Evento discute uma década da Lei de Cotas no Brasil

Publicada em 06/09/2022

A Lei de Cotas (12.711/2012) completou dez anos no dia 29 de agosto. Para debater a importância, o impacto e as perspectivas dessa política, o Tugu-Ná, grupo de pesquisa, ensino e extensão da UFSJ, realizou, dia 1º, na Sala da Peteca do Campus Dom Bosco, roda de conversa para discutir esse marco na história do país.

Presentes à mesa o reitor da UFSJ, Marcelo Andrade; a pró-reitora de Ensino de Graduação, Elisa Tuler; o presidente da Comissão de Heteroidentificação, Vitor Domingos; a pedagoga Pâmella Alves, egressa da UFSJ; o aluno do curso de Teatro, Rodolfo Rodrigues; e o técnico-administrativo Rafael Nonato, integrante da Comissão de Heteroidentificação.

Também foram apresentados números relativos à aplicação da Lei 12.711 na UFSJ, e as mudanças que o ingresso de cotistas nas universidades trouxe para uma população por séculos marginalizada. Importante frisar que a UFSJ aderiu à política de cotas em 2009 – desde então “a Universidade passou a pagar uma dívida histórica com a população negra”, nas palavras do reitor Marcelo Andrade.

O presidente da Comissão de Heteroidentificação, Vitor Domingos, reforçou a importância da lei, e como ela mudou a dinâmica de ocupação dos bancos escolares. Fez ainda um apontamento quanto às preocupações futuras relativas à aplicabilidade dessa política de ação afirmativa. “Um dos principais pontos de nosso trabalho é garantir que a política pública das cotas seja destinada a quem tem efetivamente direito a ela: as pessoas fenotipicamente vistas como negras na sociedade brasileira.” Também participante da Comissão, Rafael Nonato ressaltou o papel da lei na transformação das vidas de pessoas pretas e pardas na UFSJ, ao longo desses 10 anos.

O aluno Rodolfo Rodrigues tocou, como introdução à sua fala, cânticos que ecoaram os sons da luta do povo negro, reforçando a relevância de políticas inclusivas para os povos originários, que sempre estiveram à margem da sociedade. A pedagoga Pâmella Alves apresentou narrativas de sua dissertação de mestrado, para a qual ouviu alunas e alunos cotistas de quatro cursos da UFSJ e suas biografias marcadas pelo ingresso na Universidade pública.

O debate foi conduzido pelo professor Manuel Jauará (Decis), tendo se pautado por histórias da luta por direitos fundamentais, confrontadas ao racismo estrutural que ainda atinge o povo negro dia após dia no Brasil.

Texto: Elivelton Cosme (Estagiário Ascom)

Edição: Cibele de Moraes; Orientadora: Luciene Tófoli