Outubro Rosa: diagnóstico precoce tem maior potencial curativo

Publicada em 29/10/2021

Outubro Rosa é o movimento internacional de conscientização para a prevenção e o controle do câncer de mama. Criado no início da década de 1990, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, a data tem como objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, além de proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, contribuindo para a redução da mortalidade.

Falar abertamente sobre o câncer de mama com mulheres de todas as idades ajuda a esclarecer mitos e verdades, aumenta o conhecimento e diminui o temor associado à doença. É preciso desfazer crenças para que a detecção precoce traga melhores resultados no tratamento e ajude a salvar vidas.

Conversamos com a professora do Departamento de Medicina da UFSJ (Demed), a médica mastologista, Nicole Menezes Rangel. Ela explica que o câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres, perdendo apenas para câncer de pele não melanoma, e acomete principalmente mulheres entre 45 e 55 anos. Dra. Nicole alerta, porém, que a incidência em mulheres jovens está aumentando: constata-se, na clínica, registros de tumores agressivos e de crescimento rápido, sendo que muitas mulheres jovens ainda não consideram o risco de desenvolver tal doença. “Todas as pacientes precisam estar cientes dos fatores de risco dessa doença”, ressalta.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a mamografia de rastreamento, ou seja, exame realizado para buscar alterações mamográficas em pacientes que não apresentam sintomas mamários, deve ser realizada a cada dois anos, por mulheres de 50 a 69 anos.

Essa é a faixa etária em que o uso da mamografia de rastreamento tem maior impacto na redução da mortalidade por câncer de mama. Como nas outras faixas etárias esse impacto não é tão significativo, não existe justificativa para se realizar mamografia de rastreamento.

Todavia, acrescenta Dra. Nicole, as pacientes fora da faixa etária devem ficar atentas aos fatores de risco e alertas a qualquer alteração mamária, procurando um mastologista sempre que houver dúvidas.

A mamografia de rastreamento pode ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama. A mamografia diagnóstica, realizada com a finalidade de investigação de lesões suspeitas da mama, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico. O SUS oferece exame de mamografia para todas as idades, conforme indicação médica, e o tratamento para o câncer de mama em unidades hospitalares especializadas.

Fatores de risco
Segundo cartilha do Inca, os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são:

#Obesidade e sobrepeso após a menopausa, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, exposição frequente a radiações ionizantes (raios X, mamografia e tomografia)
#Primeira menstruação antes dos 12 anos (menarca), não ter tido filhos, primeira gravidez após os 30 anos, não ter amamentado, parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos, ter feito uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional) por tempo prolongado, ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se por mais de cinco anos
#História familiar de câncer de ovário, de mama em homens, de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos. A mulher que possui alterações genéticas herdadas na família, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, têm risco elevado de câncer de mama

Dessa forma, a atenção deve ser dada principalmente aos riscos que podemos mudar, como estilo de vida, analisa Dra. Nicole. É por isso que o Outubro Rosa tem como slogan, este ano, a frase Quanto antes, melhor!

A professora acredita que aspectos associados a esses fatores, principalmente os que têm relação com estilo de vida, se veem mais presentes: menor número de filhos, gestação mais tardia, alimentação inadequada, associados à correria do dia a dia, podem estar influenciando a mudança de aparecimento de tumores de mama em mulheres mais jovens.

Dados do Inca apontam que hábitos saudáveis podem reduzir a incidência de câncer de mama em 13%. No Brasil, cerca de oito mil casos tiveram relação direta com fatores comportamentais, como consumo de bebida alcoólica, obesidade, não ter amamentado e sedentarismo.

A médica acrescenta que, pessoas que se cuidam, que fazem atividade física, que adotam uma alimentação saudável, que conseguem descansar, estão prevenindo não apenas o câncer de mama, mas várias outras doenças.

Homens
Apesar de raro, homens também podem ter câncer de mama. Em ambos os sexos, ele pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por meio dos seguintes sinais e sintomas:

  • Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher
  • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
  • Alterações no bico do peito (mamilo)
  • Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
  • Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos

Muitos avanços vêm ocorrendo no tratamento do câncer de mama nas últimas décadas. Há hoje mais conhecimento sobre as variadas formas de apresentação da doença e diversas terapêuticas estão disponíveis.

Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo.