1 - Especial Dia do Professor: Educar é transformar e realizar grandes sonhos
Pergunta: o que você fazia entre 2008 e 2013? Talvez até não se lembre bem do que realizou nesse quinquênio. Mas, para a professora do Departamento de Engenharia Florestal, Glauciana da Mata Ataíde, esse espaço de tempo foi o suficiente para que, graduada em Engenharia Florestal pela UFVJM ao final de 2008, cursasse uma especialização, um MBA, o mestrado e o doutorado na área que seguiu.
Atualmente professora adjunta e vice-coordenadora do curso de Engenharia Florestal, no Campus Sete Lagoas da UFSJ, Glauciana é também docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFMG.
Segundo ela, cinco fatores contribuem quando se deseja alcançar metas pessoais e profissionais: dedicação, empenho, amor, disciplina e foco. Também, durante sua formação, teve o privilégio de haver, entre colegas, amigos e professores, fontes muito inspiradoras. “Desde a época do ensino básico já me espelhava nos professores e professoras, que acabaram se tornando uma inspiração inicial da minha carreira. Posteriormente, tive grandes mestres na Engenharia Florestal, a área que escolhi”, explica.
“Hoje, na UFSJ, estou cercada por pessoas que são grandes referências para mim, às quais dedico o meu reconhecimento e agradecimento pelo trabalho que temos desempenhando nos últimos anos. Cito aqui amigos, colegas de departamento e Universidade, estudantes e orientandos.”
Acreditando que o ensino é uma troca de experiências e conhecimentos, e que juntas as pessoas são capazes de colaborar e aprender sempre mais, Glauciana Ataíde revela que é “uma grande honra” contribuir e colaborar com a formação acadêmica dos estudantes. “Sinto-me feliz e realizada por ter escolhido ser professora.”
Para ela, a Educação é o ponto de partida da formação do cidadão, bem como para a transformação da sociedade. E cita Paulo Freire: “a educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo.” Nesse contexto, o professor tem um papel fundamental. “Eu acredito que a função do professor - e, agora tenho o privilégio de saber, a de um pai ou de uma mãe - é muito ampla: não se trata de fornecer apenas conhecimento técnico, ou de passar respostas sobre problemas profissionais, mas de abrir o caminho para o conhecimento, de criar inquietações e provocações capazes de desenvolver as habilidades já existentes nos alunos, de transformar percepções, valores e pensamentos, que serão o impulso e a chave para o futuro deles”, avalia.
As mudanças na Educação, baseadas sobretudo em transformações tecnológicas, exigem novas metodologias. “As formas de interação com os alunos acabam exigindo mais dinamismo e uma atualização mais constante e pautada em novas ferramentas de ensino e de interação. Em virtude do excesso de informações sobre vários temas e da facilidade de acesso dos alunos a esse mundo de conhecimento, eu observo que os alunos de hoje são mais ativos e agentes preponderantes no processo ensino-aprendizagem”, analisa.
A professora Glauciana Ataíde não cita apenas uma experiência marcante de sua vida como docente, por entender que quando se ama o que se faz, o cotidiano se torna prazeroso e alegre. Uma coisa de que gosta é ver seus ex-alunos se destacando nas carreiras que elegem. Fica muito feliz, igualmente, ao ser escolhida para ser homenageada pelas turmas dos formandos. “Para um professor ou professora, ser escolhido como homenageado em um momento tão importante é uma honra muito grande, e reflete a realização suprema na vida de um docente: o carinho dos seus alunos.”
Mulher cientista
Para Glauciana, lugar de mulher é na ciência, na pesquisa, no ensino, na política e em todos os lugares que ela quiser. “Quantas mulheres extraordinárias estão à nossa volta? E quantas são reconhecidamente elogiadas por isso? Na Ciência, assim como em toda a sociedade, existe machismo sim, infelizmente”, lamenta. Mas ela acredita em uma evolução, porém ainda muito aquém do necessário. “Por isso precisamos cada vez mais conversar sobre a valorização e a importância das mulheres na Ciência e em todos os campos de trabalho, assim como precisamos discutir e nos posicionar contra qualquer tipo de desigualdade.”
Neste momento de pandemia, a Universidade se apresenta como “espaço fundamental de convívio e acolhimento.” Por essa razão, a professora vê o ensino remoto emergencial como um momento de muito aprendizado, de comprometimento e de grandes transformações na forma de ensinar. “Tenho expectativas muito positivas de que vamos sair dessa pandemia melhores e com valiosas lições”, prevê.
Calcada em sua experiência, Glauciana entende que ser professor e pesquisador nos dias atuais exige paciência, perseverança, força de vontade e humildade. “Para além dos conhecimentos técnicos, é preciso ser humano e proativo, e ter consciência da importância da nossa profissão e de como podemos mudar, para melhor, a vida dos educandos.”
Quando se exalta o trabalho docente, ela parabeniza a todos por essa data especial e por terem escolhido uma carreira tão inspiradora e transformadora. “Neste dia dos professores, compartilho com todos os colegas meu agradecimento e admiração por repartirem conhecimentos, experiências e serem capazes de transformar e realizar grandes sonhos.”
Publicaremos, ao longo desta semana, uma série de perfis que homenageia os professores da UFSJ.
Como não é possível entrevistar a todos, contamos com a ajuda do Setor de Registro na definição de nossas fontes, segundo critérios que buscaram contemplar a diversidade que caracteriza nossa comunidade docente.
2 - Aluna formada em Artes na UFSJ é destaque do Festival Artes Vertentes
Ação cultural para a liberdade, o quarto encontro do Ciclo Pororoca, reuniu a escritora Maria Valéria Rezende, um dos principais nomes da literatura contemporânea no Brasil, e Ísis Bey Trindade, artista visual e ceramista, formada em Artes Aplicadas pela UFSJ. O debate, que foi ao ar no último dia 6, está disponível no YouTube. O Ciclo Pororoca é uma das muitas atrações inseridas no
Festival Artes Vertentes 2020 (FAV).
Ísis acredita que a autonomia e, consequentemente, a liberdade na Educação, é um processo que precisa ser exercitado e construído. Citando Paulo Freire, explica: “Ensinar não é só transferir conhecimento, mas sim criar possibilidades para essa própria produção. Penso a ação cultural como criação dessas possibilidades, de modo que as próprias pessoas alcancem essa liberdade, a reivindiquem, sejam conscientes dos seus direitos e criem formas de transformarem suas vidas.”
O diálogo entre autora e artista abordou a temática da arte e da educação como direito e esperança de amparo às crianças e jovens. Para Bey, as escolas, de modo geral, não estão preparadas para a formação crítica e autônoma. “Perpetuam as desigualdades e a exclusão, num ambiente de opressão, competição e violência. É preciso repensar de forma radical a pedagogia no Brasil e aproveitar espaços educativos informais para valorizar as competências individuais e a história de cada aluno.”
História e memória: uma autobiografia
Melhor do que contar a história de alguém é deixar que ela mesma recrie suas memórias. Por isso, a palavra da própria artista ganha a cena na sua autoapresentação.
“Meu nome é Ísis Bey, nasci em Belo Horizonte, moro atualmente em Tiradentes, e trabalho como arte educadora na Ação Cultural do Festival Artes Vertentes, oferecendo oficinas de artes visuais para o público da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), da Associação de Moradores do Alto da Torre e da Associação de Moradores do Bairro Pacu.
Minha primeira memória de vida está ligada à arte. Aos quatro anos via meu pai tingindo massas e, daí em diante, todas as memórias estão relacionadas à música, artes plásticas, dança, letras. Minha mãe é escritora, meu pai é filósofo e artista plástico autodidata. Sempre tivemos muitos livros em casa, e muito incentivo para produzir. Cantávamos no madrigal, nos apresentávamos em recitais. Cresci numa família privilegiada, respirando esse universo das artes, mergulhada nos aparatos que eu gostaria que toda criança tivesse, para crescer um adulto livre e autônomo.
Minha alma de artesã nasceu aos 10 anos, quando comecei a pintar peças de gesso, que vendia na loja da amiga do meu pai. Pouco depois, uma das minhas irmãs resolveu que iríamos fazer teatro, o que foi libertador para mim, criança tímida que fui. No teatro, descobri meu amor pelas artes plásticas, ao construir cenários, figurinos e adereços.
Aos 16, morei em alguns estados do Brasil, estudando e trabalhando com arte. Foi em Aracaju que entrei na companhia Stultífera Navis, tocando violino, depois como atriz e secretária, quando aprendi um pouco sobre os mecanismos de financiamento de projetos artísticos. Percebi então que a gente precisava buscar se instruir sobre esses mecanismos, para criar o que quiséssemos! Passei também a perceber a arte de maneira menos disciplinar.
Meu pai, irmãs e um irmão estavam morando em Tiradentes, para onde vim em 2009. Moramos no Alto da Torre. A realidade social dessa comunidade é um retrato difícil e muitas têm, infelizmente, um destino cruel e comum em nosso país. Com meu trabalho, consegui resgatar algumas pessoas, que hoje estão, inclusive, na Universidade. Eu me realizo com cada conquista delas, é uma forma de resistência. O papel da arte é sensibilizar o ser humano e humanizar nossas relações, tanto com o mundo quanto com nossos conflitos internos e externos.
Continuei estudando música, fazendo artesanato e estudando cinema. Conheci em Tiradentes o ceramista Francisco Alessandri, que na época era aluno do curso de Artes Aplicadas da UFSJ, e aí todo um universo se abriu à minha frente. Foi o que me levou para a Universidade.”
Na UFSJ
Aluna da UFSJ de 2012 a 2017, já no primeiro ano da graduação Ísis participou do Grupo Transdisciplinar de Pesquisa em Artes e Sustentabilidade, orientada pelo professor Adilson Siqueira, do curso de Teatro. “Foram muitos saberes compartilhados em uma mesma atividade junto aos moradores do Araçá, um local de prática e de afeto muito importante pra mim”, nos conta Ísis.
Durante a graduação, fez um ano de mobilidade acadêmica na Universidade Federal do Amazonas, estudando cerâmica indígena como projeto de extensão.
Orientada pelas professoras Glória Ribeiro e Zandra Miranda, a então aluna integrou a equipe do Centro de Referência da Cultura Popular Max Justo Guedes, no Fortim dos Emboabas, tempo esse fundamental para sua formação. No Fortim, teoria e prática foram vitais. “Conheci Nise da Silveira, que hoje é uma guia, os grupos de estudo de Psicologia, de arte terapia, os encontros com o pessoal da Filosofia… Foi lá que me apaixonei por estudiosos que amo hoje: Paulo Freire, Jung, Piaget, Janusz Korczak, Foucault, Lévi Strauss…”
Ísis também trabalhou durante seis anos com arte educação no Museu do Barro, recebendo a comunidade, indo às escolas estaduais e municipais, às comunidades remanescentes quilombolas, oferecendo oficinas em eventos, congressos e seminários.
Na iniciação científica, desenvolveu, com a irmã Janaína, estudante de Teatro, um produto pedagógico para o ensino das sensibilidades, com orientação do professor Cláudio José Guilarduci. O resultado foi um livro infanto-juvenil, que narra a história dos edifícios teatrais dos séculos XVIII e XIX em São João del-Rei. As ilustrações foram feitas com carimbos de cerâmica. Outra experiência nova: o flanar pelas ruas, andar pela multidão à cata de algo, percebendo o espaço arquitetônico. Esse livro, relembra Ísis, veio da exposição 30 portas imaginárias para São João del-Rei, uma série de 30 imagens do pensamento desenhadas em nanquim e tinta. “Buscamos refletir sobre os objetos urbanos tombados e as possíveis imagens que eles possam representar para a população da cidade.”
Em seu trabalho de conclusão de curso, Ísis falou de suas inquietações frente a tantas injustiças sociais, refletindo sobre como a arte poderia ser ferramenta de sensibilização e denúncia. O trabalho foi apresentado em formato audiovisual: Refletir e Florescer está no
Youtube.
Matéria publicada nosso site traz mais detalhes sobre essa produção.
E agora, 2020?
Hoje, diante tantos projetos, como o FAV e a atuação nas associações, Ísis se vê diante de um novo desafio: o distanciamento social, causado pela pandemia do novo coronavírus. “Mas são nos momentos de crise que exigimos de nós ainda mais criatividade e força. Seguimos, aprendendo a cada situação. Literalmente, fomos às casas, chegamos ao portão, mantendo o distanciamento. Daí nasceu essa história do “bate papo de portão”. Estreitamos bastante nossas relações, fortalecemos nossas parcerias, nossos laços.”
Para que fosse possível a continuidade dos projetos, criou-se uma rede de apoio, foram realizadas visitas para entrega de apostilas, kit de materiais, além das aulas on-line. Um documentário sobre as Águas de Tiradentes está sendo produzido, entre outras trabalhos, que em novembro poderão ser assistidos durante o FAV. “Para mim, arte educação é uma forma de resistência, de empoderamento, de libertação, de atuação no mundo, é uma forma de construir esse mundo que queremos, com receptores e emissores mais sensíveis”, empolga-se Ísis.
3 - Simpósio traz coletânea de pesquisas sobre questões indígenas
A UFSJ realiza, nos dias 19 e 20 de outubro, o I Simpósio Ameríndia: entre saberes, culturas e história dos mundos nativos. O evento é derivado das atividades desenvolvidas ao longo da especialização Mundos Nativos: saberes, culturas e povos indígenas, oferecida aos professores da rede pública de ensino pelo Núcleo de Ensino a Distância (Nead). As inscrições ficam abertas até o dia 18, no
site Even3.
Coletânea, que tem o mesmo nome do Simpósio, será lançada na abertura do evento, dia 19, às 15h. Organizada pelas professoras Maria Leônia Chaves e Maria Clara dos Santos, do Departamento de Ciências Sociais da UFSJ (Decis), a obra reúne pesquisas voltadas aos povos indígenas, nas áreas de Artes e Arqueologia, História, Geografia e Patrimônio Cultural, Direitos Humanos e Constitucionais, Educação Indígena, entre outras.
De acordo com Maria Leônia, “esse Simpósio é um convite ao desafio de debater o nosso Brasil profundo, multicultural e pluriétnico, tendo os indígenas como protagonistas, e estimulando um diálogo entre a sociedade brasileira e os mundos nativos.”
Nessa linha, a palestra de encerramento vai discutir o desmonte histórico da política indigenista brasileira e o novo paradigma, baseado na exploração econômica, e as novas formas de resistência que despontam no repertório de ação dos povos indígenas. Em maus lençóis: a constância do genocídio indígena, a transformação da política indigenista e as novas formas de resistência indígena no Brasil, com Leonardo Barros Soares, doutor em Ciência Política pela UFMG, e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Pará, está agendada para o dia 20, às 19h30.
4 - 2º Seminário PPEdu ocorre na próxima segunda (19/10)
O Programa de Pós-Graduação em Educação promove, na próxima segunda-feira (19/10), o 2º Seminário do PPEDU 2020 com o tema "Projeto Motirô - o festejo como testemunha"
5 - Atenção: inscrições para mostra SBPC “As Ciências e a Pandemia de Covid-19” terminam nesta sexta (16/10)
O objetivo da mostra é chamar a atenção para a importância das diversas iniciativas de divulgação de informações sobre o coronavírus, colaborar com a divulgação desses materiais e destacar seus realizadores. Confira o regulamento e participe!
A Mostra “As Ciências e a Pandemia de Covid-19″, que tem por objetivo estimular e ajudar a promover e difundir as iniciativas audiovisuais de divulgação e conscientização sobre a pandemia de coronavírus no Brasil, está com inscrições abertas até esta sexta-feira (16/10). A atividade, lançada pela SBPC no dia 5 de setembro, é parte da versão virtual e estendida da 72ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada até dezembro de 2020.
A ideia surgiu depois que a SBPC testemunhou esforços da comunidade científica, instituições e organizações da sociedade civil para informar o grande público sobre o que é o novo coronavírus, como surgiu, como prevenir, quais os tratamentos disponíveis, as recomendações das organizações internacionais de saúde, as pesquisas em desenvolvimento e seus eventuais resultados, os possíveis fármacos e vacinas, a disseminação da doença no País e no mundo, o seu impacto diferenciado nas diversas regiões, camadas sociais e setores mais vulneráveis da população, os principais desafios à sociedade durante e pós-pandemia etc. Muitas dessas iniciativas buscam também esclarecer dúvidas e informações equivocadas, ou fake news, além de apresentar os procedimentos científicos nas ações de enfrentamento do novo coronavírus.
Grande parte desses trabalhos foram feitos em formato de vídeos, compartilhados nos mais diversos canais pelas redes sociais e por grupos de pesquisa e instituições diversas, constituindo-se em um conjunto significativo de iniciativas de divulgação científica. Por isso, o objetivo dessa mostra é chamar a atenção para a importância de tais iniciativas, colaborar com a divulgação delas e destacar seus realizadores.
Instituições de ensino e pesquisa, universidades, entidades, grupos de pesquisa e escolas de todo o País estão convidados a participar enviando até dois vídeos para cada uma das categorias – Drops (de até 1 minuto), curta-metragem (de até 10 minutos) e média-metragem (de 10 a 20 minutos). Os interessados podem se inscrever até o dia 16 de outubro ou até o número de inscritos atingir o limite total de 300 vídeos.
Os vídeos inscritos passarão por uma curadoria inicial, indicada pela SBPC, e os selecionados serão publicados em uma playlist no
canal da SBPC no YouTube, para votação do público e do júri selecionado pela SBPC, em novembro.
Os 9 vídeos mais votados pelo público e os 3 selecionados pelo júri serão divulgados pelos canais da SBPC no dia 25 de novembro. Já os vencedores participarão de sessões de apresentação e bate-papo na semana que encerra a 72ª Reunião Anual da SBPC, entre os dias 1 e 5 de dezembro de 2020.
* Com informações da Assessoria de Comunicação da SBPC
Última atualização: 16/10/2020