"Em tempos de conflitos e pandemia, a música de Brahms consola e inspira"

Publicada em 26/01/2021

O professor do Departamento de Música da UFSJ (Dmusi), Iura de Rezende, foi um dos vencedores do Prêmio Funarte RespirArte 2020, na categoria Música.

A Funarte realizou a seleção ano passado, entre cerca de oito mil inscritos de todas as regiões do país. O Prêmio RespirArte 2020 avaliou as melhores produções em vídeo, nos campos de Artes Integradas, Artes Visuais, Circo, Dança, Teatro e Música. As propostas contempladas foram divulgadas em dezembro.

“Fiquei satisfeito pelo reconhecimento da qualidade de um trabalho que levou mais de quatro anos para ser concluído, uma vez que o vídeo que inscrevi no Prêmio foi parte do meu curso de doutorado, realizado na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos”, explica o professor do Dmusi.

Brahms
No vídeo enviado por Iura, o professor aparece se apresentando ao clarinete, ao lado de um quarteto de cordas, formado por colegas de doutorado em Indiana, onde foi realizada a gravação. Iura ressalta a diversidade do quarteto, constituído por músicos de diferentes países. “O grupo era muito refinado e diversificado”, pontua.

O quarteto, composto pelos violinistas Delyana Lazarova (Bulgária) e Bijan Sepanji (Irã), pelo violista Yoni Gertner (Israel) e pelo violoncelista Warren Hagerty (Estados Unidos), interpreta o Quinteto para Clarinete - Opus 115, do compositor Johannes Brahms (1833-1897).

A apresentação premiada no RespirArte – Edição 2020 está disponível:
No YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_i93li0v2hI
No Google Drive, para baixar o vídeo: https://drive.google.com/file/d/17iVImawBRlGvEm3RswfAsTuFLYagigTm/view?usp=sharing

Leia, abaixo, sinopse do professor Iura de Rezende, sobre a peça apresentada na gravação:

    “O Quinteto para Clarinete op.115 de Johannes Brahms é uma obra monumental, marco do repertório camerístico do período romântico e possivelmente de todos os tempos. A obra foi escrita por Brahms em um período em que ele já não mais se dedicava à composição e considerava sua carreira encerrada. Brahms, todavia, inspirou-se mais uma vez a compor após conhecer o clarinetista Richard Mühlfeld, renomado músico da corte de Meiningen na Alemanha, para quem escreve um trio com violoncelo e piano (op.114), duas sonatas (op.120) e o referido quinteto.
    O Adagio desse quinteto é talvez o ápice da expressão da música romântica para o clarinete desse período, inspirado na maneira de tocar de ciganos da Hungria. O clarinete ocupa o espaço central da obra, mas seu diálogo com os outros instrumentos do quarteto de cordas é igualmente rico.
    Em uma época em que conflitos econômicos internacionais, e uma pandemia inédita no século XXI, obrigam países a fechar suas fronteiras e a recomendar distanciamento social, ao mesmo tempo em que certos governos promovem a desconfiança entre povos e a xenofobia, a música de Brahms consola e inspira. Neste vídeo, a obra é executada pelo clarinetista brasileiro Iura de Rezende, acompanhado por um quarteto de cordas formado por músicos da Bulgária, Estados Unidos, Irã e Israel.
    Johannes Brahms não se limitou a encontrar inspiração musical unicamente na cultura de seu próprio país, tampouco o fizeram os músicos que no vídeo executam a obra em pleno século XXI. A diversidade é portanto capaz de criar coisas belíssimas, e deve ser abraçada com curiosidade pela descoberta do outro e coragem, ao invés de desconfiança e medo. Essa é a mensagem central deste vídeo.”