Atenção doutorandos da UFSJ: Prope lança edital de bolsas no exterior!

Publicada em 11/01/2023

Que tal cursar parte do seu doutorado fora do Brasil? A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Prope) está com edital aberto para o processo seletivo de candidatos ao Programa de Doutorado Sanduíche (PDSE). “É uma grande oportunidade de fomento à internacionalização e às redes de pesquisas internacionais”, destaca o pró-reitor André Baldoni.

As inscrições são gratuitas e vão de 13 de janeiro a 9 de fevereiro deste ano, mediante o encaminhamento da extensa lista de documentos relacionados no edital para o e-mail da secretaria do programa de pós-graduação a que o discente se encontra vinculado. O comprovante de proficiência em língua estrangeira e a carta do coorientador no exterior podem ser entregues até 8 de março. Nunca é demais lembrar: não deixe para a última hora o envio dos documentos necessários para sua inscrição!

As cotas do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) estão distribuídas entre sete programas de doutorado da UFSJ, a saber: programas de pós em em Bioengenharia; Física e Química de Materiais; Biotecnologia; Ciências da Saúde; Psicologia; e os programas multicêntricos em Bioquímica e Biologia Molecular, e Química de Minas Gerais. Cada um dispõe de uma vaga a ser preenchida.

Para concorrer a uma dessas vagas, o candidato precisa preencher certos requisitos, entre os quais estar regularmente matriculado no curso de doutorado, devendo o tempo de permanência no exterior ser previsto de modo a restarem, no mínimo, seis meses no Brasil para a integralização de créditos e a defesa da tese.

Conversamos com duas doutorandas da UFSJ que estudam em universidades estrangeiras, por meio do PDSE. Elas nos contam suas experiências de pesquisa no exterior.

“A palavra convence, mas o exemplo arrasta!”
Meu nome é Marina Marques Lopes de Morais Toledo [foto à direita, com o Prof. Gustavo Blanco], sou bacharel em Bioquímica, mestre em Ciências da Saúde pela UFSJ e atualmente faço meu doutorado no Programa Multicêntrico de Bioquímica e Biologia Molecular.

O sonho de fazer parte de minha carreira estudantil fora do Brasil me acompanha desde a graduação, quando conheci alguns veteranos que tiveram essa oportunidade pelo Ciências sem Fronteiras. Tendo escolhido a carreira acadêmica como objetivo de vida, e percebendo as limitações da pesquisa no Brasil, já no mestrado coloquei o doutorado sanduíche como alvo, seguindo o exemplo de orientadores e colegas de laboratório que trilharam o mesmo caminho.

Comecei a aprimorar meu inglês e, assim que o edital da Capes saiu, eu tinha o escore de proficiência necessário para concorrer. Podia escolher qualquer laboratório no mundo! Hoje estou no Departamento de Biologia Celular e Fisiologia da Universidade Médica do Kansas (KUMC), como pesquisadora visitante, trabalhando com o professor Gustavo Blanco. O que me motivou foi justamente a oportunidade de aprender com esse pesquisador, desde que assisti à sua palestra numa visita que fez ao CCO. O tema era a subunidade alfa4 da Na/K-ATPase e contraceptivo masculino. Naquele dia, entendi que, se um contraceptivo oral masculino pode existir, eu tinha que fazer parte disso! E é exatamente o que estou fazendo: buscando entender os fatores que influenciam a infertilidade masculina e o design de um contraceptivo seguro.

A bolsa Capes, com a qual fui contemplada, me permite ficar no Kansas por 10 meses, até agosto. A experiência tem sido extremamente desafiadora, mas ao mesmo tempo gratificante. Conhecer como uma universidade pública funciona nos Estados Unidos é uma chance única.

Se seu sonho é buscar mais oportunidades de aprendizado, saiba que é possível. Dedique-se ao inglês e estude especificamente para o exame. Hoje se pode estudar línguas de diversas maneiras, inclusive na internet. Posso dizer sem medo de errar: qualquer aluno da UFSJ tem condições de fazer o mesmo que eu!

“Trabalhar com diferentes visões sobre os problemas de saúde abre nossa janela de conhecimento”
Sou Aline Fernandes Pedroso [foto à esquerda, naquela majestosa biblioteca americana] e estou no último ano do doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, no Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO). Minha linha de pesquisa é em Saúde Coletiva, área de concentração em Epidemiologia. Estudo na Yale University, que fica em New Haven, Connecticut, nos Estados Unidos. Meu programa tem duração de seis meses; mês que vem estou de volta ao Brasil.

A experiência de pesquisa fora do país sempre foi algo que me interessou. Participei do Ciência sem Fronteiras durante a graduação, pude estudar nos Estados Unidos por um ano, então já conhecia a infraestrutura e as diversas oportunidades de pesquisa no país.

Iniciei um novo projeto mais alinhado com o grupo de pesquisas com que estou trabalhando aqui, em paralelo com minha tese principal. O grupo se chama CarDSLab (Cardiovascular Data Science Lab), e se dedica a pesquisas focadas em doenças cardiovasculares e terapias preventivas para tais doenças, utilizando métodos de ciência de dados e machine learning. Meu projeto foca em medir a capacidade preditiva de diferentes escores de risco cardiovascular, em determinar o risco cardiovascular na população brasileira, analisando também diferentes estratos da população, como homens vs. mulheres, diferentes categorias raciais, entre outras. Inicialmente, vamos medir a acurácia de três escores: PCE, SCORE-2 e HEARTS, usando o banco de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil).

Acredito que uma experiência no exterior durante o doutorado é capaz de enriquecer a formação do pesquisador porque, além de termos acesso a diversos recursos que muitas vezes são escassos no Brasil, aprendemos novas tecnologias, conhecemos pesquisadores e colegas de todas as partes do mundo e diversificamos nossa formação como pesquisadores e futuros professores.

A experiência está sendo incrível. Apesar dos desafios diários, profissionalmente posso ver o quanto estou evoluindo. Aprendi muito sobre ciência de dados na saúde e cursei disciplinas nessa área, o que não teria como fazer no Brasil. Participei de workshops, palestras e cursos não só na minha área de pesquisa, mas também sobre escrita científica, falar em público, posicionamento no mercado de trabalho e diversos outros. Yale proporciona não só oportunidades de aprendizado profissional e científico, mas também de arte e cultura: todos os membros da comunidade têm disponíveis teatros, cinemas e três museus, assim como eventos para todos os interesses. Conheci pessoas de diversos lugares do mundo e aprendi muito sobre diferentes culturas, o que abriu meu olhar para minha pesquisa e me trouxe uma carga de conhecimento maior.

Tenho certeza de que uma experiência internacional só tem a acrescentar à vida de qualquer pessoa. Os desafios existem, como em qualquer situação nova, mas temos suporte em cada etapa do caminho e os orientadores internacionais estão preparados e ansiosos em receber alunos brasileiros.