Imagem inline 1

 

MOTRIZ é uma travessia sonora na escuridão, um concerto para voz e afetos que convoca diferentes modos e texturas da oralidade : canções, falas, choros, risos, soluços e suspiros. Em cena uma voz-mulher-negra dispara um fluxo de músicas e palavras que adentram a memoria dos espectadores em torno dela. A experiência da escuridao transforma radicalmente a relação de escuta entre a atriz e os espectadores, potencializando a produção de imagens mentais do espectador e despertando seus conteudos íntimos. Trata-se menos de representar o mundo interior da mulher em cena do que criar um espaço de imersão, uma paisagem mental criada através de uma experiência meditativa e imaginativa.

 

O projeto, elaborado dentro do grupo de pesquisa CASA ABERTA, conjuga duas linhas de pesquisas: Afetos musicais e arquétipos sonoros[1] e Dramas da percepção e espaços mentais[2], respectivamente desenvolvidaspelas artistas-pesquisadoras Juliana Mota (cantora e atriz) e Maria Clara Ferrer (diretora e dramaturga), ambas professoras doutoras do curso de teatro da Universidade Federal de São João Del Rei. A dramaturgia do espetáculo nasce de uma investigação com base auto-fictícia que questiona o espaço-tempo e as formas da memória através de figuras femininas, reais e inventadas. Ao longo do  processo de criação, foi elaborado um trabalho de escrita autobiográfica batizado pelas criadoras de “Mascaras de si”, uma série de exercícios envolvendo improvisações textuais, gráficas e cênicas que buscam convocar afetos e ficcionar vivências.

[1]Estudo de potencialidades vocais a partir dos conceits de afeto e arquétipo trabalhados por Jung.

[2]Trata-se de um estudo da cena contemporânea voltado para as relações entre presença e espaço, e para possíveis conjugações entre som e imagem no teatro.