Apresentação

O curso de Engenharia Florestal da UFSJ foi criado em 2014 em Sete Lagoas, em atendimento à crescente demanda regional e nacional de formação de capital humano em nível de graduação e pós-graduação no ramo da engenharia que visa à produção de bens oriundos do manejo de áreas florestais.

O objetivo geral do curso é formar profissionais com sólidos conhecimentos teóricos e práticos nas áreas de conservação da natureza, manejo florestal, silvicultura e tecnologia de produtos florestais. E formar cidadãos responsáveis, que possuam capacidade de atuar de forma reflexiva, crítica e criativa, com responsabilidade técnica e social, tendo como princípios a sustentabilidade e o compromisso do atendimento das demandas da sociedade.

O exercício da profissão é regulamentado pela Lei nº 5.194, de 1966 e as atribuições são descritas na Resolução n.º 218, de 29 de junho de 1973, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).

O curso de Engenharia Florestal é sediado no Departamento de Engenharia Florestal (DEFLO), no Campus Sete Lagoas (CSL) da UFSJ, em período integral com duração de 5 anos (10 semestres). São oferecidas 20 vagas semestrais, totalizando 40 vagas anuais.

 

Áreas de atuação da Engenharia Florestal

Conservação da Natureza: com enfoque na recuperação de áreas degradadas (RAD) no contexto de elaboração de planos de recuperação de áreas degradadas e projetos para adequação de Reserva Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP); gestão de Unidades de Conservação (UC’s): elaboração de planos de manejo, zoneamento ambiental e programas de conservação de espécies ameaçadas de extinção; ecologia florestal; educação ambiental; valoração e pagamentos por serviços ambientais que se referem às funções desenvolvidas pelas florestas, particularmente quanto à manutenção da biodiversidade, ciclagem de nutrientes, conservação dos solos, captação de CO2 e controle e produção de água; e na avaliação de impactos ambientais. Na região de Sete Lagoas, a forte demanda no contexto do manejo de UC’s, na regularização ambiental de propriedades rurais e na recuperação de áreas degradadas por empreendimentos de mineração.

Manejo Florestal: engloba métodos de avaliação qualitativa e quantitativa de recursos florestais de florestas plantadas e de florestas naturais, através da Mensuração Florestal, Inventário Florestal, Manejo, Colheita, dentre outras, principalmente dos biomas existentes em Minas Gerais (Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga), com objetivo de promover o manejo florestal sustentável seja para fins de produção e, ou conservação. Além disso, contempla as geotecnologias, a partir da atribuição da localização geográfica nas análises, auxiliando na interpretação de resultados e na tomada de decisões.

Silvicultura: engloba conhecimentos para proteção, conservação, implantação e condução das florestas plantadas, nativas e sistemas agroflorestais, com o desenvolvimento e aprimoramento de processos de plantio e manutenção de espécies florestais nativas e plantadas. Além das áreas de melhoramento florestal, patologia florestal, sementes e viveiros florestais, dentre outras. Tendo como objetivo oferecer à sociedade bens e serviços de origem florestal de alta qualidade e baixo custo econômico, social e ambiental.

Tecnologia de Produtos Florestais: engloba os recursos florestais tais como a matéria-prima madeira e os não-madeireiros provenientes das florestas naturais e plantadas. Considera as propriedades da madeira e dos fatores que interferem nos índices de qualidade e uso da madeira; as propriedades de chapas de composição; processos tradicionais e desenvolvimento de novos processos de polpação e branqueamento; química da madeira; controle da poluição nas indústrias de celulose e papel; a madeira como fonte de energética; uso de resíduos florestais para a produção de energia. Os recursos não madeireiros englobam raízes, frutos, sementes, extrativos fitoterápicos, óleos, resinas e produção de mel atendendo a demandas do mercado alimentício, fármaco, de lazer e artesanal. Ressalta-se que Minas Gerais é o maior produtor e consumidor de carvão vegetal do País, demonstrando mais uma vez a necessidade de pesquisas e aperfeiçoamento de mão de obra nesta área como nas demais, vinculadas a Ciências Agrárias I, mais especificamente a Engenharia Florestal.

 

Importância da Engenharia Florestal no contexto local, regional e nacional

O Brasil ostenta posição de destaque, não só por deter a maior diversidade biológica  do planeta, mas, pelo extraordinário potencial para abrigar florestas plantadas. Isto acontece porque o Brasil apresenta vantagens comparativas em relação a outros países, destacando-se: enorme estoque de madeira tropical; solos e clima favoráveis; em algumas regiões disponibilidade de terras e de recursos humanos; capacidade tecnológica para plantar florestas eficientes e produtivas; e capacidade organizacional da iniciativa privada. O país apresenta 497,7 milhões de hectares (58,5% do seu território) de florestas naturais e plantadas. Sendo 488 milhões de hectares de florestas naturais e 9,9 milhões de hectares de florestas plantadas, representando, 98% e 2%, respectivamente (SFB, 2019).

O setor florestal contribui para geração de emprego e renda no país. Em 2018, as florestas plantadas totalizaram 7,83 milhões de hectares, destes 5,7 com eucalipto (72,8%), 1,6 com pinus (20,2%) e 0,55 com outras espécies (7,0%) como acácia, teca, seringueira e paricá. O setor foi responsável por 6,9% do PIB Industrial no País, com a geração de 513 mil empregos diretos. Minas Gerais concentra a maior área de plantio de eucalipto do país, cerca de 24% com 1,4 milhões de hectares, além de grandes indústrias nos segmentos de papel e celulose, movelaria e siderúrgicas (IBÁ, 2019).

A grande vantagem da atividade florestal para o desenvolvimento em nível Nacional e Regional está na possibilidade de apresentar uma função mista de atividade econômica e de prestadora de serviços ambientais, em uma sociedade em que a demanda por produtos florestais, como madeira, carvão vegetal e celulose, é crescente. A disponibilização desses produtos por meio da produção sustentada, ou seja, por meio do plantio de florestas de produção, reduz a pressão de desmatamento sobre áreas de florestas nativas. Também desempenha uma função importante no planejamento de ocupação do território, visto utilizar culturas de alta rusticidade, podendo, portanto, adaptar-se em áreas degradadas ou de menor aptidão agrícola, contribuindo para sua reabilitação produtiva.

A cidade de Sete Lagoas está totalmente inserida no contexto florestal e o curso de Engenharia Florestal é estratégico para o desenvolvimento Regional uma vez que a cidade está localizada na região central de Minas Gerais, a 72 quilômetros da capital do Estado, tendo uma área de influência de 38 municípios. A cidade está entre os 10 maiores municípios de Minas devido principalmente, pelas características de suas indústrias que estão concentradas na extração de calcário, mármore, ardósia, argila, areia e na produção de ferro gusa, que se destaca com a produção de 65% do total produzido no Estado.

Atualmente, a região possui 23 empresas siderúrgicas, além de plantios de florestas comerciais de grandes grupos multinacionais (Vallourec, ArcelorMittal, Fibria) e nacionais (Plantar). Também conta com inúmeras indústrias de extração mineral, além de diversas unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Chico Mendes Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e florestas urbanas para o atendimento de uma população de aproximadamente 240 mil habitantes. Desta forma, o curso de Engenharia Florestal vem de encontro com a demanda da sociedade, sobretudo da região central de Minas Gerais.

Parte das florestas naturais estão em Unidades de Conservação (UC’s) de proteção integral e de uso sustentável, sendo 75,5 milhões de hectares de unidades de conservação federal e 75,3 milhões de hectares de unidades de conservação estadual. Em Minas Gerais, a primeira área estadual protegida foi o Parque do Rio Doce, criado em 1944, para proteger remanescentes de Mata Atlântica. Atualmente, o estado apresenta florestas naturais protegidas na forma de: Parques Estaduais, Florestas Estaduais, Estações Ecológicas, Monumento Natural, Áreas de Proteção Ambiental, Refúgios da Vida Silvestre, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Particular de Patrimônio Natural, Parques Nacionais em Minas Gerais. Em Sete Lagoas tem-se o Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, Parque da Cascata, entre outros.

Nos últimos anos, a demanda brasileira por ações de recuperação de áreas degradadas (RAD) sofreu um aumento expressivo, destacando-se: o compromisso firmado pelo governo brasileiro, no Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, de promover a restauração ecológica em 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030; a publicação da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei Federal no 12.651/2012 – Novo Código Florestal), e seu respectivo decreto, que estabeleceu o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA), cuja finalidade principal consiste na viabilização da restauração ecológica em Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), em propriedades rurais cuja finalidade de conservação da biodiversidade não esteja sendo cumprida. No contexto do CAR/PRA, estima-se que o passivo de adequação ambiental totalize 21 milhões de hectares de APP e de RL em todo o país (SOARES-FILHO et al., 2014). Mesmo considerando que a Lei de Proteção da Vegetação Nativa possibilite que uma parcela deste total possa ser compensada por meio da manutenção de “excedentes” de remanescentes nativos em outras propriedades rurais, ainda assim, há um grande volume de áreas passíveis de ações de restauração ecológica, evidenciando a demanda por profissionais formados em Engenharia Florestal.

Referências

IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores. Relatório IBA 2019: Ano base 2018. São Paulo. 2017.

SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO - SFB. Boletim SNIF 2019 (Sistema Nacional de Informações Florestais), Disponível em: < http://snif.florestal.gov.br/pt-br/conhecendo-sobreflorestas>.

SOARES-FILHO, B. et al. Cracking Brazil’s Forest Code. Science, v. 344, p. 363-364, 2014.

 

Coordenação do Curso de Engenharia Florestal

Universidade Federal de São João Del Rei

Campus Sete Lagoas


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Última atualização: 17/03/2022