que eles é um grande incentivo para esses estudantes buscarem o ensino superior”, ressalta o estudante.

 Neste ano, de acordo com a coordenadora Profa. Maira, a intenção é ampliar o alcance. “Nas escolas onde apresentamos o projeto recebemos a demanda dos professores para que as aulas fossem estendidas a eles. Entendemos que essa ampliação seria interessante, até mesmo porque se tornariam multiplicadores desses conhecimentos. Pretendemos também estender aos alunos do 9o ano, pois muitos estão se preparando para o Processo Seletivo do Cefet”, informa.