Acelerar a vacinação pode salvar 50 mil vidas, diz estudo da UFSJ

Publicada em 30/06/2021

Nota técnica recentemente publicada, com dados de pesquisa realizada em parceria entre os departamentos de Ciência da Computação das Federais de São João del-Rei (UFSJ) e de Juiz de Fora (UFJF), aponta para um cenário ainda mais desolador da pandemia da covid-19 no Brasil, caso o atual ritmo de vacinação não avance.

Os professores Rafael Sachetto Oliveira, Carolina Ribeiro Xavier e Vinícius da Fonseca Vieira, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFSJ (PPGCC), destacam que foram simulados diversos cenários de vacinação, indicando que o mais importante, agora, é a agilidade na distribuição e aplicação das doses.

Os cálculos, feitos por especialistas das duas universidades, revelam que cerca de 50 mil vidas seriam salvas se o Brasil aumentasse em quatro vezes a taxa da imunização - de 360 mil aplicações da primeira dose para 1,44 milhão por dia. E constataram que, a se manter a taxa de vacinação atual no país, haverá entre 188 mil a 211 mil novas mortes por covid-19 até o fim do ano, dependendo da eficácia do imunizante. Os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos embasados em variantes como casos ativos, taxa de imunização, eficácia das vacinas, mortalidade entre vacinados e não vacinados e transmissão do vírus.

A conclusão a que chegaram é: “nesse contexto, as projeções sugerem que a taxa de vacinação continua sendo mais importante do que a eficácia da vacina para mitigar a pandemia e, principalmente, reduzir o número de óbitos. Porém, os números de mortes projetados ao longo do ano são muito altos em qualquer cenário estudado, os quais simulam apenas o impacto da vacinação no enfrentamento da pandemia.”

O estudo avalia que, mesmo com a vacinação, outras medidas preventivas, como distanciamento social e uso de máscaras, são fundamentais para controlar a propagação da doença e diminuir o número de mortes.

A professora Carolina Xavier enfatiza a importância dessa pesquisa para a Ciência, pois traz um novo modelo, de simples entendimento, e que leva em conta fatores que antes não existiam nos modelos do mesmo tipo, como taxa de distanciamento social, taxa de vacinação e eficácia da vacina. Outro ponto a ser evidenciado é a importância para a comunidade, por simular cenários e orientar a tomada de decisões em relação à pandemia de maneira adequada, visando à aplicação do melhor contexto possível. “O estudo vem ainda conscientizar a população de que a pandemia está longe de ser controlada e que a eficácia da vacina não é tão importante frente a velocidade de imunização no país”, esclarece a pesquisadora.

Óbitos
A média de doses/dia aplicadas relatada na pesquisa considera, de acordo com Carolina, todo o período desde o início da vacinação. “É um valor baixo (pessimista), em relação aos valores que vimos em alguns dias do mês de junho. Se as vacinas prometidas chegarem aos municípios, acredito que consigamos atingir a velocidade de vacinação projetada, mas isso não tem ocorrido. O governo vem, sistematicamente, reduzindo o número de doses entregues, se comparadas com o número de doses prometidas”, conclui.

O Brasil, que superou a marca de 500 mil mortes por covid-19 em 19 de junho, é, atualmente, o segundo país do mundo com o maior número de óbitos pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de 600 mil mortos. No entanto, projeções indicam que, se o Brasil seguir no mesmo ritmo de vacinação, deve superar a marca americana nos próximos meses. E a covid-19 não estará controlada até o fim do ano.