Pesquisa da UFSJ concorre ao Prêmio Capes de Tese 2021

Publicada em 10/08/2021 - Fonte: ASCOM

Indicado pela Sociedade Brasileira de Biologia Molecular para concorrer ao Prêmio Capes de Teses de 2021, o trabalho de doutorado de Maria Juliana Ferreira Passos foi desenvolvido no Laboratório de Patologia Experimental do Campus Centro-Oeste Dona Lindu.

Avaliação, in vitro e in vivo, do efeito antitumoral das frações de Macairea radula sobre linhagens de glioblastoma humano envolveu a pesquisa por novas alternativas terapêuticas contra o glioblastoma multiforme, câncer do Sistema Nervoso Central conhecido por sua agressividade, e que não possui cura. A busca por candidatos para a terapia contra o tumor foi baseada na diversidade dos metabólitos secundários e bioativos encontrados nos produtos naturais, mais especificamente, espécies vegetais. A pesquisa foi coordenada e orientada pela professora Rosy Ribeiro, atual vice-reitora da UFSJ, com coorientação da professora Maria Luiza Vilela Oliva (Unifesp). Vincula-se ao Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular da UFSJ (PMBqBM), e foi financiado com recursos da Fapemig.

O projeto conquistou vaga em programa internacional de mobilidade estudantil, com uma bolsa para estágio de 15 dias nos laboratórios da Roma Tre University, na Itália, ainda não executado devido ao cenário atual da pandemia do novo coronavírus. A investigação está em fase de desenvolvimento final para submissão e publicação.

A tese de Maria Juliana foi indicada para representar o PMBqBM na concorrência pelo Prêmio Capes deste ano após criteriosa seleção pela coordenação geral do Programa. A comissão julgadora da Capes divulgará o resultado em setembro, com cerimônia de premiação agendada para outubro.

Currículo
Maria Juliana nasceu na pequena cidade de Aguanil, sul de Minas Gerais. Num município de apenas cinco mil habitantes, ingressar numa universidade pública, como era o seu sonho, implicava em deixar, cedo, a casa dos pais. E foi assim que, aos 17 anos, ela foi estudar Bioquímica no campus da UFSJ em Divinópolis. “Na época, eu não sabia muito bem o que queria para minha carreira profissional. Passei, assim como meus colegas de classe, por muitas provações. Foi radical a mudança de cidade e completamente assustador o curso”, relembra.

Percebeu que estava no caminho certo quando começou a paixão pelos processos e mecanismos intracelulares, embora persistissem as dúvidas de como iria investir nessa carreira.

No último período da faculdade, Juliana resolveu fazer a prova de mestrado e foi aprovada. Eram duas as alternativas que tinha: ignorar o mestrado e continuar a graduação ou tentar a colação extraordinária para garantir a vaga na pós. Matriculou-se no mestrado em Ciências Farmacêuticas da UFSJ. “Parece que a vida me levou para a área acadêmica. Trabalhei sob orientação da professora Débora de Oliveira Lopes e do professor José Augusto Perez Villar, desenvolvendo projeto de pesquisa voltado para a descoberta de vacinas contra a esquistossomose”, conta.

No doutorado em Ciências: Bioquímica e Biologia Molecular, como dissemos, Juliana trabalhou com a triagem de compostos derivados de produtos naturais sobre células tumorais. A pesquisa focou na identificação de frações extraídas de plantas do cerrado sobre células de glioblastoma humano. “Para mim, foi um tanto desafiador. Vale ressaltar que o projeto, delineado para ser desenvolvido em quatro anos, foi realizado em um ano e meio. Temos em mente o quanto as experimentações dão errado antes de dar certo.” Para a pesquisadora, o limite entre persistir e desistir é muito tênue. “Conseguimos aprovar uma bolsa de mobilidade para a Itália e fiquei extremamente feliz pela escolha da melhor tese e pela indicação ao Prêmio Capes. Foi revigorante, e me emocionei muito”, declara.

Prêmio Capes de Tese
A indicação da tese é uma demonstração de como a pesquisa, no ambiente universitário, pode afetar diretamente os problemas sociais, os investimentos sendo fundamentais. “Meu trabalho gerou indícios de um bioativo mais seletivo para o glioblastoma quando comparado ao quimioterápico padrão. Pudemos observar também uma grande redução da massa, in vivo, além de um rompimento do suprimento de oxigênio para o tumor, por meio de parâmetros angiogênicos”, explica.

Pode se tratar, de acordo com Juliana, apenas da ponta do iceberg, mas é extremamente satisfatório fazer parte desse time: a pesquisa, além de construir uma perspectiva terapêutica e social, foi instrumento de aprendizado, ou melhor, de determinação. “É gratificante conquistar, mas é uma honra saber de todo o mérito. Eu acho gigante quem consegue passar conhecimento. Foi uma das experiências mais inspiradoras que já tive.” Assim, tornou-se mais claro qual o investimento de carreira que Maria Juliana vai abraçar: “Numa primeira opção, quero tentar a carreira docente, seja ela vinculada ou não à pesquisa. É claro que penso em coordenar um laboratório, quem sabe? Mas gostaria muito de estar em sala de aula.”

Com base em sua experiência, a futura professora associa pesquisa à dedicação, disciplina e persistência. Durante a execução na bancada, as frustrações são infinitamente maiores do que as alegrias, ainda mais em um país que não trata a educação e os investimentos na pesquisa como prioridades. “Mas, quem acredita na Ciência, sabe o quanto é compensador quando seu trabalho sai do papel e é reconhecido. Por isso, aconselho aos alunos que desejam se inserir no ambiente científico, que sejam persistentes e determinados, e não deixem de acreditar que conhecimento salva vidas”, pondera Maria Juliana.

Cumprimentos
A indicação ao Prêmio Capes de Teses 2021 mereceu os cumprimentos do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFSJ, professor André de Oliveira Baldoni que, juntamente com sua equipe, parabenizou autora, orientadora e a coordenadora local do PMBqBM, Valéria Ernestânia. Baldoni exaltou a magnitude do reconhecimento do trabalho: “A dedicação e qualificação da equipe explicita o comprometimento com o trabalho de alta qualidade, com a originalidade, com a inovação e com as necessidades sociais.”

O pró-reitor prossegue: “Um jovem programa de pós-graduação alcançando resultados exitosos evidencia a potencialidade e o comprometimento de todos. E ainda, a indicação, pelo segundo ano consecutivo, de trabalhos desenvolvidos pelo PMBqBM-UFSJ é motivo de muito orgulho para a Universidade Federal de São João del-Rei.”