Congresso da Andifes discute ações da UFSJ diante da pandemia

Publicada em 18/06/2020 - Fonte: ASCOM

Nesta quarta-feira, 17, um grupo de docentes da UFSJ se reuniu em conferência virtual organizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Em pauta, as ações de ensino, pesquisa e extensão realizadas pela Universidade no contexto de pandemia, tal como a possibilidade de retorno às atividades acadêmicas presenciais, suspensas desde março.

Cinco membros da comunidade acadêmica da UFSJ participaram da mesa de debates. As professoras Ana Cristina Pimentel (Medicina) e Daniela Leite Fabrino (Engenharia de Bioprocessos), o professor Alexandre Ernesto Silva (Enfermagem) e a técnica-administrativa em Educação Ana Flávia de Abreu (Campus Sete Lagoas). Coube à professora Luciene Tófoli, da Comunicação Social, mediar o debate, com tradução simultânea para Libras. Ao final, o reitor da UFSJ, professor Marcelo Pereira de Andrade, também fez uso da palavra.

Cada fala teve como tema principal a realidade da pandemia em cada uma das quatro cidades onde estão os campi da UFSJ. Com base nas informações dos boletins epidemiológicos municipal e estadual, e em dados produzidos pela própria Universidade, cada debatedor apresentou ao público um panorama contextualizado em relação aos desafios para conter o avanço do vírus, principalmente no interior de Minas Gerais. Até o dia 16 de junho, foram registrados 888.271 mil casos em todo o Brasil.

Coronavírus se espalha pela Vertentes
Em São João del-Rei, até ontem, 16, foram registrados 134 casos oficiais de Covid-19, o dobro da semana anterior, como informou a professora Ana Cristina Pimentel. Por mais que a taxa de ocupação das UTI’s locais esteja controlada no momento (são 12 pacientes internados nos dois hospitais da cidade), a ascensão da curva de infecção é preocupante. “Porque, a seguir essa projeção, em pouco tempo a situação hospitalar não será confortável”, avaliou.

Em relação ao Campo das Vertentes, Ana Cristina Pimentel destacou o “cenário epidemiológico muito complexo”, considerando que a curva de casos também é ascendente em Lavras e em Barbacena, que registra 350 casos confirmados. “E acontece no momento em que os municípios aderem ao Programa Minas Consciente.” A mesorregião do Campo das Vertentes abrange 36 municípios, a maioria com menos de 15 mil habitantes. O boletim epidemiológico do Estado indica que municípios menores, caso de Santa Cruz de Minas, começam a registrar casos.

Para a professora, a interiorização dos casos representa uma grande preocupação: “Há pesquisadores que entendem isso como uma segunda onda de contaminação, que acontece ao mesmo tempo que a primeira.” Projeções iniciais apontavam que a segunda onda viria até o final do ano, não em junho.

“A flexibilização do isolamento pode gerar consequências graves”
Ana Flávia de Abreu abriu sua fala com uma advertência: “Sete Lagos, como outras cidades, apresenta uma curva de contaminação em franca ascensão.” Entre os dias 10 e 16 de junho, foram registrados 40 novos casos, numa realidade em que há de se considerar as subnotificações. “Basicamente, só testamos quem temos certeza de que está infectado. O que, além de preocupante, nos deixa em alerta sobre o futuro.”

A cidade, assim como São João del-Rei, também passa por um processo de flexibilização do funcionamento do comércio. Ao redor do mundo, os países que distenderam o isolamento social só o fizeram a partir do momento em que os casos estavam controlados e a curva, descendente. “Não é o caso do nosso país. E pode gerar consequências graves”, alertou Ana Flávia.

Em Ouro Branco, localizada na região do Alto Paraopeba, que concentra municípios com pequenas populações, mas com elevado fluxo de pessoas, por conta da atividade mineradora, que manteve suas atividades regulares, a situação não é melhor. Assim que CSN, Vale, BSB e Gerdau realizaram testes em seus funcionários, naturalmente os números da cidade aumentaram: de 27 para 35, entre os dias 7 e 14 de junho. “Vivemos agora uma situação de atenção, porque identificamos 5 casos de transmissão comunitária, que se deram com a flexibilização do comércio”, afirmou a professora Daniela Fabrino.

Em Divinópolis, até 16 de junho, foram 2.699 casos notificados, sendo 278 positivos. Como contextualizou o professor Alexandre Ernesto Silva, a taxa de ocupação registrada é de 23% dos leitos de enfermaria, 17% dos CTI e 46% das UTI do município. Assim como nas outras cidades, a flexibilização do isolamento social, representada pela reabertura do comércio e dos templos religiosos, representa um risco de disseminação da Covid-19. “Até agora, a situação é estável e aparentemente confortável, mas é sabido e esperado o aumento da curva de infecção com a flexibilização.”

A UFSJ combate a pandemia do novo coronavírus
Segundo levantamento preliminar do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da UFSJ, são mais de 50 projetos institucionais em andamento. Em São João del-Rei, as atividades vêm contribuindo para organizar os fluxos assistenciais, fluxogramas e protocolos do município. “Temos contribuído com o comitê municipal e sendo bem aceitos. Nesta semana, estamos construindo o fluxograma da atenção básica, e trabalhando na capacitação desses profissionais.” Os projetos oferecem também apoio psicológico a profissionais da Saúde, Assistência Social e serviços gerais.

Entre os projetos desenvolvidos no Campus Sete Lagoas, está a produção de álcool glicerinado 70% para os hospitais locais e a realização do Congresso Internacional On-line de Ciência e Segurança Alimentar. Em desenvolvimento, a etapa local do plano de biossegurança da UFSJ, a redação de cartilha com dicas de prevenção e a gravação de vídeos didáticos sobre o uso de máscaras, higienização de mãos e conservação de alimentos.

Em Ouro Branco, a UFSJ atua desde a primeira semana de isolamento social prestando consultoria técnica à Prefeitura, orientando a higienização de pontos físicos, a compra de kits diagnósticos, trabalhando contra a disseminação de fake news e apoiando a distribuição solidária de máscaras confeccionadas por grupo de voluntárias.

No Campus Centro-Oeste Dona Lindu, em Divinópolis, são aproximadamente 20 projetos, que envolvem as quatro graduações da área de Saúde ali oferecidas, e privilegiam ações preventivas para reduzir a contaminação e propagação da Covid-19, assim como medidas auxiliares de diagnóstico e enfrentamento à pandemia. Em colaboração com o comitê municipal de crise, professores orientam a discussão da matriz de risco epidemiológico para rever a flexibilização do isolamento. A testagem pela técnica PCR em tempo real, nos laboratórios de Biologia Molecular, permitirá atendimento inicial a 600 pacientes por mês.

Compromisso de valorização da vida
Em sua fala, o reitor Marcelo Andrade fez questão de ressaltar a UFSJ está “a pleno vapor”, atuando para responder ao chamamento da sociedade. “Essa pandemia é um desafio enorme para toda a Humanidade. Nesse momento, lutamos pela preservação da vida humana.” Merece destaque, igualmente, o papel do Comitê de Enfrentamento, coordenado pela vice-reitora, professora Rosy Ribeiro, que subsidia todas as tomadas de decisões institucionais da UFSJ nessa seara.

A respeito do retorno às atividades acadêmicas, de forma remota ou presencial, o reitor tranquilizou a comunidade, afirmando que as saídas devem ser construídas coletivamente. “Ficamos sensíveis com essa situação, mas é o momento de deixarmos aflorar os princípios da solidariedade.”

João Victor Bessa
Estudante de Jornalismo, estagia na Ascom