Audiência pública na Câmara Federal: professor da UFSJ aborda a leishmaniose

Publicada em 22/09/2021 - Fonte: ASCOM

O professor do Campus Centro-Oeste Dona Lindu, Gilberto Fontes, participou, como expositor, de audiência pública da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), que debateu as leishmanioses no Brasil.

O pesquisador da UFSJ, professor titular de Parasitologia, falou ao lado de outros expositores, como a promotora de Justiça do Ministério Público mineiro, Luciana Imaculada de Paula; o pesquisador da UFMG, David Soeiro Barbosa; e a fundadora da ONG Direito Animal Brasil, Gabriela Soares. O debate focalizou a leishmaniose visceral humana e a leishmaniose visceral canina, avaliando a importância do controle dessas duas endemias, em franca expansão no Brasil.

Reconhecimento
O professor credita o convite para a audiência como um reconhecimento que os pesquisadores da UFSJ vêm alcançando no Centro-Oeste mineiro em relação à epidemiologia, diagnóstico e perspectivas de controle das leishmanioses viscerais (humana e canina). “O convite partiu de uma indicação do Ministério Público mineiro, que acompanha nosso trabalho, para conhecer a real situação dessas enfermidades na região”, acrescenta.

De acordo com Gilberto, a leishmaniose visceral humana é uma enfermidade severa causada pelo parasita Leishmania infantum e, se não for tratada, pode levar o indivíduo à morte. A doença é encontrada em 83 países nas Américas, é endêmica em 13, sendo que, em 2019, o Brasil foi responsável por 97% dos casos notificados no continente.

Para Gilberto Fontes, a leishmaniose é um problema grave que pode ser evitado, com prevenção, controle e tratamento. “O tratamento humano existe e está disponível no SUS”, informa o professor, acrescentando que as pesquisas da UFSJ nessa área são fruto de parcerias com o Ministério da Saúde, Fundação Ezequiel Dias, prefeituras de municípios participantes, e apoio do Ministério Público de Minas Gerais. As pesquisas realizadas na UFS têm financiamento do CNPq e da Fiocruz.

Crônica e crítica
A leishmaniose é considerada uma doença parasitária crônica e crítica, que afeta humanos e mamíferos. No Brasil, é causada pelo protozoário Leishmania infantum, transmitido pela picada de insetos flebotomíneos fêmeas. O cão é o principal reservatório doméstico do parasita no ambiente urbano, uma vez que esse animal apresenta intenso parasitismo na pele, favorecendo a infecção de novos insetos vetores, que levam a doença aos humanos.

Os casos em caninos precedem os casos humanos e, de acordo com o pesquisador da UFSJ, o Ministério da Saúde atualmente indica eutanásia dos cães sororreagentes. “O tratamento dos cães não é considerado uma medida de controle da doença pois, apesar da melhora clínica, o animal pode permanecer um reservatório do agente etiológico, e o tratamento deles não impede o aparecimento de recorrências”, explica o professor.

Estudos realizados por pesquisadores da UFSJ na região Centro-Oeste de Minas Gerais mostram a franca expansão da enfermidade humana e canina na região. “Várias pesquisas foram e estão sendo transformadas em dissertações de mestrado, teses de doutorado, trabalhos de iniciação científica e artigos científicos publicados em revistas de indexação internacional”, comenta.