Como o novo Ensino Médio vai afetar a formação de professores?

Publicada em 20/10/2021

Comissão discute impactos da proposta nas licenciaturas

Novo Ensino Médio e desigualdades educacionais, com o professor Fernando Luiz Cássio (UFABC), é o tema da live organizada pela Comissão de Integração para Políticas de Formação de Professores de Educação Básica (Ciprof), que pretende discutir os reflexos das modificações do Ensino Médio na formação docente para as licenciaturas, conforme projeto do MEC aprovado em 2017, válido para todo o país.

Com transmissão pela TV UFSJ, o debate está agendado para esta sexta, 22, a partir das 18h, e visa, também, lançar luzes sobre a nova organização curricular que será implementada nas escolas a partir do ano que vem (conhecida como Novo Ensino Médio), e seus impactos, tanto nas redes educacionais públicas e privadas, como nos cursos de graduação que formam profissionais que vão atuar nessa nova realidade.

A Comissão
A Ciprof foi criada a partir de solicitação do Ministério da Educação, e tem por objetivo promover a articulação entre os cursos de licenciatura da UFSJ e os sistemas de ensino das regiões de abrangência da Universidade, desenvolvendo ações, programas e políticas educacionais, que incentivem a melhoria da qualidade da formação de professores.

A participação das instituições em projetos nacionais, como o Programa de Residência Pedagógica (RP) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), ambos da Capes, pode ser pleiteada por intermédio desta Comissão.

O novo Ensino Médio
O professor Heitor Antônio Gonçalves, do Departamento de Ciências da Educação da UFSJ (Deced), que preside a Ciprof, chama a atenção para o fato de que o novo currículo a entrar vigor valorizaria, em tese, a autonomia do estudante, que teria a possibilidade de escolher qual caminho formativo seguir. A realidade, entretanto, pode ser bem diferente: como a escola se veria desobrigada de oferecer todos os percursos formativos, “a oportunidade de escolha pode vir a ser limitação de escolha”, avalia.

Tal limitação tende a atingir especialmente as escolas públicas que, com frequência, experimentam uma série de dificuldades nesses quesitos. A perspectiva, portanto, é, segundo Heitor, de ampliação da desigualdade. Além da reconfiguração de áreas tradicionais de conhecimento e trabalho docente, as redes de ensino terão, ainda, que adequar sua infraestrutura e organização pedagógica.

O novo cenário pode acarretar em redução da procura por cursos de formação de professores, especialmente nas áreas de conhecimento que perderam espaço nesse novo currículo. E, também, fragilizar conquistas históricas da profissão docente.

 

Gabriella Canuto
Estudante de Jornalismo, estagia na Ascom