A universidade pública é patrimônio do povo brasileiro: reitores debatem desafios no contexto da comunicação

Publicada em 30/08/2022

Na última sexta, 26, mais de 60 representantes de universidades de todo o país estiveram presentes no VIII Fórum Nacional de Reitores e Dirigentes de Universidades, promovido pela Fundação Roberto Marinho e pelo Canal Futura, que completa 25 anos.

O evento, bianual, volta a ter atividades presenciais, que tinham sido suspensas durante a pandemia. Hoje, a Fundação conta com 83 universidades públicas, comunitárias e privadas como parceiras.

Modelos consistentes de financiamento, redução da evasão escolar, políticas de inclusão e permanência de alunos e aproximação com a sociedade precisam ser prioridade para as universidades em 2023. João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, destaca que encontros e diálogos com a comunidade acadêmica são primordiais para a busca de soluções aos desafios da educação superior no país.

Diretor-geral de Mídia Impressa e Rádio do Grupo Globo, Frederic Kachar disse acreditar que esse trabalho conjunto vem pavimentar um caminho mais feliz para a educação. “A gente acredita que o jornalismo é uma atividade fronteiriça com a educação, nos seus objetivos de formar cidadãos.”

Para Acácio Jacinto, diretor adjunto do Canal Futura, o Fórum vem auxiliar o direcionamento da abordagem e produção de conteúdo sobre ensino superior, pesquisa e extensão universitária. “As instituições também ampliam a distribuição do conteúdo do Futura e participam do desenvolvimento de diversos projetos de intervenção local”, avaliou.


Na esteira desse debate, o reitor da Universidade Federal de São João del-Rei, Marcelo Andrade, referindo-se a muitas notícias falsas já divulgadas, assumiu que as universidades são, sim, lugar de festa e balbúrdia – a cada celebração de acesso dos estudantes à formação superior, a cada publicação de pesquisa, a cada projeto extensionista. “É preciso que os meios de comunicação, em parceria com as Ifes, colaborem com a pauta nacional de políticas de educação, priorizando o avanço das políticas de ações afirmativas e a garantia de orçamento para a manutenção desses alunos em nossas instituições.”

Orçamento e representatividade
Em meio a propostas de soluções para demandas de aprimoramento de ensino, ampliação do acesso e de fixação de alunos, os reitores vêm tendo que lidar com severos cortes orçamentários. Mesmo após anos de expansão na oferta de vagas, cursos e espaço físico, as universidades federais contam com orçamento equivalente ao de 14 anos atrás. Somente neste ano, perderam mais de R$ 400 milhões em recursos discricionários.

Um desafio que se faz urgente é explicar à sociedade que o orçamento para as universidades não é gasto, é investimento. A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, ressaltou que é preciso um movimento de defesa dessas instituições, que navegue na direção contrária ao processo de desqualificação verificado nos últimos anos. “Darcy Ribeiro já dizia que a crise na educação não é crise, é projeto. A Universidade é fundamental para o futuro do país.”

Desafio semelhante é a defesa da manutenção e ampliação da política de ações afirmativas no país. No ano em que a Lei de Cotas completa sua primeira década, a professora Luanda Moraes, superintendente de Unidades Estratégicas da Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), enfatizou a necessidade de consolidar as ações afirmativas como instrumento de combate às desigualdades sociais. “Passou da hora do Brasil atuar ostensivamente na redução de desigualdades. A desigualdade educacional se desdobra em desigualdade na renda, na ciência e na saúde. Portanto, as ações de combate a todas as formas de discriminação devem ser ações estruturantes; políticas de permanência é uma delas”, declarou.


Com informações da Agência Globo