Com participação da UFSJ: Nature Geoscience publica artigo sobre rios temporários e emissões de CO2

Publicada em 29/06/2018

A revista Nature Geoscience publicou no mês passado o artigo “A global analysis of terrestrial plant litter dynamics in non-perennial waterways”, fruto da parceria entre pesquisadores de mais de 20 países, inclusive dos professores Björn Gücker e Iola Boëchat, do Departamento de Geociências da UFSJ. A pesquisa aborda a contribuição dos rios temporários para a emissão global de CO2.

O trabalho é o primeiro resultado das pesquisas desenvolvidas pela rede “1000 Intermitent Rivers Project (#1000 IRP)”, coordenadas pelo Dr. Thibault Datry, do Institut National de Recherche en Sciences et Technologies pour l’Environnement et l’Agriculture (IRSTEA), na França.

Rios temporários cessam seu fluxo em determinadas épocas e podem chegar a secar completamente. Durante a fase seca, o material proveniente do sistema terrestre adjacente, principalmente material vegetal, é depositado no leito seco do rio. Quando o rio enche novamente, a umidade favorece a decomposição deste material depositado, com a concomitante liberação de CO2 para a atmosfera, fruto da respiração dos micro-organismos decompositores, em especial bactérias e fungos. O artigo é o primeiro a reportar a contribuição relativa da liberação de CO2 a partir da re-umidificação do leito de rios temporários, a partir da análise da respiração medida em material proveniente de 212 rios e riachos, localizados em mais de 20 países. Dentre os riachos brasileiros investigados, quatro são da Serra São José, situada em São João del-Rei, e mais quatro municípios da região, fizeram parte do conjunto.

Segundo os autores, “embora bem menos estudados do que rios perenes, rios temporários podem chegar a representar a metade de todas as águas correntes do planeta, e em resposta às alterações climáticas e à demanda crescente por água, eles podem vir a dominar a paisagem em algumas regiões”. Ainda segundo os autores, “os resultados do nosso trabalho indicam que as estimativas de emissão diária de CO2 podem aumentar de 7 a 152% se a emissão proveniente da re-umidificação de rios temporários for acrescentada aos dados já existentes de emissão proveniente de rios permanentes”. O próximo passo é incorporar as informações provenientes do estudo a modelos globais da estimativa de emissão de CO2 a partir de redes fluviais.

O artigo completo em PDF pode ser acessado aqui