Economia criativa: UFSJ participa da Cátedra Unesco

Publicada em 20/12/2022

A UFSJ é uma das 17 universidades que integram a rede global da Cátedra Unesco em Economia Criativa e Políticas Públicas. Sediada na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e chancelada este ano, a entidade busca ser um centro de excelência em rede, através da promoção de um sistema integrado de pesquisa, treinamento, informação e documentação sobre Economia Criativa, reunindo e difundindo conhecimentos, bem como seus efeitos e impactos no desenvolvimento local e regional.

Uma de suas principais ações é organizar periodicamente a Conferência Internacional de Economia Criativa e Políticas Públicas (ICCEPP 22 – Unesco Chair). A primeira edição aconteceu dias 5 e 6 deste mês, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e contou com as presenças do reitor Marcelo Andrade e do professor do Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis (Decac), Gustavo Melo. Esse pesquisador é representante da UFSJ na entidade e apresentou painel durante o evento em Ouro Preto. O reitor Marcelo discursou na abertura, selando a participação da Universidade na Cátedra e destacando a importância de se participar de tão importante rede de pesquisa. Confira, ao final dessa matéria, o discurso do dirigente da UFSJ, escrito pelo professor Gustavo Melo.

Áreas interdisciplinares
Em entrevista ao site da UFV, o coordenador do projeto e professor do Departamento de Administração, professor Magnus Luiz Emmendoerfer, informou que a Cátedra reunirá, inicialmente, pesquisadores de 14 universidades brasileiras, a maioria públicas, e mais quatro estrangeiras. “Nelas, há pesquisadores de áreas multidisciplinares, como Engenharia Ambiental, Geografia, Economia, Turismo, Administração, Gestão Pública e Ciências Naturais, que estarão ligados a uma rede global, articulando temas como turismo, cultura, gestão e eventos.”

De acordo com o coordenador, desde o ano 2000 o Brasil reconhece a economia criativa como um setor de atividades com alto potencial para geração de renda e trabalho, sobretudo para populações mais jovens e vulneráveis. Um bom exemplo é o crescimento, na última década, de projetos empreendedores relacionados à cultura, inovação, turismo e educação. No entanto, segundo os especialistas, a economia criativa ainda carece de políticas de incentivo.

As universidades, segundo Magnus, têm um papel importante para interpretar os dados e tendências da área para que esse conhecimento chegue à população que ainda não percebe a sua potência ou não se identifica com as muitas possibilidades que ele oferece. “A economia criativa expressa um setor produtivo, que permite integrar atividades, desde as artísticas até as mais tecnológicas. Os saberes tradicionais, que podem ser o grande diferencial desses projetos, devem estimular o empreendedorismo nesse setor em regiões do interior do Brasil”, disse o coordenador ao site da UFV.


Discurso do reitor

Ao Prof. Dr. Magnus Luiz Emmendoerfer
Coordenador Geral da Cátedra UNESCO em Economia Criativa e Políticas Públicas

Estamos felizes e honrados em fazer parte do grupo de universidades cofundadoras da Cátedra UNESCO em Economia Criativa e Políticas Públicas e, consequentemente, participar da International Conference of Creative Economy & Public Policies (ICCEPP22), em sua primeira edição, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Desde o primeiro momento, em abril de 2020, a UFSJ se posicionou favorável à proposição da Cátedra e se colocou à disposição do então proponente, Prof. Magnus Luiz Emmendoerfer, tanto por meio do pesquisador e professor ponto focal da rede nesta Universidade, como também por meio de sua Reitoria.

No desenvolvimento de nossa Universidade sempre reconhecemos a relevância econômica e o papel social da economia criativa. A UFSJ tem sua origem na cidade de São João del-Rei, que vivenciou, na construção social de seu território, várias realidades históricas de trabalho e renda. Enquanto polo regional político, administrativo e cultural, a cidade de São João del-Rei foi espaço e território para o desenvolvimento de comunidades e cidades criativas, a partir de setores produtivos tradicionais e inovadores, imersos em atividades econômicas extrativistas, agrícolas e pecuárias, industriais e de serviços. Mais recentemente, principalmente nas últimas três décadas, temos um potencial de desenvolvimento criativo e inclusivo, em toda a região do Campo das Vertentes, por exemplo, associada com as atividades turísticas, alavancadas, principalmente, pelos atrativos históricos e ambientais da região e pelos receptivos turísticos da cidade de Tiradentes.

Os potenciais da economia criativa e das decorrentes políticas públicas associadas às atividades econômicas e aos territórios locais têm se apresentado como uma possibilidade de desenvolvimento socioeconômico no século XXI, por meio de políticas públicas focadas no fomento de atividades econômicas sustentáveis e inclusivas. Em nossa região temos um caso longevo e socialmente reconhecido no campo da Música. São João del-Rei é palco institucional do desenvolvimento criativo da música brasileira, inicialmente com suas duas orquestras bicentenárias – Lira Sanjoanense, de 1776, e Ribeiro Bastos, de 1790 –, posteriormente incrementado com a inauguração, em 1953, do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier e, em 2006, com a criação do curso de Música da Universidade Federal de São João del-Rei.

A criação do curso de Música pela UFSJ é um exemplo do envolvimento e reconhecimento de nossa Universidade com o potencial criativo da região do Campo das Vertentes. Seja na área tecnológica ou até mesmo no desenvolvimento de pesquisas nos sistemas produtivos tradicionais locais como, por exemplo, do estanho, da gastronomia, da tecelagem e decoração, mas também no campo da arte e cultura, com o oferecimento de cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, Artes Aplicadas (cerâmica) e Teatro.

Entretanto, o reconhecimento institucional, o envolvimento pessoal e até mesmo o potencial local da economia criativa necessitam de liderança para continuidade e desenvolvimento de melhorias nos processos produtivos, econômicos e de políticas públicas. Portanto, somos todos gratos pela iniciativa, competência e liderança científica do Prof. Dr. Magnus Luiz Emmendoerfer, que propôs e coordena a Cátedra Unesco de Economia Criativa e Políticas Públicas, estimulando o desenvolvimento científico nesse campo, que pode promover, para a vida cotidiana de vários cidadãos, melhorias e possibilidades futuras, por meio de atividades econômicas criativas, sustentáveis e inclusivas.”


Foto: Maurício Santos