Pesquisadora da UFSJ integra instituto da USP de combate à fome

Publicada em 23/01/2023

A professora Carolina Ribeiro Xavier, do Departamento de Ciência da Computação da UFSJ (DCOMP), está entre as 38 pesquisadoras e pesquisadores de universidades de todo o país e do exterior que vão fazer parte do novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Universidade de São Paulo (USP), no projeto Combate à fome: estratégias e políticas públicas para a realização do direito humano à alimentação adequada – Abordagem transdisciplinar de sistemas alimentares com apoio de Inteligência Artificial.

O Instituto é um dos 58 criados pelo CNPq. A aprovação dos novos INCTs tem como missão promover a ampliação de temas como segurança alimentar, agricultura de baixo carbono, saúde única (one health), desigualdades e violência de gênero, inteligência artificial e nanofármacos. Serão investidos cerca de R$ 324 milhões em propostas de pesquisa de excelência, visando a solução dos grandes desafios nacionais. Espalhados por todo o Brasil, os novos institutos têm como objetivo fomentar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica nas cinco grandes regiões brasileiras.

A iniciativa do Instituto de Combate à Fome, coordenado pela professora Dirce Maria Lobo Marchioni, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP), terá caráter interdisciplinar e reunirá pesquisadores e bolsistas de pelo menos outras 15 universidades brasileiras e estrangeiras, dedicados a buscar e fornecer respostas para alguns dos principais desafios do Brasil. Entre elas, UFSJ, Unicamp, UFSCar, Unifesp, Fundação São José, Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), UFF, UFG, UFAC, Faculdades de Campinas, UFBA, UFS, Embrapa, University of Saint Joseph (Macau), University of Toronto (Canadá), Newcastle University (Inglaterra), Universidade de Lisboa e Universidade do Porto (Portugal).

Na proposta para o combate à fome, serão desenvolvidos estudos a partir de cinco eixos: Saúde e Nutrição; Políticas Públicas; Cadeia de Valor; Inteligência Artificial; Comunicação.

Pesquisa UFSJ-USP
A professora Carolina Xavier foi convidada a integrar essa equipe após ser aprovada no pós-doutorado com a professora Dirce Marchioni, proponente dessa pesquisa na USP. Seu trabalho faz parte do Programa USP Sustentabilidade, com projeto que analisa dados de insegurança alimentar e combate à fome.

“Sou da Ciência da Computação e esse INCT inova na proposta de uso de inteligência artificial e ciência de dados para auxílio por meio de ferramentas para combater a fome.” De acordo com Carolina, esse é o único instituto que pesquisa a temática da erradicação da fome. “Como esse assunto está no centro do debate nesse novo governo, acredito que o trabalho será de grande impacto”, esclarece a pesquisadora.

De acordo com os pesquisadores Antônio Mauro Saraiva e Alexandre Cláudio Botazzo Delbem (USP), a fome e a insegurança alimentar são problemas complexos, multifacetados, que envolvem diversos fatores, causas e atores. Por isso, os temas demandam a consideração de muitas variáveis e dados que permitam entender essa complexidade. As pesquisas partem da seguinte premissa: como lidar com essa enorme quantidade de dados para tomar decisões e propor políticas públicas?

A ciência de dados e a inteligência artificial podem contribuir para superar os desafios ligados aos dados, e para disponibilizar instrumentos de apoio à tomada de decisão. Os professores explicam que, de imediato, o primeiro desafio está ligado ao acesso e à qualidade dos dados. Assim, é preciso descobrir o que há de informação realmente relevante e confiável nessas múltiplas bases de dados, o que é um desafio na área de Inteligência Artificial. Outras questões importantes são a cobertura geográfica e a frequência de atualização dos dados nessas bases.

Para os pesquisadores, os resultados e modelos computacionais obtidos por Inteligência Artificial também precisam ser explicáveis e de fácil entendimento, uma vez que as políticas públicas devem ser justificadas com clareza e requerem apoio de diversos setores do governo e da sociedade para serem aprovadas, implementadas e incorporadas pela sociedade. “É fundamental que pessoas com diferentes formações possam ser capacitadas a usar adequadamente as ferramentas e a interpretar seus resultados”, afirmam.

Mapa da Fome
O Brasil voltou a integrar o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), e vem retrocedendo nos esforços mundiais para eliminar a fome e a desnutrição. O percentual de brasileiros que não têm certeza de quando vão fazer a próxima refeição está acima da média mundial.

Um país entra no mapa da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos. E a fome crônica no Brasil atingiu 4,1%.

Os dados da FAO mostram que a quantidade de brasileiros que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões de pessoas, atingindo um em cada três habitantes. Os últimos números revelam uma piora sensível da insegurança alimentar. Entre 2014 e 2016, atingiu 37,5 milhões de pessoas, sendo 3,9 milhões em condição grave.
 


Com informações da Assessoria de Comunicação da FSP/USP