1 - UFSJ amplia auxílios estudantis durante a pandemia

 
No último mês de dezembro, nada menos que 2.936 estudantes receberam subsídios diretos, que incluem auxílios de promoção socioacadêmica - como permanência, moradia, alimentação e transporte - e aqueles referentes à pandemia da Covid-19 e ao ensino remoto emergencial, como os auxílios para equipamentos de informática e de alimentação emergencial. Além de manter os auxílios que já existiam, a UFSJ conseguiu criar novos, utilizando recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e da própria Universidade. Esses auxílios inéditos são o auxílio emergencial, para os que não têm nenhuma forma de renda; o auxílio alimentação emergencial, em razão do fechamento dos restaurantes universitários; e os auxílios de inclusão digitais, para que os estudantes sem equipamentos e sem acesso à internet pudessem participar das atividades do período remoto.
 
Trabalhando em condições mais difíceis por causa do isolamento social, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proae) cumpriu seu papel de possibilitar que os estudantes mais vulneráveis economicamente pudessem encarar os novos tempos sem deixar a Universidade. De acordo com a pró-reitora Janice Carvalho, mesmo com os cortes de verbas, a UFSJ conseguiu manter todos os auxílios que já existiam, assim como criar novas modalidades para novas demandas. “Foi um período muito desafiador, mas gratificante, pois conseguimos atender a todos que nos procuravam e que se encaixavam nas exigências dos editais”, avalia Janice, que ainda ressalta a boa resposta da comunidade estudantil, na qual existem alunos em grandes dificuldades. “Esse auxílio é importante não apenas para eles próprios, mas também para as famílias. Temos casos de estudantes que com essa ajuda se tornaram arrimo de família”, revela.
 
A pró-reitora destaca também que a publicação de editais de fluxo contínuo otimizou o processo de concessão dos auxílios na pandemia. “Esses editais, sem data de início e término, facilitaram o acesso e a participação maior dos estudantes. Esse foi um diferencial da UFSJ em relação a outras instituições”, explica.
 
A importância dos auxílios na vida dos estudantes mais vulneráveis é destacada pelo diretor de Assistência e Ações Afirmativas, José Ricardo Braga. “Temos estudantes para quem essas modalidades de auxílios são a única forma de se manterem na Universidade.”
 
“Abraçou a causa”
José Ricardo destaca também a criação de novos auxílios em função da urgência da pandemia. “A nova gestão começou em plena pandemia, abraçou a causa e trabalhou em conjunto com os estudantes. Conseguimos regulamentar e aprovar novos auxílios em função da Covid, os auxílios de inclusão digital para aquisição de equipamentos e acesso à internet. Ampliamos o auxílio emergencial e implantamos o auxílio alimentação emergencial, que supre a falta dos restaurantes universitários. Foi um trabalho em conjunto: os alunos foram consultados durante a elaboração da minuta de resolução, encaminhada e aprovada pelo Conselho Diretor, e estiveram com a equipe na construção dos editais. Isso foi fundamental”, avalia José Ricardo.
 
Para a assistente social Raphaela Mendes Teixeira, que trabalha no Campus Sete Lagoas, os novos editais, com as novas modalidades de auxílios, funcionaram como “uma contrapartida” à falta dos financiamentos tradicionais, decorrente da pandemia. Em muitos casos, se constituíram como verdadeiros programas de transferência de renda.
 
Entre os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, os auxílios se traduzem na continuidade da formação superior na UFSJ. “O auxílio de promoção socioeconômica, para mim, significa a minha permanência aqui como discente”, revela o estudante do 5º período de Medicina do Campus Centro-Oeste Dona Lindu, Patrick Alexandre dos Santos Oliveira. “Sem esses auxílios, seria inviável meu sustento durante minha graduação. Eles são de vital importância para que eu e muitos colegas bolsistas consigamos nos graduar”, completa.
 
Patrick destaca que os auxílios para aquisição de equipamentos e internet foram de extrema importância para garantir a inclusão digital dos discentes em vulnerabilidade socioeconômica. “Uma atitude positiva e assertiva da Proae, que garantiu que a UFSJ continuasse promovendo equidade no ensino. De forma subjetiva, os auxílios deram continuidade ao sentimento de acolhimento que a Proae traz a todos os seus alunos bolsistas. Em um momento tão ímpar e difícil como esse, sentir-se acolhido é um grande incentivo para seguirmos com as nossas graduações”, declara.
 
Filha de uma família que não tem condições de mantê-la em outra cidade, a estudante de Engenharia Química, Thailanne Almeida, enfatiza a relevância dos auxílios que recebe, com os quais pode arcar com parte dos gastos com moradia, alimentação e transporte em Ouro Branco (MG), onde fica o Campus Alto Paraopeba, no qual estuda. “Esse apoio é de extrema importância para que eu possa me dedicar aos estudos”, garante. Thailanne considera que a ampliação das bolsas foi fundamental durante a pandemia. “Há alunos que não puderam retornar para suas casas ou foram afetados de outras formas. Com certeza a UFSJ soube amparar seus alunos durante esse período tão complicado em nossas vidas.”
 
Veja como a UFSJ destina os auxílios entre seus estudantes
Auxílios de promoção socioacadêmica e auxílios decorrentes da Covid-19 e ensino remoto: 1.387 estudantes beneficiados
Auxílio-creche: 40 estudantes
Monitoria especial: 4 estudantes
Auxílio emergencial Covid-19: 349 estudantes
Auxílio alimentação emergencial Covid-19: 849 estudantes
Auxílio internet: 284 estudantes
Auxílio equipamento: 23 estudantes
 
Os dados acima correspondem ao mês de dezembro de 2020, e foram fornecidos pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. No referido mês, o investimento em auxílios foi de R$ 1.034.858,00. Auxílios de promoção socioeconômica são: moradia, permanência, alimentação, transporte. Auxílios decorrentes da Covid-19: auxílio emergencial, alimentação emergencial, aquisição de equipamentos, aquisição de internet.
 
 

2 - Especial Visibilidade Trans: "Por que vocês não estão escutando a gente?"

 
Ela agora é Ari Chagas. Desde o final de 2019, é reconhecida em sua comunidade pelo seu nome social, ou seja, pela forma como se autoidentifica e deseja ser chamada, o que só foi possível em função da política de inclusão da UFSJ. Ari conta que esse processo funcionou muito bem na sua Universidade: “Mandei o requerimento on-line e resolveram tudo. Sou tratada de acordo com a minha identidade de gênero.”
 
Em 2016, ela ingressou na graduação em Teatro, com meta de se formar em 2022. Devido às diversas implicações causadas pela pandemia, Ari não conseguiu fazer o último período remoto, por estar com a saúde mental comprometida ou “no limbo da humanidade”, como ela mesma diz.
 
Aos 25 anos, Ari Chagas trabalha na internet como streamer, gerando conteúdo no Instagram sobre a vivência trans, entretenimento no podcast Tudo e Qualquer Coisa, que faz junto com o namorado Diogo Rezende, mestrando em Teatro, e nas lives (http://www.twitch.tv/arichagas) diárias sobre jogos, que transmite das 15h às 18h.
 
“Ela me disse que era atriz e trabalhou no Hair…”
Natural de Oliveira (MG), Ari sempre estudou em escola pública. Trabalhou para fazer cursinho pré-vestibular e é bolsista na UFSJ. Escolheu o teatro porque já fazia drag, que também é uma forma de arte, na qual podia quebrar os estereótipos de gênero. Sempre gostou de brincar com o gênero de forma artística e essa foi a primeira forma que encontrou de se expressar, ainda como um homem cisgênero gay. Como, acima, a tigresa do verso da canção de Caetano Veloso.
 
Quando entrou no curso de Teatro, Ari nunca assistira a um espetáculo teatral. “Minha mãe até hoje nunca foi a um, me diz que não tem roupa para ir ao teatro.” Apaixonada pelo curso, foi lá que se descobriu como pessoa trans, vivendo a liberdade, a abertura para se questionar e a possibilidade de se colocar em contato consigo mesma. “Foi o curso de Teatro que me fez parar para pensar, pois antes eu preferia ignorar esse assunto, mas um dia essa questão me atropelou e resolvi arcar com ela, pois eu não aguentava mais fingir aquilo que não sou.” Ari então percebeu que a drag era mais do que apenas uma performance.
 
Ela quer ser atriz e trabalhar no streamer, gerando entretenimento na internet, pois sabe bem das dificuldades de ser atriz trans no Brasil. “Acontece muito o transfake, que é colocarem atores cisgênero para interpretarem personagens trans. Mas, por outro lado, eu tenho um pouco de medo de viver isso num país que não respeita nem a cultura e nem os trans. Quero viver atuando. É o que eu sei fazer.”
 
Revirando o preconceito do avesso
“Uma pessoa como eu estar na faculdade hoje, no Brasil, o país que mais mata trans no mundo, pelo décimo terceiro ano consecutivo, é um privilégio. As pessoas me escutam mais por eu estar aqui. Na UFSJ, não passei diretamente por nenhuma situação de preconceito. O que acontece, às vezes, é de algum professor fazer um comentário transfóbico, eu intervir e ele não reconhecer a minha vivência.”
 
Já no ambiente familiar, Ari explica que o mais difícil para sua mãe, que mora no interior, e não tem acesso a informações sobre sua realidade, foi entender a mudança de nome e pronomes. O que foi mais natural para sua irmã de 10 anos. “Ela foi o meu pilar, quem ensinou minha mãe a me respeitar, a dizer como devia me chamar, explicando que eu continuava sendo a mesma pessoa.”
 
Dia da Visibilidade Trans
Ari entende e reforça a importância do Dia da Visibilidade Trans, por ser um momento em que são ouvidos. Porém, ela entende que seu papel social exige a defesa e a ampliação dessa escuta, não somente para as questões de gênero: “Nós que somos trans gostamos e falamos de outras coisas. Discuto o gênero por uma questão de sobrevivência, para que eu seja respeitada e outras pessoas também.”
 
A data tem, igualmente, uma importância econômica, pois é quando as grandes marcas oferecem trabalho para as pessoas trans, em busca de representatividade. “Uma das grandes dificuldades que sinto é em relação a emprego, por isso fui trabalhar na internet.”
 
O recado que Ari Chagas nos deixa precisa urgentemente ser ouvido e amplificado. Diga Ari, esse espaço é seu: “Raramente uma pessoa trans é admirada. A gente existe, a gente precisa comer, beber, a gente precisa trabalhar, a gente ri, a gente também tem voz. Não somos só pessoas trans, antes disso somos pessoas. Que sejamos lembradas não só nessa data, mas que ela sirva para todos pensarem: por que não convivemos com pessoas trans? Por que não estamos sendo empregados? Por que vocês não estão escutando a gente?”
 
 

3 - Especial Visibilidade Trans: Rafael pode se mudar para Urano

 
É no gigante e distante planeta gelado do sistema solar que o filósofo espanhol Paul B. Preciado propõe fixem residência os dissidentes do sistema binário sexo-gênero. Em Urano seria possível viver exilado das relações de poder e das taxonomias de sexo e raça construídas socialmente, a força gravitacional da transição escrita nos corpos de seus habitantes, inscrevendo na órbita cósmica o traçado da travessia. “Uma transição de gênero é uma viagem marcada por múltiplas fronteiras”, escreve Paul.
 
A fronteira geográfica de Rafael Senna de Alcântara, 23 anos, “homem trans homossexual nascido em São João del-Rei, formado em Jornalismo pela UFSJ”, ainda é Belo Horizonte, onde esse fotógrafo das “subjetividades migrantes” definidas por Preciado encara uma segunda graduação em Design, na UFMG.
 
A fronteira planetária, todavia, já alcança horizontes. Hero era seu perfil nas comunidades fakes do Orkut, no igualmente longínquo 2010, quando seu nome feminino começava a causar uma incômoda desidentificação. Uma amiga passa a chamá-lo por um substantivo sobrecomum de gênero, hyru, ao qual resolveu agregar o from, talvez para marcar a multiplicidade de vozes que contam a passagem da transição sexual e do gênero, que podemos acompanhar no fromhyru, seu perfil no Instagram.
 
Foi também nas redes sociais de seu mundo hiperconectado que Rafael descobriu a transgeneridade, aos 15 anos, navegando pelo tumblr, experiência que foi fundamental para ele no começo de sua transição. Poder falar abertamente sobre uma realidade percebida como limítrofe em seu próprio corpo, sobre hormonioterapia, cirurgias, ouvir como outras pessoas lidavam com inscrições disruptivas foram pontos positivos para a compreensão que hoje tem de si. Não que não tenha havido percalços: a mudança de sexo, como lemos em Um apartamento em Urano, de Paul B. Preciado, “corre sempre o risco de cristalizar-se na construção de uma identidade normativa e excludente.”
 
Na trajetória de Rafael, ele se sentiu coagido, numa sociedade cisnormativa que tem “uma ideia muito estereotipada e patológica” sobre os corpos trans, a aceitar uma disforia que nunca foi sua. A relação franca que construiu com sua mãe pode ter sido decisiva para desatar esse nó. “Ela demorou bastante para me aceitar, mas hoje não erra mais meu nome e nem meus pronomes. Pelo contrário: ajudou na retificação dos meus documentos e contribui para minha terapia hormonal.”
 
Preconceito e ativismo
Para Rafael, apesar de as barreiras do preconceito contra pessoas transexuais apresentarem pequenas fissuras pontuais, “toda pessoa trans sofre transfobia todos os dias.” Um olhar enviesado na rua, uma pergunta invasiva, “como se a gente fosse objeto de estudo”, a fetichização do corpo trans. Quando a vaga de emprego some do nada, porque descobriram que você é trans - além dos altos números de evasão escolar, abandono familiar, homicídio, prostituição, falta de acesso à saúde - dói.
 
A alternativa é jamais aceitar a naturalização do preconceito, e ir amealhando um “estoque de defesas” centrado no direito à liberdade dos corpos e das subjetividades tidas como subalternas. Rafael mantém como parâmetro o aprendizado de respeito, acolhida e incentivo que recebeu ao longo do curso de Jornalismo. “Lembro da minha trajetória na UFSJ com muito carinho.”
 
Essa prática influenciou uma postura ativista que pode ser percebida na esfera pessoal e no campo profissional, que se baseia na compreensão das micropolíticas do poder, nas quais corpo e sexualidade assumem um papel central na mutação do capitalismo contemporâneo. “Toda pessoa trans, mesmo sem querer, acaba sendo ativista. Viver num mundo que não nos aceita é uma atitude política.”
 
Corpos marginais
Seguindo essa linha de pensamento e atuação, Rafael produziu, como trabalho de conclusão de curso, o fotolivro Corpos marginais - a imposição da cisnormatividade sobre os corpos trans, que traz delicados ensaios fotográficos com pessoas trans de São João del-Rei, acompanhados de relatos sobre as fronteiras entre seus corpos e as imposições da cisnormatividade sobre os corpos trans.
 
Ao adotar uma narrativa diversa daquela geralmente associada às vidas trans, calcadas em violência e medos, Rafael acredita estar fazendo um trabalho político, de desconstrução do conceito de marginalidade, ao incrementar um processo de aceitação de si por intermédio do olhar que insere e legitima o híbrido como lugar da errância e do interlúdio, até mesmo no corpo do próprio autor. “Quero dizer que o corpo trans é normal como qualquer corpo cisgênero. Quero ser lembrado para além do sofrimento, pela pessoa que eu sou, pelas amizades que construí.”
 
 

4 - Cepco recebe inscrição de estudantes de graduação até sexta (5/2)

 
A Comissão de Seleção do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do campus Centro-Oeste Dona Lindu (Cepco) lançou edital para o preenchimento de uma vaga para discente de graduação do CCO, a ser eleito pelos pares. 
 
As inscrições devem ser feitas até sexta-feira (5/2) com envio de requerimento de inscrição para o e-mail cepco@ufsj.edu.br. Podem se inscrever alunos matriculados a partir do segundo semestre, desde que não esteja no último ano do curso. Além disso, o interessado precisa ter disponibilidade de horário para participar das reuniões do Comitê. 
 
A eleição ocorre em 11 de fevereiro, das 8h às 16h, por meio plataforma virtual específica, com link de acesso disponibilizado a todos os eleitores com antecedência pelos correios da UFSJ.
 
O eleito receberá capacitação sobre os aspectos éticos da pesquisa com seres humanos, além da dinâmica das reuniões e do sistema CEP-Conep. 
 
 

5 - Programa em Bioquímica e Biologia Molecular convida para defesa de tese

 
O Programa Multicêntrico em Bioquímica e Biologia Molecular (PMBqBM) convida a comunidade acadêmica para a defesa da tese “Alterações histológicas e bioquímicas em larvas de Culex quinquefasciatus após a exposição a potenciais pesticidas", de autoria da doutoranda Lorena Sales Ferreira.
 
Quando: 12 de fevereiro, às 8h30, pelo Google Meet
Banca: professores doutores Hérica de Lima Santos (presidente/UFSJ/CCO), Leandro Augusto de Oliveira Barbosa (UFSJ/CCO), Ralph Gruppi Thomé (UFSJ/CCO), Magno Augusto Zaza Borges (Unimontes), Suzan Kelly Vilela Bertolucci (Ufla), Hélio Batista dos Santos (UFSJ/CCO) - suplente -, José Eduardo Serrão (UFV) - suplente - e Adriano Guimarães Parreira (UEMG) - suplente.

Última atualização: 02/02/2021