Apresentação

 

Presentation

 

Da política às revoluções científicas

 

Beatriz Evangelista de Oliveira (Mestranda em Letras pela UFSJ)

Evandro Figueiredo Candido (Doutorando em Letras pela UFMG)

 

A Revista Existência e Arte traz, em sua décima primeira edição, contribuições acerca das temáticas do poder, da governamentalidade, bem como da filosofia política e das revoluções científicas. As reflexões propostas pelos artigos mobilizam textos de pensadores como Hannah Arendt, Michel Foucault e Thomas Kuhn.

No que se refere à Hannah Arendt, temos o artigo Poder, violência e Esfera Pública: uma análise arendtiana no qual Adelino Ferreira estuda o fenômeno do poder em sua relação com a violência e a esfera pública. Nesse estudo, observamos o caráter plural e espontâneo do poder e sua ligação inevitável com a ação e o espaço público, excluindo qualquer tipo de coerção e violência.

Seguindo na esteira do pensamento arendtiano, Público e Privado: Noções de espaço e convivência em Hannah Arendt, de Silio Giovanelli, procura elucidar, a partir de A Condição humana, diferenciações entre os espaços público e privado, apontando para os dilemas e confusões que tais diferenciações podem suscitar. Ainda sobre a pensadora alemã, o artigo Hannah Arendt e a Lei, de Hugo Araújo, traz a compreensão política da autora sobre os conceitos de nómos e lex. Quando lida com noções clássicas referentes à lei, Arendt apresenta elementos valiosos para entender tanto a dimensão da inovação quanto da conservação na política.

Lidos em conjunto, os artigos nos oferecem um panorama acerca das noções de público e privado, bem como das noções do poder e da lei em termos arendtianos; relevantes pontos de partida para os interessados pelos temas.

Com respeito ao pensamento de Michel Foucault, a contribuição de Célia Regina dos Santos em A relação entre o saber médico e o poder judiciário no direito moderno procura refletir sobre a relação entre a psiquiatria e a justiça investigada por Michel Foucault nos cursos O exame psiquiátrico (1973-1974) eOs anormais (1974-1975). Por sua vez, no artigo A emergência da população como problema político: o conceito de governamentalidade em Michel Foucault, Igor Corrêa de Barros apresenta a leitura do teórico francês acerca da gênese do Estado no curso Segurança, território e população. O trabalho explora temas como biopolítica, as artes de governar e o conceito de Governamentalidade.

Além dos pensamentos de Foucault e Hannah Arendt, encontramos reflexões acerca de Thomas Kuhn. Em A Estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn, Ana Clarice Rodrigues Costa busca compreender a originalidade e o impacto das teses do teórico estadunidense. O artigo apresenta tanto uma abordagem histórica para a filosofia da ciência quanto elementos constitutivos da imagem da ciência kuhniana.

Da política às revoluções científicas, passando pela biopolítica, pelo saber médico e pelo poder judiciário, pelo fenômeno do poder, bem como pelas reflexões sobre a lei e governamentalidade, violência e espaços público e privado, temos itinerários reflexivos apoiados em pensadores cujas contribuições permanecem vivas, estimulando e moldando nossas leituras, escritas e pensamentos.

20/07/2020