Página em atualização. Aguarde!

Por que usamos drogas?

Porque ela nos dá prazer.

E por que ela nos dá prazer?

Porque todas as drogas atuam direta ou indiretamente sobre o sistema límbico do nosso cérebro ou sistema de recompensa cerebral.

 

Fonte da figura: www.infoescola.com.br

Sistema de Recompensa Cerebral ou Sistema Límbico

O Centro das Emoções.

 

Modulado pela experiência, o sentimento de prazer é decisivo para a nossa sobrevivência e, consequentemente, para a sobrevivência da nossa espécie.  Mas também, está estreitamente relacionado com comportamentos compulsivos.

O Sistema de Recompensa Cerebral foi descoberto por James Olds e Peter Milner nos anos 50. Seus experimentos consistiam em implantar eletrodos em diferentes regiões do cérebro de ratos e ativá-los com eletricidade.  Os cientistas perceberam que os animais pareciam gostar de determinados estímulos. Mudando um pouco os procedimentos, deixaram que os próprios animais acionassem a corrente por meio de uma alavanca. Com isso, mapearam as áreas do cérebro que se mostravam mais prazerosa. Com os eletrodos nos pontos certos, os ratos passavam o dia se autoestimulando. Desistiam do sexo e até da comida. Em uma palavra, estavam viciados.

Molécula do Prazer

As zonas do cérebro então identificadas como centros de recompensa foram o sistema límbico e o núcleo accumbens, cujos neurônios têm numerosos receptores para o neurotransmissor dopamina, a "molécula do prazer".  O sentimento de prazer é uma das principais forças que nos faz agir. Sem ele, não teríamos motivação nem para levantar da cama todos os dias.  A anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer, é um sintoma compartilhado por vários transtornos mentais. O prazer age primordialmente por vias emocionais, bem mais eficientes e rápidas do que as racionais. Hamlet pode ficar imobilizado pela sua dúvida existencial, mas quem se depara com um leão sai correndo sem pensar ou questionar se é um onívoro ou vivíparo. O que vale aí é preservar os seus genes para as gerações futuras.  Algumas pesquisas fazem uma distinção entre prazeres fundamentais (sensórios, sexuais e sociais) e os de ordem superior (monetário, artístico e transcendental). A princípio partilharíamos os primeiros com outros animais. Os últimos seriam exclusividade humana.

Papel essencial do Prazer

O caráter adaptativo do prazer é apenas o começo da história. Alguns estudiosos apontam para o papel essencial do prazer no desenvolvimento  e na maturação do cérebro.  O projeto Genoma Humano identificou algo como 25 mil genes. Um cérebro de Homo Sapiens tem cerca de 100 bilhões de neurônios; cada um se conecta a milhares de outros, perfazendo um total de 1015 conexões nervosas. Essa desproporção sugere que a informação genética é insuficiente para especificar o lugar de cada neurônio no cérebro, bem como os pontos de ligação com outras células nervosas. Os genes trazem regras muito gerais de desenvolvimento e migração neuronal, que vão sendo ajustadas ao longo do processo. A sintonia fina cerebral se faz pela criação de numerosas ligações entre os neurônios (sinaptogênese), seguida pela eliminação das conexões que não foram utilizadas (poda).  "Numerosas" aqui significa que entre a metade final da gestação e os dois primeiros anos de vida, o cérebro forma 1,8 milhão de novas sinapses por segundo! O processo de pode é mais lento estendendo-se até o final da adolescência. O prazer funciona aqui como um fio condutor levando o indivíduo, desde a fase embrionária, a buscar experiências necessárias para o desenvolvimento de seu cérebro. As conexões que mais produzem prazer são constantemente estimuladas e, por isso, reforçadas; as menos utilizadas acabam sendo eliminadas.  Experimentos realizados com gatos tiveram seus olhos tampados ao nascimento. Sem a experiência da visão presidindo à geração e à poda de sinapses, o cérebro deles não aprende a enxergar. Se a venda for retirada após a "fase crítica", os gatos ficam cegos para sempre mesmo tendo um sistema óptico em perfeitas condições. A dicotomia entre genes e ambiente não deve ser considerada por não fazer muito sentido. Informações trazidas pelos genes só ganharão significado depois de moduladas pela experiência. 

 

VÍCIO

Além do sistema dopaminérgico, existem pelo menos outros três que estão ligados ao prazer.  Os circuitos neuronais responsáveis pelo querer e pelo gostar funcionam de modo independente. Isto explicaria porque dependentes químicos fazem de tudo para conseguir sua dose diária da droga, mesmo afirmando que não gostam tanto quanto da primeira vez que usou. Explicaria também porque é possível tornar-se viciado em produtos como o cigarro, intragáveis para que o experimenta pela primeira vez. O conhecimento dos mecanismos neurais subjacentes ao desenvolvimento e instalação da dependência química indicaria novas posturas em ações de prevenção, tratamento e pesquisa em dependência química.