Nucal prepara animais para experiências na UFSJ

Publicada em 05/10/2021

Muita gente já deve ter se perguntado de onde vêm os animais utilizados nas experiências dos pesquisadores da UFSJ. A resposta é que, há seis anos, a instituição conta com o suporte do Núcleo de Criação de Animais de Laboratório (Nucal), que fornece ratos e camundongos para esses experimentos.

Instalado no Campus Tancredo Neves (Ctan) e vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Prope), o Núcleo surgiu do Biotério Central da UFSJ, criado em 2006, e então administrado pela Prefeitura de Campos. O Nucal possui regimento próprio, aprovado pelo Conselho Universitário em 2018, ano em que foi transferido do Campus Dom Bosco para o Ctan. Atualmente, segundo o coordenador, professor Paulo Henrique Almeida Campos Júnior (Dcnat), o prédio do Núcleo é um diferencial. “Contamos com uma excelente estrutura arquitetônica, projetada para a criação de animais em padrões internacionais”, garante.

Além do coordenador, a equipe do Nucal é formada pela técnica-administrativa Daniela Resende e pelos funcionários terceirizados Marcelo Macena dos Reis, Jean Lúcio Oliveira e Silva, José Moisés dos Santos e Luciano Inacio Fuzatto.

Conhecimento e inovação
A importância do Núcleo para toda a pesquisa, o ensino e a extensão na UFSJ é inegável. “A grande maioria dos animais são fornecidos para o desenvolvimento de pesquisas que geram resultados e conclusões científicas e são publicadas em revistas especializadas pelos pesquisadores responsáveis. É dessa forma que o Nucal contribui fortemente com a produção de conhecimento e inovação, um dos principais pilares da Universidade”, comenta o coordenador.

O Nucal atua em consonância com a Comissão de Ética no Uso dos Animais (Ceua) da UFSJ. O Núcleo, segundo o professor Paulo Henrique, apenas fornece animais para pesquisas que tiveram todos os procedimentos aprovados por essa Comissão, garantindo assim que sejam manuseados de forma ética. “Os procedimentos internos do Nucal também são avaliados pela Ceua. E em nossa atuação seguimos de forma rígida todas as diretrizes e normativas do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia”, completa.

Os protocolos são avaliados pela Comissão de Ética e definidos de acordo com cada pesquisa. “Cada pesquisador elabora o protocolo específico para um determinado projeto. Caso o mesmo seja aprovado, o pesquisador deve seguir todos os procedimentos descritos e ainda elaborar um relatório ao final de sua execução.”

Em termos de fornecimento de animais para pesquisas, as áreas biomédicas são as que mais demandam animais ao Nucal. “É comum que essas pesquisas estejam atreladas a dissertações de mestrado ou teses de doutorado, de diferentes programas, como Biotecnologia, Bioengenharia, Ciências Morfofuncionais e Ciências da Saúde”, informa o professor.

Pandemia
A falta de informações sobre a covid-19, se poderia infectar os animais, marcou o início da pandemia para a equipe do Nucal. Trabalhando em ambiente fechado, o medo era que, com os profissionais infectados, não houvesse quem cuidasse dos animais. “Quando a UFSJ determinou o trabalho remoto, fizemos uma escala de revezamento e nosso maior receio era perder alguma colônia de animais. Como alguns deles precisam ter certa variabilidade genética, não podemos reduzir o número de matrizes reprodutoras abaixo de certo limite e, consequentemente, isso nos obrigava a mantê-los, pois sabíamos que após a pandemia a demanda de animais seria grande e precisávamos atendê-la”, relembra Paulo Henrique.

Mesmo em esquema de revezamento de pessoal, o Nucal não parou por nenhum dia. A equipe unida trabalhou com muita dedicação na criação de animais com qualidade genética e sanitária, sem se descuidar do bem-estar animal. “Hoje, vemos que o esforço valeu a pena, as atividades acadêmicas estão retomando e o número de reserva de animais voltou a crescer”, comemora Paulo Henrique. O professor revela ter conhecimento de que, em algumas universidades do país, os biotérios foram paralisados, descontinuaram as criações de animais e agora enfrentam sérios problemas para conseguir novas matrizes para retomar as colônias. “Estamos satisfeitos por saber que, mesmo com todas as dificuldades, podemos atender às demandas da comunidade acadêmica”, destaca.

Coração na mão
A técnica em laboratório (área de Biologia), Daniela Resende, trabalha no Nucal desde 2011. A pandemia mudou totalmente a rotina dela e dos colegas terceirizados, exigindo mais dedicação. “Eu, que moro em Resende Costa, passei a vir toda segunda-feira ao Ctan, deixo as tarefas organizadas para o restante da semana, que serão executadas pelos servidores terceirizados. Daqui de minha casa, nos outros dias, realizo atividades administrativas e encaminho outras demandas”, explica.

Daniela afirma que um dos grandes medos durante a pandemia foi que todo o trabalho do Nucal pudesse se perder. “Ficamos com o coração na mão”, lembra, lamentando que nesse período foi preciso descartar muitos animais, em função do cancelamento das experiências em que seriam utilizados.

Recentemente, o Jornal das Lages, editado em Resende Costa, publicou matéria enaltecendo a dedicação dela para com os animais na UFSJ e o trabalho do Núcleo de Criação de Animais de Laboratório da UFSJ. “Fiquei feliz com a matéria. Depois da publicação, como fui professora na escola regular aqui na minha cidade, alguns vieram me dizer: seu trabalho é esse, não sabia, pensava que você dava aulas...”, sorri.