Startups da UFSJ no topo do Programa Escale-se

Publicada em 26/10/2022

A NanoPack Technology in Nanofood, startup acadêmica da UFSJ, foi selecionada em primeiro lugar pelo Programa Escale-se e receberá recursos da ordem de R$ 100 mil para investir no desenvolvimento de sua tecnologia. A iniciativa vencedora surgiu de pesquisa do professor do Departamento de Química, Biotecnologia e Engenharia de Bioprocessos (DQBIO), Igor Boggione Santos, e deu origem ao Grupo de Pesquisa Nanotec, cadastrado no CNPq, e atuante no Campus Alto Paraopeba. Já a startup EcoNux, coordenada pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica e Produção (DEMEP), Túlio Panzera, alcançou o segundo lugar no mesmo Programa, porém não receberá recursos para investimento.

NanoPack
De acordo com o professor Boggione, o objetivo da tecnologia premiada é aumentar a shelf-life, ou seja, a “validade” dos frutos no período após a colheita. “A tecnologia consiste em um revestimento nanotecnológico e biodegradável com nanoestruturas incorporadas em um biopolímero para preservação de frutos no pós-colheita”, detalha Boggione.

A NanoPack surgiu em 2016, a partir de projeto de pesquisa financiado pelo CNPq, cujo objetivo era criar embalagens biodegradáveis e nanotecnológicas para preservação de frutos tão logo fossem colhidos. Inicialmente, a equipe buscou a participação em programa de pré-aceleração para se capacitar no empreendimento, conquistando o segundo lugar na 4ª Rodada da Biostartup Lab. “Com isso, foi possível estabelecer o modelo de negócios, vários contatos, maior visibilidade do produto, participação em eventos, finalização dos testes shelf-life em ambiente normal e início dos testes toxicológicos. Também realizamos teste de associação da nossa embalagem com cera de carnaúba a pedido da distribuidora Dallas Comércio de Frutas (SP), da ItaCitrus, que comercializa nacional e internacionalmente o limão tahiti com o mais alto padrão de qualidade, e da Mape Frutas e Mexericas”, comenta Igor.

A equipe de sócios da NanoPack é formada pelo professor e pesquisador Igor Boggione; pela ex-aluna de mestrado da UFSJ, Cinthia Rocha da Silva; pela ex-aluna de Engenharia de Bioprocessos da UFSJ, Júlia da Silva Moreira; e Waldir Promicia, presidente da ItaCitrus e da Associação Brasileira de Frutas (Abrafrutas).

Segundo o professor Igor, o prêmio de 100 mil reais será revertido para o escalonamento da produção, desde a assessoria jurídica para a criação de CNPJ, passando pela transferência de tecnologia e a instalação de uma unidade piloto em Ouro Branco (MG), para a produção dos revestimentos para testes com clientes.

O Grupo de Pesquisa Nanotec – Nanotecnologia em Bioprocessos é cadastrado na Plataforma de Grupos do CNPq, coordenado pelo professor Igor José Boggione Santos e pela professora Daniela Leite Fabrino, e tem como meta a construção de um grupo interdisciplinar para desenvolver pesquisas e produtos nanotecnológicos nas áreas de alimentos, biofármacos, tratamento de resíduos e cultura de células. Será abordada ainda a avaliação econômica dos produtos nanotecnológicos.

Aprender e estruturar
O pesquisador Igor Boggione tem buscado diversas fontes de financiamento da pesquisa envolvendo as embalagens nanotecnológicas para fruto pós-colheita, com o objetivo de consolidar a spin-off acadêmica NanoPack no mercado, transpondo assim a enorme barreira que ainda existe para levar as pesquisas acadêmicas para a sociedade.

Este ano, a NanoPack também foi selecionada no Programa Catalisa Sebrae, cujo objetivo é acelerar o processo de inovação em empresas, governo, academia e sociedade, ampliando as trocas de conhecimento de modo digital, democrático e escalável. Assim, é uma jornada de aceleração e fomento para o pesquisador, da Academia ao mercado, que inclui gates de seleção com base em critérios de mérito e do potencial de inovação da proposta em cada etapa.

EcoNux
A startup EcoNux é pioneira na fabricação de painéis-sanduíche sustentáveis constituídos de faces de alumínio e núcleo de tampas de garrafa PET ou anéis de bambu. O projeto surgiu em 2015, com o professor Túlio Panzera, a partir de projeto de pesquisa desenvolvido no Centro de Inovação e Tecnologia em Compósitos (CITeC) do Demep.

Os painéis-sanduíche são estruturas consagradas na Engenharia estrutural, constituídos de duas faces finas de material rígido e resistente, unidas a um núcleo mais espesso. As faces sustentam a maior parte da carga à qual os painéis são submetidos, de modo que o núcleo pode ser um material mais leve e menos resistente. “A inovação introduzida pela EcoNux está no núcleo (daí o nosso lema: Innovation is the core), de modo que diferentes materiais, além do alumínio, podem ser utilizados como faces, de acordo com as exigências de projeto. Os painéis apresentam excelentes propriedades mecânicas e de isolamento térmico, com potencial aplicação em diversos setores da indústria, como placas para revestimento na construção civil, assoalho de veículos e fabricação de baús de utilitários e caminhões, refrigerados ou não”, explica o professor Rodrigo Freire, membro da startup.

Para ele, o segundo lugar no Escale-se evidenciou o amadurecimento da equipe durante o Programa e “propiciou interação com empresas com potencial de aplicação de nosso produto e maior visibilidade no ecossistema de startups.”

Parceria
Coordenada pelo professor Túlio Panzera, a equipe EcoNux é formada pelo físico e pós-doutor em Engenharia de Materiais, Júlio César dos Santos, pelo doutorando nessa área, Rodrigo José da Silva, e pelos professores Rodrigo Teixeira dos Santos Freire (DCNAT) e Guilherme Germano Braga (DEMEP).

A EcoNux vem trabalhando em parceria com a Frigovale, empresa paulista do ramo de isolamento térmico de veículos utilitários. “O gerente da empresa, Wesley Ribeiro, demonstrou grande interesse por nossa tecnologia, que será empregada como assoalho de um veículo refrigerado de pequeno porte. Essa prova de conceito é o passo inicial para o futuro licenciamento da tecnologia no mercado. É importante ressaltar que a EcoNux, por meio do Netec, já possui a patente concedida dos painéis-sanduíche”, informa Rodrigo Freire.

Netec
Cada vez mais grupos de pesquisa da UFSJ vêm participando de iniciativas de desenvolvimento de negócios, a partir de pesquisas da Universidade. Para o coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica (Netec), professor Paulo Granjeiro, as premiações demonstram “o talento que a UFSJ tem nessa seara”, que pode servir de inspiração para outros pesquisadores e estudantes, e também contribuir com os indicadores de inovação da UFSJ e com soluções que melhorem a vida das pessoas.

Programa Escale-se
O Programa Escale-se surgiu com a intenção de selecionar projetos de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) de Minas Gerais. Pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação do Estado puderam participar desta edição, desdobrada nas etapas de pré-aceleração, pré-escalonamento e escalonamento de tecnologias. O Escale-se é fruto da parceria entre o Escalab, vinculado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas (INCT Midas), ao hub de inovação da Fiemg (FiemgLab) e à Biominas Brasil. A iniciativa conta ainda com aporte da Fapemig e da RHI Magnesita.