O Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São João del Rei tem desenvolvido projetos que visam a preservação, divulgação e pesquisa do vasto acervo documental referente à região da antiga comarca do Rio das Mortes, cuja sede administrativa era a vila de São João del Rei. Vários projetos de organização, catalogação e indexação de fontes primárias, envolvendo fundos cartoriais, arquivos paroquiais e acervo das câmaras, foram desenvolvidos no últimos anos, acabando por definir a pesquisa com fontes primárias e obras raras o centro de referência do Núcleo de Pesquisas Históricas do departamento, em torno do qual os projetos e as linhas de pesquisa se desenvolvem.
No início da década de noventa constituímos um núcleo de pesquisas interdisciplinar, envolvendo historiadores, sociólogos e arquivistas, objetivando trabalhar com as fontes documentais regionais pertencentes ao acervo do Arquivo do Museu Regional de São João del Rei. O projeto inicial constitui um esforço de organização do acervo oriundo do Cartório do Crime do Fórum de São João del Rei, com o objetivo de catalogar e indexar a documentação e iniciar a montagem de um banco de dados sobre justiça e criminalidade na comarca do Rio das Mortes no século XIX
O desdobramento do trabalho com as fontes primárias nos levou a ampliar nossas parcerias com instituições como o IPHAN e o Arquivo Público Mineiro, na formulação de projetos e iniciativas voltados para a recuperação e conservação preventiva de acervos ameaçados, que apresentavam sérios problemas de deterioração.
O Laboratório de Conservação e Pesquisa Documental foi primeiramente designado como Laboratório de Conservação de Papel, fruto de iniciativas e reflexões de pesquisadores e instituições que acenavam para a necessidade de salvaguardar o precioso acervo documentação da região do Campo das Vertentes. |
A profª. Maria Leônia Chaves de Resende e a programadora cultural da UFSJ, Suely Campos Franco, organizaram durante o II Inverno Cultural, em 1989, os primeiros contatos institucionais, visando à elaboração de um projeto de Laboratório de Conservação de Papel. Para tanto, a UFSJ estabeleceu contatos através de visitas técnicas junto à Fundação Casa de Rui Barbosa, à Fundação Biblioteca Nacional, ao Arquivo Nacional, ao Arquivo Geral da cidade do Rio de Janeiro, ao CECOR/UFMG - instituições engajadas na problemática da Conservação e Restauração de documentos - que muito auxiliaram, visando a definir uma metodologia embrionária de atuação. Sob a orientação da Professora Esther Bertoletti, consultora do CNPq e Diretora do Setor de Reprografia da Biblioteca Nacional, a UFSJ, interessada no aperfeiçoamento de profissionais na área, ofereceu cursos ministrados por técnicos de restauração tais como "Restauração e Conservação de Livros e Papéis" e "Introdução à Arquivística", durante o período de 20 a 24 de novembro de 1989.
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Como próximo passo e condição fundamental para a execução das metas propostas avaliou-se a urgência da instalação de um laboratório de porte médio que atendesse as medidas de conservação dos documentos e obras raras. A montagem do Laboratório permitiria salvaguardar os fundos documentais dos arquivos históricos. Sem tal suporte, a tendência seria de deterioração definitiva dos acervos documentais. Foi encaminhado o projeto do Laboratório de Conservação de Papel à FAPEMIG, sob a coordenação das professoras Maria Leônia Chaves de Resende e Lucy Gonçalves Fontes Hargreaves. Para tanto, o projeto contou com a assessoria técnica da profa. Betânia Veloso(UFMG/CECOR) que auxiliou na definição do caráter e perfil do Laboratório.
Já então se pretendia que o Laboratório prestasse serviços como órgão central do sistema de arquivos da região do Campo das Vertentes, assistindo às instituições privadas ou públicas da cidade e região, objetivando uma política de preservação e conservação dos fundos e obras raras dos arquivos históricos, essenciais à cultura e à história da região.
Pretendia-se ainda estender os trabalhos de identificação dos arquivos e fundos documentais dispersos pela região do Campo das Vertentes para realizar o trabalho de registro do patrimônio documental dos arquivos bem como realizar a conservação e preservação do acervo. Com a realização dos trabalhos de Conservação, passamos a dinamizar o acesso do público à pesquisa histórica, permitindo uma leitura mais precisa do bem cultural, com seus valores estéticos e informativos evidenciados, consolidando, assim, uma consciência mais ampla do significado do nosso patrimônio histórico, artístico e cultural.
No ano de 2002 o Laboratório foi transferido para uma área de 150 m2, nas novas dependências do Departamento de Ciências Sociais e, contando com apoio e assessoramento da Superintendência e da Diretoria de Conservação de Documentos do arquivo Público Mineiro, desenvolveu o projeto de adequação da área às necessidades de implantação de um laboratório de conservação e pesquisa. Com o financiamento da FAPEMIG e do Conselho Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Ministério da Justiça ao projeto Fórum Documenta, vimos conseguindo aparelhar o Laboratório com o que há de mais moderno e eficiente nas áreas de conservação e pesquisa documental. Para tanto, temos podido contar com a parceria imprescindível do Arquivo Público Mineiro.
Última atualização: 30/06/2023