Em 2016 o grupo CASA ABERTA apresenta seu terceiro exercício cênico que recebe o título “Quintal”. Inspirado no conto Olhos d’água de Conceição Evaristo e nas canções coletadas por Mário de Andrade em suas missões folclóricas realizadas pelo interior do Brasil no início do século passado, o grupo propõe uma experiência compartilhada que traz em si um traço de ancestralidade e conexão com aquilo que chamamos arquétipos sonoros. Colocamos em cena cantos, corpos, vozes e lamentos que buscam nos religar com a experiência ancestral acumulada nas canções coletadas por Mário e na história das mulheres negras presente nas palavras de Conceição.
Quintal é a gente, eu, você e o mundo inteiro do lado de dentro, escorrendo feito cachoeira nos olhos e no coração, cantando feito passarinho ao pé do ouvido ou a plenos pulmões.
É a casa da vó, o pé de laranjeira, o cheirinho de café, a flor da erva cidreira. A rede na varanda, o galo acordando cedinho, o cantar da mãe lavando as roupas e o cafuné antes de dormir em noite fria.
É nossa semente, tronco e flor. A raiz. O território de ser.
As palavras cantadas e ditas em cena traduzem e trazem uma forma de conexão com a natureza e com os afetos. Da inspiração vinda do texto de Conceição Evaristo resta o mote que norteia a busca dos atores em cena, uma pergunta que vai martelando, martelando: "de que cor eram os olhos de minha mãe?" Memórias dos atores confundem-se com as palavras de Conceição e são invadidas pelas palavras cantadas em tantos interiores do Brasil.
A cenografia é composta por folhas secas que misturam-se à flores de papel crepom, imagem extraída de uma das memórias de festa de congado que impulsionaram o trabalho. Encontram-se ainda no espaço uma conga, garrafas de vidro transparente e alguns objetos de metal como balde, bacia e bules.
O elenco original foi composto pelos alunos de graduação em Teatro da UFSJ Filipi Diaz, Kaike Barto, Mariana Siniscarchio, Rodrigo Alcântara, Samuel Leal e William Francisco com a coordenação e direção da Profa. Dra. Juliana Mota.
