Pesquisa de vanguarda sobre Cannabis corre risco por falta de recursos

Publicada em 29/05/2019

A pesquisa com a Cannabis para fins medicinais realizada desde 2018 na Universidade Federal de São João del-Rei, em seu Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO), em Divinópolis (MG), é a primeira e única no Brasil com autorização e apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos laboratórios do Campus de Divinópolis, região Centro-Oeste de Minas Gerais, estão sendo desenvolvidos o cultivo in vitro e a produção e análise da Cannabis e seus derivados. A falta de recursos do governo Estadual e Federal, entretanto, pode interromper a pesquisa.

Um dos inovadores métodos de cultivo criado por professores e alunos nos laboratórios do Campus Centro-Oeste resulta em altos teores de canabidiol, um dos princípios ativos da planta. Os primeiros resultados e os métodos de cultivo e análise descobertos já estão em processo de publicação, depósito de patentes e divulgação em eventos, e há o desenvolvimento de produtos de outras substâncias correlatas.

Os resultados obtidos são os primeiros no mundo com sucesso neste tipo de biotecnologia para o desenvolvimento de futuros medicamentos, como analgésicos e neuroprotetores para doenças degenerativas como o Alzheimer e o Parkinson, dentre muitas outras possibilidades.

Em 2018, o grupo de pesquisa composto pelos professores Vanessa Cristina Stein, Joaquim Maurício Duarte Almeida e os alunos de pós-graduação Alessandra Moraes Pedrosa, Bruna Cristina Alves e Brayan Jonas Mano Souza estiveram em mais de dez congressos, simpósios e eventos científicos para divulgação dos resultados. Além disso, já foram publicados três capítulos em literatura científica sobre os trabalhos que também envolvem outros cursos de pós-graduação do campus divinopolitano.

Mas todo este esforço que coloca Minas Gerais e Brasil na dianteira corre o risco de se perder frente aos grandes cortes de recursos pelos quais as Universidades Federais passam, o que inviabiliza a compra de equipamentos e insumos para a continuidade da investigação.

Os auxílios financeiros antes fornecidos pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) cessaram e não há previsão para liberação. Por parte do Governo Federal, o corte de recursos será de 32% do orçamento (R$ 17,4 milhões), representando 40% do que é gasto com o funcionamento da UFSJ, o que irá refletir imediatamente na descontinuidade das pesquisas com a Cannabis, dentre outros fitoterápicos.

Para adquirir os equipamentos e os insumos, muitos deles importados, e evitar a interrupção e perda de valiosos resultados, os pesquisadores da Universidade Mineira apelaram para uma plataforma online de arrecadação de recursos: o crowdfunding por meio do site “Vaquinha”.

Quem se interessar por conhecer mais a pesquisa e contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos pode acessar http://vaka.me/571547

Mais informações diretamente com o grupo de pesquisa pelo e-mail ufsjcanab@gmail.com.