Homenagem à Professora Magda Mara Assis

Publicada em 18/02/2022

Prof. João Bosco de Castro Teixeira

“Professora, diretora, mestra, superintendente de ensino, vice-diretora da UFSJ e infinitos outros títulos, merecidamente conquistados. Mas seus maiores títulos são extra grade curricular: alegria sem euforia, competência sem prepotência, liderança sem humilhação, discernimento com humildade, autoridade com delicadeza, idealista com visão real, conservadora, mas futurista, intensa internauta com equilíbrio e cautela... A verdadeira complexidade na simplicidade.”

Assim foi que antiga aluna e amiga da Professora Magda Assis a descreveu, com rara felicidade.

A Professora Magda foi muito gente. Aquele seu patrimônio de bem-dizer, de bem-querer recheava-se da alma do tempo. Ela sabia que os humanos são demasiado grandes para bastarem-se a si mesmos; eles só podem realizar-se ultrapassando-se; agir significa, então, juntar ao mundo algo de si mesmo. Ela sabia que uma ideia não é uma ideia se não estiver ligada a uma prática, se não for uma força de vida. Por isso foi excelente professora: não ensinava nada que não pudesse ser introduzido na vida. Tudo nela refletia vida, saborosa. Com isso, sua felicidade se dava no simples acontecer das coisas.

Magda não tinha mestrado nem doutorado. Em primeiro lugar, porque os critérios de competência e excelência, à época, não eram medidos por títulos acadêmicos. Em segundo lugar, porque lhe faltou tempo. Teria que deixar de trabalhar na docência, que era sua paixão, e dedicar-se a estudar sem um necessário regozijo. E não se consegue imaginar que os estudos de pós-graduação, stricto sensu, lhe tenham feito falta, pois tudo de que participava, o fazia sempre com crédito, nunca com débito.

Há um detalhe em sua vida que sobressai puro: sua refinada moral e ética acentuada. Intocáveis. Tê-la como companheira, durante tantos anos, era garantia de se estar realizando o trabalho com ilibado senso moral e ético.

A vida é um quebra-cabeças. A gente carrega consigo pedaços perdidos que completarão o quebra-cabeça das demais pessoas. Sim, há pedaços perdidos em nossas vidas, pedaços que dependem dos outros.

Magda disse adeus para todos, mas em tantos de nós encrustou pedaços a comporem nossos quebra-cabeças.

A vida de Magda foi uma regência sinfônica em variados movimentos e com instrumentistas encantados a proclamar-lhe a morte qual “sobrevir de Deus, entornadamente.”
 

(A Professora Magda não está aqui sendo definida nem descrita. Impossível. É apenas a expressão de um pedaço de mim que se foi, sem que isso me tenha feito aleijado, pois o que se foi é algo que dela em mim existia.)