a) Linhas de Pesquisa

 

1 - Investigações clínico culturais em psicanálise

Descrição: Aportes psicanalíticos para abordagem de questões sociais relevantes. Utilização do método psicanalítico em distintas condições institucionais e culturais. História e constituição da psicanálise no Brasil.

Estudantes incluídos no CNPQ: 21

Pesquisadores: 06

 

2 - Práxis da clínica psicanalítica

Descrição: Conceitos psicanalíticos e clínica: inconsciente, pulsão, repetição, sintoma, transferência, interpretação, ato psicanalítico, lugar do analista e direção do tratamento. Questões conceituais que embasam a práxis clínica.

Estudantes incluídos no CNPQ: 26

Pesquisadores: 06

 

 

b) Projetos de Pesquisa

 

Prof. Dr. Douglas Nunes Abreu

1 - Psicose ordinária e laço social

Descrição: Quando interrogamos as reconfigurações do narcisismo (eu-ideal), ou seja, como é que na atualidade os corpos falantes (fragmentados pela pulsão) efetuam a nova ação psíquica que engendraria o imaginário do narcisismo sem a função simbólica do Nome-do-Pai (Ideal-do-eu) como horizonte simbólico, verificamos que de fato a pluralização dos Nomes-do-Pai, correlata à ascensão do objeto a ao comando da civilização e ao declínio do mecanismo psíquico do recalque da sexualidade, acabou por efetuar a hegemonia das formações reativas na constituição do caráter, e apontam que em lugar do supereu, a moral de grupo (tribalismo) se impôs como novo modo de regular os corpos falantes, na noção de supersocial. Com esse ponto de partida, desenvolvemos uma pesquisa acerca dos casos nomeados como borderlines, exercitando uma articulação desta nosográfica típica da contemporaneidade às três estruturas clínicas tradicionais da psicanálise, verificando que o rebaixamento da lei simbólica é correlato ao crescimento de soluções identitárias, marcadas pela dimensão imaginária, que promoveram efeitos nas modalidades de amarração clássica, fato evidenciado na ampliação dos casos ditos limítrofes. Agora, avançaremos na pesquisa a partir da articulação das noções de psicose ordinária e laço social, onde buscaremos verificar a pertinência destes conceitos na contemporaneidade, tendo como horizonte a diferença apontada por Lacan no seu último ensino entre as soluções borromeanas e as soluções não-borromeanas. Acompanhando as novas apresentações sintomáticas presentes no laço social atual, pretendemos verificar os ganhos e impasses relativos às novas soluções identitárias.

 

Prof. Dr. Fuad Kyrillos Neto

1 - Religiosidade e Psicanálise: A experiência do secularismo

Descrição: Esta investigação aborda o secularismo a partir da revisão teórica da necessidade de crer no legado freudiano-lacaniano, considerando os aspectos históricos atuais. As relações entre crença e psicanálise estão sendo trabalhadas com ênfase na metapsicologia do fato religioso. Em 2018 o projeto foi contemplado com auxílio financeiro da FAPEMIG (Processo APQ-01301-18). Em sua execução será realizado um levantamento teórico da noção de religião em Freud e Lacan. Posteriormente, as práticas religiosas serão examinadas tomando como eixo central o conceito de secularismo, com vistas à produção de uma reflexão crítica acerca dos laços sociais produzidos por tais práticas.

 

Profa. Dra. Magali Milene Silva

1 – A psicanálise no contexto jurídico

O projeto de pesquisa visa em sentido mais amplo, as possibilidades de escuta analítica nos diferentes contextos das instituições jurídicas. Especificamente, a escuta analítica na APAC – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado. Freud funda a psicanálise a partir da articulação do sintoma como efeito de denúncia do mal-estar que é negado. Considera o sintoma em seu caráter de denúncia de conflitos recalcados do sujeito, mas também em seu caráter de denúncia do mal-estar na cultura. Assim, esse projeto de pesquisa visa explorar as questões da escuta do sujeito que entrelaçam o singular e o coletivo. Que tipo de manejo subjetivo constitui o ato infracional? Que tipo de resposta ao mal-estar o crime cometido, infringindo as leis sociais, cria para o sujeito diante de sua divisão? Como relacionar o ato infracional individual com os enlaçamentos discursivos presentes no nosso contexto social que destinam esse lugar de criminoso a uma parte da população? Como pensar a responsabilização no crime?

2 – Especificidades da clínica psicanalítica na atualidade

Pretende investigar as questões que a clínica analítica atual traz para os conceitos fundamentais da psicanálise. Partindo das considerações de Freud em Caminhos da Terapia Analítica (1919\1996), consideramos que quaisquer que sejam os contextos em que a psicanálise se exerça, “suas partes mais eficientes e mais importantes continuarão a ser aquelas tomadas da psicanálise rigorosa e não tendenciosa”. Assim, pensar a atualidade da psicanálise implica retomar seus conceitos fundamentais, colocando-os a trabalho, diante das questões trazidas por nossos impasses em sustentar o discurso do analista no laço social hoje. Do mesmo modo, pensar a psicanálise no laço social requer pensar a relação da psicanálise com outros campos do saber e perguntar como conduzir as questões trazidas por esses campos a partir da psicanálise.
 

Profa. Dra. Maria Gláucia Pires Calzavara

1 - Estudos e pesquisas no campo do autismo

Descrição: Esta pesquisa se insere a partir de uma ampla discussão em torno do autismo na atualidade que exige, de modo recorrente, estudos e pesquisas constantes, por parte da comunidade científica e acadêmica. Tem como objetivo pensar a clínica do autismo e o tratamento do autismo nas diversas possibilidades de trabalho com este sujeito apostando que as invenções singulares realizadas pelo autista possam ser acolhidas pela família, escola e pelo social.

2 - Pesquisas no campo do feminino em Freud e Lacan

Descrição: Pesquisa sobre a temática da constituição do sujeito e do feminino e os impasses do desejo da mulher/ mãe. Estudos sobre a devastação feminina como um retorno da relação inicial entre mãe e filho e suas ressonâncias nas parcerias amorosas.

3 - Mediadores Terapêuticos Tecnológicos No Tratamento De Crianças Com Psicopatologias Grave

Descrição: Qual a importância da consideração dos objetos para a constituição subjetiva das crianças que sofrem de psicopatologias graves (autismo, psicose e neuroses graves)? E como podemos, a partir de sua localização, situar uma possibilidade de tratamento para estas crianças? Essa é a questão que pretendemos desenvolver a partir de um projeto de pesquisa em que a construção de objetos mecânicos, de produção de peças, de criação de narrativas, de interação com robôs e de sua programação que poderá ajudar na direção de tratamento em que as crianças possam, a partir daí, diminuir suas angústias e construírem possibilidade de convivência com seus pares e com a comunidade. Desse modo, iremos partir da consideração de que os objetos sintomáticos das crianças, longe de serem nocivos e descartados em nome de uma socialização forçada e que não leve em consideração os interesses do sujeito, eles podem ser uma maneira justamente de possibilitar uma direção de tratamento, conforme as narrativas de alguns autistas que apresentaram sua experiência a partir de monografias autobiográficas. Dedicaremos especial atenção aos casos em que robôs podem ser utilizados também como objetos mediadores para o tratamento, implicando assim em desenvolvimento de estratégias de tratamento para as crianças acometidas de psicopatologias graves no campo das Vertentes no Estado de Minas Gerais e impactando também as políticas públicas em saúde mental. Esta pesquisa é financiada pela FAPEMIG no Edital FAPEMIG APQ-02948-18 2018. Esta pesquisa é um desdobramento de pesquisa anterior, também financiada pela Fapemig, em que foi feito o levantamento na microrregião de São João del Rei da incidência dos casos de autismo e das estratégias clínicas utilizadas para a elaboração de seu diagnóstico. Esse projeto se vincula à linha 1 do Programa de Pós- Graduação em Psicologia da UFSJ.

 

Prof. Dr. Pedro Sobrino Laureano

1 - Psicanálise, filosofia e arte

Descrição: A pesquisa insere-se na investigação acerca das relações entre arte, psicanálise e filosofia, guiada pela ideia de Freud de que os artistas teriam antecipado suas proposições sobre o inconsciente. Desta forma, trata-se de compreender, no campo artísticos, as incidências daquilo que a psicanálise, principalmente a partir de Freud e Lacan, aponta como sendo o lugar do sujeito. Ao mesmo tempo, busca-se na filosofia sobre a arte, em autores como Nietzsche, Benjamin e Foucault, elementos para pensarmos o papel da arte na modernidade, e sua contribuição central para o deslocamento das formas instituídas de sensibilidade e entendimento.

2 - Psicanálise e filosofia

Descrição: A pesquisa busca traçar relações entre a psicanálise e a filosofia, principalmente no que diz respeito à singularidade da psicanálise para investigar o mal-estar, ou aquilo que na filosofia de Hegel é chamado de "negatividade". Partimos do pressuposto de que a psicanálise conserva, em seu nascimento e práxis, uma relação íntima com o não saber e com o que Kant chamou de mal radical, como instâncias de negatividade na subjetividade que resistem a qualquer inscrição nos ideais da cultura. Desta forma, trata-se de apostar na existência de um elo possível entre a psicanálise e certa linhagem da filosofia, e na possibilidade de pensarmos, através deste elo, temas como a política e a estética. A pesquisa se desdobra, portanto, em diálogos com as áreas da política, da clínica e da arte, através de autores contemporâneos como Deleuze, Foucault, Zizek e Badiou, e modernos como Hegel, Kant e Adorno.

 

Prof. Dr. Roberto Pires Calazans Matos

1 - Participação entre angústia e trauma nas autobiografias de autistas e de parentes de autistas

Descrição: Rosine e Robert Lefort (2017:11) nos lembram que as autobiografias de autistas tem mudado a compreensão que temos de sua dinâmica subjetiva, levando muitos psicanalistas a levantarem a hipótese de uma quarta estrutura para além da neurose, psicose e perversão. Levando em consideração que os familiares de autistas hoje também escrevem autobiografias e que o diagnóstico de autismo faz com, muitas vezes, toda a família passe a ser nomeada em torno dessa insígnia, nossa proposta de pesquisa irá se concentrar em estabelecer, a partir dos escritos, os modos distintos estruturais entre os autistas e seus familiares e a importância dessa consideração na direção do tratamento. Partiremos dos escritos porque toda prática linguageira - a fala, mas também a música, a programação de computador, o teatro - e sua função de mediar a relação com o Outro e com o gozo pode interessar a um psicanalista e fazer avançar a teoria, tal como fizeram Sigmund Freud e Jacques Lacan, além de outros psicanalistas contemporâneos como os próprios Lefort (2017). Neste sentido, também buscaremos identificar, a partir dos escritos tanto de autistas quanto de familiares a diferença entre trauma e angústia levando em consideração a questão do desencadeamento ou não do sofrimento nas diversas estruturas. Faremos essa leitura tomando como método o que Joseph Attié chamou de ?elo estrutural entre o sintoma e a obra? (2013: 6) para a análise dos escritos e para demonstração da diferença estrutural que, como lembra Jacques Lacan (1958 a), deva ser considerada na direção do tratamento. Acreditamos que seja importante fazer esta distinção para que possamos apresentar a proposta de tratamento para os familiares na direção de que se uma criança recebe o diagnóstico de autismo isso não significa que toda a família deva gravitar em torno desse significante como um insígnia mas, ao contrário, os familiares podem se enredar com outros significantes que o permitam encontrar o seu modo ao mesmo tempo singular e de estrutura de lidar com a falta. Esta proposta de levar em consideração não somente o lugar dos pais ou familiares no tratamento do autismo, e sim o próprio tratamento dos familiares por outros analistas que não os analistas das crianças. Acreditamos ser importante uma proposta de atendimento específico para os familiares em uma época em que os diagnósticos psiquiátricos passam a nomear anonimamente os sujeitos, os enredando em uma subjetividade que poderíamos chamar de monossintomática, que impede a construção de saídas para os seus sintomas. Levaremos em consideração então que o escrito autista desempenha uma função distinta e se inicía em momento diferente, tomando como referência que esse escrito pode ser, talvez, comparado ao que Caterina Koltai (2016), a partir da obra de diversos autores sobre os escritos de sobreviventes do campo de concentração da Segunda Guerra Mundial, vai chamar de literatura do testemunho: escrito para comunicar o que impossível de dizer e para tratar do horror da angústia, o que é distinto tanto na neurose quanto nas psicoses. E por acreditarmos que a função do escrito pode ser a de indicar, a seu modo, uma saída subjetiva para o sofrimento, constituindo assim um sinthome que possa, a partir dele, fazer o mínimo de laço com o Outro que não seja por uma insígnia anônima, mas por um traço subjetivo.

2 - Implantação da clínica do tratamento psicanalítico lacaniano do autismo: consolidação

Descrição: Os objetivos dessa Proposta de Pesquisa são três: 1 - em primeiro lugar, fazer um levantamento histórico-epistemológico da clínica psicanalítica lacaniana do autismo nos últimos dez anos, estabelecendo as estratégias utilizadas no atendimento e a fundamentação teórica que sustenta essa clínica: este levantamento se faz necessário devido ao contexto histórico em que diversas estratégias inspiradas na psicanálise lacaniana surgiram nos últimos anos como resposta às tentativas políticas, tanto no Brasil quanto na França, de impedir que a psicanálise pudesse operar no campo de tratamento do autismo. Muitas dessas experiências já acontecem também em Minas Gerais, o que permitirá uma boa integração com pesquisadores de outras instituições nesse nível da pesquisa; 2 - em segundo lugar, uma avaliação de uma extensão do método psicanalítico lacaniano em uma instituição pública de ensino superior. Desde o ano de 2016 o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise da Universidade Federal de São João del Rei vem desenvolvendo atendimentos de crianças autistas, psicóticas e neuróticas grave em decorrência do resultado da pesquisa financiada pela Fapemig no Edital PPSUS- FAPEMIG 14/3013, em que foi feito o levantamento no micro-região de São João del Rei da incidência dos casos de autismo e das estratégias clínicas utilizadas para a elaboração de seu diagnóstico; 3 - em terceiro lugar, objetiva, a partir dos resultados parciais dos dois outros níveis, estabelecer relação de cooperação com outros grupos de psicanálise lacaniana que trabalham em pesquisa para o estabelecimento de uma rede de pesquisa no estado de Minas Gerais. Seria a consolidação de parcerias ainda incipientes que começaram no I Encontro Psicanalítico sobre as Psicose e o Autismo, que aconteceu na UFSJ em maio de 2014 e que teve apoio da FAPEMIG.

 

Prof. Dr. Wilson Camilo Chaves

1 - A ética da Psicanálise e suas possíveis incidências na contemporaneidade

Descrição: Trata-se de um projeto mais amplo em execução desde 2006. O projeto visa, entre outros, dar sequência à leitura do Seminário VII, "A ética da Psicanálise", de Lacan, procurando elucidar os conceitos de gozo, desejo, religião - referentes à ética - e suas possíveis incidências na contemporaneidade. Embora trata-se de um trabalho eminentemente bibliográfico, não vai se restringir a um mero recorte dos conceitos como desejo, gozo, Real, religião - pertencentes ao campo da ética - nos textos de Freud e Lacan, mas procurar-se-á contextualizá-los, ou seja, averiguar que incidências podem ter tais conceitos neste momento da contemporaneidade. Nesse sentido contempla-se elementos epistemológicos, éticos do arcabouço psicanalítico.



Última atualização: 18/08/2022