Impactos do <i>home office</i> na pandemia é tema de projeto na Arquitetura

Publicada em 08/07/2021

Projeto de extensão desenvolvido pela aluna Gabrielle Heloísa Fernandes, do 7º período de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ, estuda os impactos trazidos pelas alterações na relação trabalho/estudos/casa no período da pandemia, e como o home office pode apoderar-se negativamente da vida das pessoas. Foram observadas questões relacionadas à saúde e bem-estar da população afetada, levando em conta a maneira que a ergonomia do mobiliário utilizado em espaços improvisados poderia estar colaborando ou prejudicando a saúde física de trabalhadores e estudantes.

Pesquisa
O estudo de Gabrielle foi um dos selecionados pelo Programa Institucional de Auxílio ao Enfrentamento à Pandemia Covid-19, seus Impactos e Efeitos (PIE-Covid-19), gerido pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UFSJ. Cada um em seu quadrado (cubo): repensando os espaços da habitação, do trabalho e da cultura em tempos de pandemia, coordenado pela professora Luciana Massami Inoue, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Artes Aplicadas (Dauap), propõe a adequação arquitetônica como uma das soluções para influir nas questões que apresenta.

Para entender os parâmetros na população alvo de São João del-Rei, foi aplicado questionário utilizando o recurso snowball sampling (bola de neve), durante o mês de fevereiro deste ano, que contou com a participação de 54 pessoas, sendo a maior parte das respostas enviadas por estudantes e trabalhadores da UFSJ.

Gabrielle explica que, após a coleta das informações, “pudemos perceber que os impactos mais relatados durante o período, tanto pelo formulário quanto pelo que pesquisei, foram dores de cabeça e musculares, fadiga ocular, dificuldade de impor limites, exaustão, alteração no sono, diminuição do rendimento e falta de foco.”

Como as problemáticas detectadas permeiam diferentes áreas, a principal recomendação trazida pelo projeto é, antes de tudo, procurar ajuda profissional de psicólogos, arquitetos e fisioterapeutas. Porém, com alguns ajustes no mobiliário das residências, já é possível minorar tais impactos: uma iluminação neutra a fria no espaço de trabalho e estudos, outra, neutra a quente, em locais de descanso.

Mesa e cadeira devem ser de altura ajustável para que pernas e braços formem ângulos de 90º, além de mouse, teclado e tela de computador estarem num mesmo quadrante, para não haver muita movimentação que cause dores no pescoço. Outro ponto é tentar separar os ambientes de lazer dos laborais, para que o cérebro consiga se desligar das atividades. Algumas técnicas devem ser adotadas, como a de descanso ocular chamada 20/20/20, pela qual, a cada 20 minutos, deve-se realizar uma pausa de 20 segundos e fixar o olhar a pelo menos 20 pés de distância (aproximadamente seis metros). A ginástica laboral é outra indicação, prevendo intervalos antes, durante e após o expediente, o que melhora foco e concentração e previne algumas enfermidades, como LER/DORT.

Resultado
Gabrielle produziu uma pequena animação, disponível no YouTube, na qual mostra, de forma bem didática, algumas maneiras de ajustar o local de trabalho em casa, a fim de diminuir os impactos decorrentes do home office.

O material foi divulgado em espaços de grande alcance público em São João del-Rei: Associação Comercial, Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves (Uniptan), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF-Sudeste MG) Campus SJDR, Sebrae e Sindicato do Comércio. “Esperamos que, com essa animação, as pessoas possam entender melhor esses efeitos e comecem a modificar o modo e o local em que realizam suas atividades, considerando a importância de procurar ajuda profissional para resolver esses problemas”, alerta Gabrielle.

Para ela, a importância desse projeto de extensão para a comunidade externa e interna da UFSJ reside no retorno à sociedade “do que estamos realizando na universidade pública, que fomenta novas produções de conhecimento e colabora com a população em diversas frentes.” Para sua formação, trata-se de uma oportunidade que abre os horizontes do aprendizado: “Quero me tornar uma profissional mais qualificada a participar da sociedade de arquitetos e urbanistas.”